segunda-feira, dezembro 04, 2006

Alfredo da Rocha Viana

Alfredo da Rocha Viana (circa 1860, Rio de Janeiro RJ - 1917, Rio de Janeiro RJ), flautista e compositor, era o pai de Pixinguinha e funcionário da Companhia de Correios Telégrafos. Consta ter sido uma pessoa de grande coração, tendo acolhido muitos amigos em sua casa.

Reunia em sua casa, conhecida como a Pensão Viana, os grandes chorões da época, como Irineu de Almeida, Candinho Trombone, Viriato Figueira da Silva, Neco, Bonfiglio de Oliveira, Heitor Villa-Lobos, Quincas Laranjeiras e Mário Cavaquinho.

Abandonou sua flauta de cinco chaves por uma Boehm, que deu ao filho. Tocava de primeira vista e deixou a Pixinguinha um grande arquivo musical de choro.

"Melodioso flauta que podiase comparar com os acima descriptos. Tocava de primeira vista, a principio, na sua flauta amarella, de cinco chaves e ultimamente em uma, de novo systema. Deixou elle um grande archivo de musicas antigas e modernas que deve achar-se em poder de seu filho Pixinguinha, maestro e talentoso flauta que repercutiu as nossas glorias musicaes no Estrangeiro, e que, deixo de innumeral-as pois, que o publico conhece-a todas não só pelo Radio, como tambem em muitas festas de Chôros que se exhibem nesta Cidade Maravilhosa onde é apreciado e ovacionado pela maneira admiravel com que sabe executar o que é nosso, quero dizer com isto que é um filho que sabe honrar a tradição de seu pae no circulos dos Chorões" (Alexandre Gonçalves Pinto).

Obra

Tristezas não pagam dívidas (ou Serenata).


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Reminiscencias dos Chorões Antigos - Alexandre Gonçalves Pinto.

Vocalistas Tropicais


O conjunto vocal-instrumental Vocalistas Tropicais foi organizado em 1942, em Fortaleza CE, passando por diversas formações, até fixar-se com Nilo Xavier da Mota (Fortaleza 1922—), líder, arranjador, violonista e cantor; Arlindo Borges (Recife PE 1921—), solista de violão, Raimundo Evandro Jataí de Sousa (Fortaleza 1926—), cantor, arranjador e violeiro; Artur de Oliveira (Fortaleza 1922), cantor e afoxê; e Danúbio Barbosa Lima (Fortaleza 1921), tantã.


Atuaram na Rádio Clube do Ceará e em 1944 excursionaram pelo Maranhão, seguindo depois para Manaus AM. Em 1945 foram para o Rio de Janeiro, onde cantaram em festas, até serem contratados pela Rádio Mundial.

No ano seguinte, lançaram seu primeiro disco, pela Odeon, com o fox Papai, mamãe, você e eu (Paulo Sucupira) e Tão fácil, tão bom (Lauro Maia). Paulo Sucupira (Fortaleza 1924—) pertenceu ao conjunto, chegando a gravar vários dos primeiros discos como crooner, tendo depois abandonado o grupo.

Transferiram-se, então, para a Radio Tupi, atuando também nos cassinos cariocas, depois fechados, quando passaram a se apresentar em shows, alem de participarem de filmes.

Em 1948 lançaram pela Odeon os sucessos Exaltação a Noel (Valdemar Ressurreição) e Não manche o meu panamá (Alcibíades Nogueira). Obtiveram grande sucesso no Rio de Janeiro com músicas carnavalescas, como a marcha Jacarepaguá (Paquito, Romeu Gentil e Marino Pinto), lançada para o Carnaval de 1949; e as marchas de Paquito e Romeu Gentil Daqui não saio, para o Carnaval de 1950, e Tomara que chova, para o Carnaval de 1951, todos pela Odeon.

Também obtiveram êxito com o fox Trevo de quatro folhas (Harry Wood e Morton Dixon, versão de Nilo Sérgio), de 1949, e Não fale mal de ninguém (Dias da Cruz e Ciro Monteiro), de 1952, ambos gravados na Odeon.

Em 1953 lançaram na Continental, com o cantor Rui Rei, para as festas Juninas, a marcha Pedido a São João (Herivelto Martins e Darci Oliveira) e o baião Marieta vai (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti), gravando ainda o Samba, maestro (Alcibíades Nogueira).

No ano seguinte, lançaram em disco Continental a marcha Guarda-chuva de pobre (Raul Sampaio, Francisco Anísio e Rubens Silva) e o samba O lugar da solteira (Clemente Moniz e Guilherme Neto). Para o Carnaval de 1956 gravaram na Copacabana a marcha Turma do funil (Mirabeau, Milton de Oliveira e Urgel de Castro), desfazendo-se o conjunto por essa mesma época.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Victor Bacelar

Victor Bacelar, cantor, nasceu em 28/7/1911, em Salvador (BA) e faleceu no Rio de Janeiro em 10/6/2005. Seu maior privilégio é o de ter sido o primeiro cantor baiano a vir para o Rio de Janeiro e daqui projetar a Bahia no cenário radiofônico nacional; isto no ano de 1932.

Contratado pela Rádio Mayrink Veiga para atuar ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva, Carmen Miranda, Sílvio Caldas e outros nomes famosos, Victor logo ascendeu a fama.

A Mayrink era na época, a emissora de maior audiência do país e César Ladeira, seu principal apresentador, anunciava Victor Bacelar como "A voz de ouro que a bahia nos mandou de presente!".

A seguir vieram os contratos nas Rádios Nacional, Tupi, Transmissora e Globo e apresentações nos shows de gala dos extintos cassinos da Urca e de Icaraí onde dividiu o palco com grandes astros internacionais como : Pedro Vargas, Tito Guizar e Afonso Ortiz Tirado.

Suas primeiras gravações em disco foram na RCA Victor e as demais na Odeon, Columbia (Atual Sony), Continental, Copacabana, Mocambo, Sinter (Atual Philips) e Caravelle. Das inúmeras gravações em LPs, compacto e 78 rotações, várias tornaram-se sucesso: Miss Brasil, de Wilson Batista e Jorge de Castro (Marcha em homenagem a Marta Rocha, a baiana eleita miss Brasil em 1954), Não sei se é castigo, de Heitor dos Prazeres, O grito de uma raça, que fez parte da trilha sonora do filme Rio Zona Norte, um clássico do cinema nacional, Valsa da formatura, de Lamartine Babo e José Maria de Abreu.

Sua última gravação foi Namorado da Lua de autoria de Geraldo Nunes, Miguel Lima e Alvimar Leal em disco Caravelle em 1963. Embora sempre gravando composições de autores famosos: Ataulfo Alves, Lamartine Babo, Heitor dos Prazeres, Jose Maria de Abreu, Jair Amorim, Peter Pan, Kid Pepe e outros, Victor também lançou novos compositores que mais tarde viriam a se consagrar, dentre eles Nelson Cavaquinho e Adelino Moreira, cujo primeiro sucesso foi o samba-canção Meu Castigo de parceria com Ari Vieira gravado por Victor Bacelar na década de 50.

Fonte: Collector's

Violeta Cavalcanti



Violeta Cavalcanti, cantora, nasceu em 1/7/1923, em Manaus, Amazonas. Foi para o Rio de Janeiro, juntamente com a família, aos 9 anos. Estudava na Escola Paraná, no bairro carioca de Madureira, quando, com apenas 10 anos, conheceu Heitor Villa-Lobos, sendo selecionada pelo maestro para cantar no Conjunto Orfeônico Infantil organizado por ele, integrado por crianças das escolas públicas da capital, onde se apresentou no Teatro Municipal.


Em 1940, com apenas 14 anos, participou do programa de calouros de Ary Barroso, onde se apresentou cantando O samba e o tango, um sucesso de Carmen Miranda, cantora de quem era fã. A interpretação impecável, sem imitar Carmen, lhe garantiu o primeiro lugar, contestado pelo próprio Ary Barroso, que afirmou: "Ganhou, mas não leva. Você já é herdeira de Carmen Miranda, portanto, profissional, e o prêmio é para calouros." Foi grande a dificuldade para convencer Ary Barroso de que aquela era a primeira vez que a moça se apresentava no rádio.

A ida de Carmen Miranda para os Estados Unidos favoreceu o início de sua carreira no rádio, onde a jovem passou a cantar os sucessos da "Pequena Notável", compensando o espaço deixado e a saudade dos fãs de Carmen.

Trabalhou nas Rádios Tupi, Educadora, Ipanema, onde assinou seu primeiro contrato, consagrando-se principalmente pela interpretação original de Camisa listrada, outro sucesso de Carmen, de autoria de Assis Valente.

Gravou o primeiro disco em 1940, com Vou sair de Pai João, marcha de J. Cascata e Leonel Azevedo e Pulo do gato, de J. Cascata e Correia da Silva pela Victor. Assinou contrato com a Rádio Nacional em 1941, onde permaneceu até 1957.

Em 1955, fez sucesso com o samba-canção Cartas, composição de Antônio Maria, gravado pela Odeon, com arranjos do então jovem maestro Tom Jobim. Destacou-se como intérprete das canções de Dorival Caymmi, com destaque para o samba-canção Só louco, gravado em 1956 na Odeon. O maior sucesso veio com o samba "Fita meus olhos", de Peterpan, gravado no mesmo ano pela Odeon.

Abandonou a carreira em 1957, para casar-se. Depois de longo afastamento da vida artística, convidada por Albino Pinheiro para shows da série "Seis e meia", retomou a carreira 20 anos mais tarde, incentivada por Paulinho da Viola, se apresenando no projeto ao lado de Paulinho.

Em 1987, passou a integrar o grupo vocal As Cantoras do Rádio, juntamente com Nora Ney, Rosita Gonzalez, Zezé Gonzaga, Ellen de Lima, Carmélia Alves e Ademilde Fonseca. Gravou com outros cantores os Lps Velhos sambas - velhos bambas, Vols. 1 e 2 e Ary Barroso - 90 anos, em 1992, ambos editados pela Fenab.


No fim da década de 1980 e início da de 1990, com As Cantoras do Rádio, gravou dois CDs e fez vários shows pelo Brasil. Participou ainda em 1988 do LP duplo Há sempre um nome de mulher, produzido por Ricardo Cravo Albin e que alcançou a tiragem de 600 mil cópias, em benefício da Campanha do Aleitamento Materno (LBA/ Banco do Brasil).

Em 13 de junho de 2001, estreou, ao lado de Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima o show As Cantoras do Rádio: Estão voltando as flores, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, no Teatro-Café Arena, em Copacabana, no Rio. Nesse show, Violeta personificava Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, Nora Ney e Dalva de Oliveira, cantando alguns dos sucessos que marcaram as carreiras dessas cantoras, como Mulata Assanhada (Ataulfo Alves) e Não me diga adeus ( Paquito/ L. Soberano/ J.C. Silva).


Fontes: Cantoras do Brasil - Violeta Cavalcanti; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Chacrinha


Chacrinha (1917-1988), nome pelo qual o irreverente comunicador pernambucano Abelardo Barbosa de Medeiros ficou conhecido a partir da década de 1940, quando, entediado com a mesmice da programação de rádio da época, criou um programa de Carnaval para a Rádio Clube de Niterói, instalada em uma chácara próxima ao cassino de Icaraí, chamado Rei Momo na Chacrinha.

A idéia foi o maior sucesso e, com o nome de Cassino do Chacrinha, introduziu o conceito de programa de auditório no país. Fez também um grande sucesso na televisão, onde começou a trabalhar desde os seus primórdios, comandando programas como Rancho Alegre e Discoteca do Chacrinha para a TV Tupi e a Rede Globo.

Com roupas espalhafatosas, a sua inseparável buzina e as sensuais chacretes (nome com o qual batizou suas dançarinas), atraiu também o interesse da intelectualidade, particularmente dos tropicalistas, que viam nele uma das mais perfeitas traduções da brasilidade (é citado, por exemplo, em Aquele abraço, de Gilberto Gil).

Quando morreu, uma multidão, calculada em 30 mil pessoas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, se apertou pelos corredores do Cemitério São João Batista para se despedir do “Velho Guerreiro”.

Em 1997, sua viúva, Florinda Barbosa, lançou a biografia Quem não se comunica se trumbica, assim titulado em referência a um dos inúmeros bordões criados por Chacrinha.