sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Marisa Gata Mansa


Marisa Gata Mansa (Marisa Vertullo Brandão), cantora, nasceu em 27/04/1933 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 09/01/2003. Começou cantando jazz, como crooner de orquestra.

Nos anos 50, graças à sua ligação com Dolores Duran e um namoro com João Gilberto, aproximou-se do movimento da bossa nova, gravando em seu primeiro 78 rotações, de 1953, uma música de João Gilberto e Russo do Pandeiro (Você esteve com meu bem).

Fez teatro em São Paulo nos anos 60 e, de volta ao Rio de Janeiro, trabalhou em boates e casas noturnas. Depois de um intervalo de quase 20 anos sem lançar um disco, gravou em 1997 o CD Encontro com Antônio Maria, com músicas do compositor. Também homenageou a amiga Dolores em show.

Entre seus maiores sucessos estão Viagem (João de Aquino/ P.C. Pinheiro), Leva-me Contigo (Dolores Duran), Tudo acabado (J. Piedade/ Oswaldo Martins), Leopardo (Vital Lima) e Caçador de mim (Luiz Carlos Sá/ Sérgio Magrão).


Fontes: CliqueMusic; Redação Terra.

Maria Toledo


Maria Toledo (Maria Helena de Toledo), cantora e compositora, nasceu em Belo Horizonte - MG em 30/6/1937. Iniciou a carreira aos dez anos, cantando em dupla com a irmã, Rosana Toledo, no programa Gurilândia, de Rômulo Pais, na Rádio Guarani, de Belo Horizonte.


Em 1951, a dupla desfez-se, quando se mudou para o Rio de Janeiro RJ, e só reapareceu em 1959, na TV Itacolomi, de Belo Horizonte, no programa Uma Voz ao Longe. Sua primeira gravação foi Me leva pra longe (com Luiz Bonfá), na RCA, em 1960. Entre seus parceiros, destacam-se Baden Powell, Chico Feitosa e Geraldo Vespar.

Casada com Luis Bonfá, viajou em 1962 para os EUA, onde gravou três LPs: Maria Toledo sings Bonfá, na etiqueta United Artist, em 1962; Jazz Samba Encore, cantando em português, acompanhada por Stan Getz, na Verve, em 1963; e Braziliana, com Luis Bonfá e o norte-americano Bob Scott, em 1965.

No ano seguinte participou do 1 FIC, da TV-Rio, do Rio de Janeiro RJ, com Dia das rosas (com Luís Bonfá), cantada por Maysa e classificada em terceiro lugar. Em 1967, no II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, apresentou duas musicas: Vem comigo cantar e Amada, canta (ambas com Luis Bonfá).


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Quinteto Violado

Quinteto Violado - Conjunto instrumental-vocal organizado em 1970, em Recife PE, que se caracteriza pela interpretação de músicas nordestinas e a realização de pesquisas sobre o folclore brasileiro.

Inicialmente formado por Toinho (Antônio Alves, Garanhuns PE 1943), canto e baixo acústico; Marcelo (Marcelo de Vasconcelos Cavalcante Melo, Campina Grande PB 1946), canto, viola e violão; Fernando Filizola (Limoeiro PE 1947); Luciano (Luciano Lira Pimentel, Limoeiro PE 1941), percussão, e Sando (Alexandre Johnson dos Anjos, Garanhuns, 1959), flautista, na década de 1990 passou a ser integrado por Toinho, baixo acústico, compositor, cantor e diretor musical do conjunto; Marcelo, violonista, violeiro, cantor e compositor; Ciano (Luciano Alves, Garanhuns PE 1959); Roberto Menescal (Roberto Menescal Alves Medeiros, Garanhuns PE 1964), cantor e percussionista; e o tecladista e arranjador Dudu (Eduardo de Carvalho Alves, Recife PE 1970).

Apresentou-se pela primeira vez, ainda sem a denominação que o tornou famoso, em janeiro de 1970, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco. Em outubro de 1971, quando se apresentou no Teatro da Nova Jerusalém (Fazenda Nova PE), seus integrantes foram chamados de "os violados", nascendo dai o Quinteto Violado. Gilberto Gil os apresentou ao produtor Roberto Santana, da Phonogram, e o aparecimento do conjunto foi exaltado por Caetano Veloso.

Em 1972 apresentou-se em São Paulo e lançou o primeiro LP, Quinteto Violado em concerto, pela Philips, que incluía Asa branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira). O disco foi lançado no Japão, com o titulo Asa Branca. Ainda em 1972 fez temporada na boate Monsieur Pujol e no restaurante Di Monaco, no Rio de Janeiro, e no Teatro Vila Velha, de Salvador BA, seguindo-se atuação no show O Anjo Guerreiro contra as baronesas, em Recife.

Com o produtor Marcus Pereira, participou da pesquisa e posterior gravação da serie de quatro discos Musica Popular do Nordeste (1973), depois reeditados em CD. Por sua participação na pesquisa musical, arranjos e produção da serie, recebeu os prêmios Noel Rosa e Estácio de Sá, este do MIS, do Rio de Janeiro.

Ainda em 1973 gravou o disco Berra Boi (Philips). No ano seguinte montou o show A feira, que lançou Elba Ramalho e foi gravado em LP pela Philips, iniciando também circuito de concertos de música nordestina nas universidades brasileiras.

Em 1975 montou o espetáculo Folguedo (lançado em disco pela Philips), apresentado no adro do Mosteiro de São Bento, de Olinda PE. O grupo participou ainda do MIDEM, na França, e do Encontro Latino-Americano de Turismo, em Trujillo, Peru.

Entre 1977 e 1978 realizou 97 concertos-aula destinados a alunos da rede oficial de ensino de Pernambuco. Realizou varias montagens de grande sucesso: Missa do vaqueiro (1976), Antologia do baião (1977), Até a Amazônia (1978), Pilogamia do baião (1979), o infantil O rei e o jardineiro (1981), Notícias do Brasil (1982), Kuire (1987) e História do Brasil (1987), todos gravados em LPs e depois reeditados em CDs.

Além desses, gravou os LPs Desafio (Independente,1981), Coisas que o Lua canta (Continental, 1983; CD Philips), Ilhas de Cabo Verde (Mato, 1988), Algaroba (RGE, 1993), entre outros.

Foi de grande importância sua participação na animação do Carnaval do Recife, com apresentações no Bloco Azul, a partir de 1977, sendo em parte responsável pela volta do "Carnaval Participação" às ruas. Em 1995 produziu e gravou a trilha sonora do filme Corisco e Dadá, dirigido por Rosemberg Cariry.

Ao comemorar 25 anos de atividades, em 1997, o conjunto somou em seu currículo: 30 discos lançados no Brasil e seis outros no exterior; dez viagens internacionais; duas premiações no MPB Shell (1980 e 1981), no Rio de Janeiro e três Prêmios Sharp de Música (1993, 1994 e 1996).

Em 1996 o grupo montou o espetáculo 25 anos não são 25 dias, na concha acústica da UFPE, reunindo antigos e novos componentes do cenário musical nordestino e, em 1997, foi criada a Fundação Quinteto Violado, com o objetivo de dar apoio a promoções culturais.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha

João Donato


Quando se fala em bossa nova, qual é o primeiro nome que lhe vem à cabeça? Depois de João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, na certa a enorme maioria vai pensar em Carlos Lyra, Johnny Alf, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli. Poucos se lembrarão de João Donato.


No entanto, seja ele, talvez, o grande precursor do movimento. Quando João Gilberto surge no divisor de águas Chega de saudade, muitos especialistas viram naquela nova batida de violão os ecos do acordeão de Donato. Embora soasse mais organizada e compacta que os sons que se ouviam nas jam sessions da boate Plaza (na qual Donato era a atração maior), a nova musicalidade estava impregnada de referências sonoras que evocavam o estilo do João menos conhecido.

Nas palavras do irmão e parceiro Lysias Ênio, Donato sequer chegou a fazer parte da bossa nova. Foi, no máximo, o responsável pela "inseminação artificial". Sempre dentro de tudo o que estivesse relacionado ao movimento bossanovista, esteve ao mesmo tempo fora dele. Não importava o que estivesse tocando: acordeão, piano ou trombone, qualquer que fosse o instrumento ou o gênero musical, Donato sempre tocava para si próprio, o que levava à loucura os contrabaixistas e bateristas que se esforçavam para acompanhá-lo.

Quando conheceu pessoalmente João Gilberto, no início dos anos 50, Donato era um músico mais evoluído e já possuía a fama de excêntrico. Tornaram-se amigos inseparáveis, já que as afinidades não ficavam apenas no plano musical; tinham também o mesmo comportamento imprevisível e anti-social. Juntos, faziam visitas periódicas ao Instituto Pinel, em Botafogo, só para observarem os loucos. Sabe-se lá por que faziam programas do tipo, mas a verdade é que por estarem sempre juntos acabaram acentuando suas esquisitices e, mais importante, suas experiências musicais. Pode-se dizer que o encontro dos dois Joões foi de extrema importância para os rumos que a música brasileira tomaria nos anos subsequentes.

João Donato de Oliveira Neto nasceu em Rio Branco, Acre, em 17 de agosto de 1934, mas passou a infância e a adolescência nas praias do Rio de Janeiro. Tinha uma relação sufocante com o pai, um rigoroso major da aeronáutica sempre pronto a castigar o garoto a cada nota baixa na escola. Aluno relapso e indisciplinado, Donato repetiu quatro vezes o ginásio, até decidir abandonar de vez os estudos, em 1949.

Para ficar o maior tempo possível longe de casa, passou a andar com os amigos músicos, que freqüentavam diariamente os bares cariocas onde se tocava violão e conversava sobre música. Nessa época o menino já tocava muito bem o acordeão. Seu refúgio era o lendário Sinatra-Farney Fan Club, localizado no porão da casa de uma amiga cantora, na Tijuca. O espaço teve apenas 17 meses de vida, - de fevereiro de 49 a julho de 50 - mas nesse tempo comportou músicos extraordinários, todos eles meninos que não ultrapassavam os dezesseis anos de idade.

A lenda que se criou ao redor do Fan Club compara-o ao Minton's, na rua 118, em Nova York - onde todos os gênios do be-bop se formariam. Mas o Sinatra-Farney não era um clube noturno, de ambiente enfumaçado e tilintar de copos. A polícia e a vizinhança não deixavam que o som passasse das dez da noite e, embora já fossem pequenos aspirantes à boêmios profissionais, os garotos estavam apenas começando a conhecer o mundo.

Romantismo à parte, o clube foi sim uma verdadeira escola para aquela geração que mais tarde viria a criar a bossa nova. Passaram por lá gente como Johny Alf, Paulo Moura, Nora Ney, Dóris Monteiro e o próprio João Donato. Além de serem músicos e/ou cantores (requisito básico para serem aceitos no clube), eram fãs de carteirinha dos crooners Dick Farney e Frank Sinatra, que eram reverenciados durante as sessões de música. No porão havia um velho piano (a primeira paixão de Johny Alf) que acompanhava o acordeão de Donato.

Inspirado no acordeonista americano Ernie Felicce, aos quinze anos de idade Donato já tocava melhor que seu ídolo. O primeiro grupo que integrou chamava-se Os Modernistas, do qual ele era o arranjador. Muitos shows acabaram não acontecendo por causa de seus súbitos desaparecimentos. Como ele era o líder do grupo, sem a presença do acordeão os shows e bailes tinham de ser cancelados.

Começava aí sua fama de indisciplinado; no fundo, era um músico tão auto-suficiente que se dava o luxo de cometer pequenas irresponsabilidades, como ficar conversando sobre jazz com o primeiro que lhe desse corda - e varar a noite, deixando de lado os compromissos "profissionais". O grupo não teve vida longa. Mais tarde, funda um outro grupo, com quase a mesma formação. Com o nome de Os Namorados, gravaram em 1953 uma nova versão para Eu Quero um Samba, sucesso na voz de Lúcio Alves.

Devido ao arranjo de Donato, a nova versão conseguiu ficar ainda melhor do que a original. Foi o seu primeiro cartão de visitas. Neste novo registro, os baixos de seu acordeão quebravam o ritmo com uma avalanche de síncopes, produzindo uma batida de efeito desconcertante, que antecipava a do violão de João Gilberto, cinco anos antes de Chega de Saudade. Era tão "moderno" que na época ninguém entendeu nada. E eles não emplacaram de novo.

Só a partir de 1954 começou a ter empregos mais ou menos fixos. Tocou na Cantina do César junto com Johny Alf. A casa começou a ser freqüentada por um público fiel interessado em jazz. O modesto prestígio entre os fregueses da cantina fez com que fosse convidado, em 1957, para tocar na boate do Hotel Plaza.

Quando Donato chega, ele se torna o responsável por fazer do local um reduto de músicos. Tocava-se de tudo na boate do Plaza, de jazz à baião. Só que Donato transfigurava o baião a tal ponto que, se Luiz Gonzaga entrasse lá por acaso, não seria capaz de reconhecer o ritmo que ajudou a criar.

Foi uma época de efervescência musical que durou até 1958, quando ele se tornou o músico mais respeitado do Rio. E, infelizmente, o menos confiável. Apesar de estar frequentemente sendo chamado para todo o tipo de eventos envolvendo música, ele continua faltando quando não estava disposto a ir. Diziam que João Donato era indeciso e dispersivo porque ainda não havia decidido qual instrumento queria tocar. Oscilava entre o acordeão, o piano e o trombone.

Um dia ele tomou todas no final de um baile e alguém roubou seu acordeão. Só então que, desmotivado a comprar outro, ele optou pelo piano. Em 59, ninguém mais queria saber de chamar João Donato para nada. Passou a ter dificuldades até para tocar de graça. A medida que evoluía como instrumentista e arranjador, ampliava sua fama de maluco e irresponsável. Faltas, atrasos e excesso de aditivos acabaram tornando-o persona non grata nas casas de show do Rio de Janeiro.

Sem emprego, se mandou para os Estados Unidos a convite do músico Nanai, que o chamou para uma temporada. Acabou ficando treze anos. Sua estadia na Califórnia marca o início de uma pequena revolução jazzística da qual ele foi participante ativo. Donato simplesmente conseguiu o que nunca pode fazer no Brasil: reincorporar a musicalidade afro-cubana ao jazz.

Adotado por "cobras" do gênero latino como os cubanos Tito Puente, Mongo Santamaria e Johny Rodrigues e os americanos Herbbie Mann e Eddie Palmieri, João Donato abriu caminho para que, mais tarde, João Gilberto e Tom Jobim fizessem o enorme sucesso que até hoje perdura no exterior.

No meio de todas aquelas congas, timbales e bongôs característicos do latin jazz, Donato encontrou finalmente o que procurara a vida toda no Rio: a possibilidade de rachar os sopros e incluir harmonias mais herméticas ao piano. Em breve, aqueles que um dia foram seus ídolos estavam incluindo em seus repertórios Amazonas, A Rã e Cadê Jodel?, composições de Donato que se tornariam standards do que viria a ser chamado de funky.

Logo faria seus discos na Pacific Records e teria seu songbook gravado por outros jazzistas. Seu grande disco na fase americana foi A Bad Donato, uma infernal cacofonia free-jazzística com poderosa percussão afro-cubana. A melhor faixa: The Frog.

Ao voltar para o Brasil, João Donato reencontrou-se com a música brasileira, mas não abandonou sua paixão pela fusão entre jazz e ritmos caribenhos. Estabeleceu-se como arranjador, participou de discos de Gal Costa, Gilberto Gil e uma infinidade de outros grandes nomes, compôs com eles e continuou a se apresentar em casas de jazz no circuito Rio - São Paulo.

Um músico que sempre pairou sobre tudo o que se fez em música brasileira a partir dos anos 50 e que, devido à sua mania de reclusão, ainda não se deixou (ou não deixaram, quem sabe) conhecer devidamente.

Algumas músicas











Fonte: Correio Popular (Campinas, outubro de 2000).

Irmãs Galvão

Irmãs Galvão - Dupla sertaneja formada por Mary Zuil Galvão (Ourinhos SP 1940-) e Marilene Galvão (Palmital SP 1942-). Mary toca sanfona; Marilene, viola e violão. Incentivadas pelos pais, formaram a dupla em julho de 1947, em Sapesal SP.


Apresentaram-se depois na Rádio Paraguaçu Paulista, em programa de auditório, já com grande sucesso. No ano seguinte, cantaram na Rádio Difusora, de Assis SP, no programa Pinguinho de Gente.

Em 1952 viajaram para São Paulo SP com os pais. O pai inscreveu a dupla no programa Tenda do Salomão, na Rádio Piratininga. Depois passaram para o programa Torre de Babel, da Rádio Piratininga, ao lado de artistas famosos como Nelson Gonçalves e Dolores Duran. Contratada pela Rádio Nacional, a dupla apresentou-se no programa Ronda dos Bairros.

Em 1954 estrearam na Rádio Bandeirantes, no programa Serra da Mantiqueira, com o Comendador Biguá e Capitão Barduíno. Seus primeiros discos 78 rpm foram gravados em 1957 e 1958, na RCA Victor.

Em 1959 foram contratadas pela Chantecler, na qual gravaram seu primeiro LP, além de alguns discos 78 rpm. É a mais antiga dupla sertaneja feminina em atividade no Brasil. Comemorou seus 50 anos de carreira com um show no parque da Água Branca, em São Paulo, com a presença de 6 mil pessoas, sendo homenageadas por Sula Miranda, Cézar e Paulinho, Tinoco e Tinoquinho, entre outros.

Em sua longa carreira - até 1997, 22 LPs, 10 rpm e 3 CDs (destaque para Lembranças, pela Warner) -, tiveram vários sucessos, como o disco Olhos de Deus, pela Continental East West, que inclui a moda-de-viola Rei do gado (Teddy Vieira), o bolero Pedaço de mim (Elias Muniz), a toada Cheiro de relva (Zé Fortuna e Dino Franco) e o pagode As três maravilhas (Moacir dos Santos e Paraíso), além da faixa-título, o balanço Olhos de Deus (Fátima Leão). Fizeram sucesso ainda com o "rock-pira" Coração laçador (Carlos Puppy) e a guarânia Pedacinhos (Carlos Randall).

A dupla recebeu Disco de Ouro em 1986, com No calor dos teus abraços, lambada de Cecílio Nena e Nicéia Drummond. Em 1994 recebeu o Prêmio Sharp de melhor dupla sertaneja. CDs: Lembranças, 1992, Warner 177642-2; Olhos de Deus, 1996, Continental 063015833-2.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Ed., 1977. 3p.

Na sombra de uma árvore

Na Sombra de Uma Árvore (1975) - Hyldon - Intérprete: Hyldon

LP Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda / Título da música: Na Sombra de Uma Árvore / Hyldon (Compositor) / Hyldon (Intérprete) / Gravadora: Polydor / Ano: 1975 / Nº Álbum: 2451 059 / Lado A / Faixa 2 / Gênero musical: Canção.


Tom : G
 G                         Dm7
Larga de ser boba e vem comigo
G                                     Dm7
existe um mundo novo e quero lhe mostrar
Bm                            A
que não se aprende em nenhum livro
A7                D7
basta ter coragem pra? se libertar
D/C     Dm7    D7
viver, sonhar ... ar

G                           Dm7
De que valem as luzes da cidade
G                              Dm7
se no meu caminho a luz é natural
Bm                          A
descansar na sombra de uma árvore
A7     D7         G      G7
ouvindo pássaros cantar,  cantar  oh
la-la-la-la   la-la-la-la

la-la-la-la   la-la

la-la-la-la   la-la-la-la

la-la-la-la   la-la

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Noite Ilustrada


Noite Ilustrada (Mário Sousa Marques Filho), cantor, compositor e instrumentista, nasceu em Pirapetinga MG em 10/4/1928. Começou a carreira artística como violonista na revista musical Noite ilustrada, apresentada por Zé Trindade, que estreou em Além Paraíba MG. O apelido foi dado por Zé Trindade, nessa época.


Radicado no Rio de Janeiro, foi integrante do G.R.E.S. da Portela, escola de samba com a qual se apresentou em São Paulo, em 1955. Depois das apresentações ficou nessa cidade, trabalhando nas boates Captain’s Bar e Meninão.

Em 1958 foi contratado pela Rádio Nacional e pela TV Paulista, e gravou o primeiro disco, pela Mocambo, cantando Cara de boboca (Jaime Silva e Edmundo Andrade). Gravou pela Philips os seguintes LPs: O ilustre, em 1962, com Toalha de mesa (Dora Lopes, Carminha Mascarenhas e Chumbo); Noite Ilustrada, em 1963, com Volta por cima (Paulo Vanzolini), seu maior sucesso; Noite no Rio, em 1964, com A flor e o espinho (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha); e Caminhando, em 1965, com O neguinho e a senhorita (Noel Rosa de Oliveira e Abelardo da Silva).

Em 1966, lançou pela Odeon o LP Depois do Carnaval, com destaque para a faixa-título (Jorge Costa e Paulo Roberto); e, desde então, passou a gravar pela Continental, lançando, em 1969, Noite Ilustrada, com Sim (Cartola e Osvaldo Martins); em 1970, Samba sem problemas, com Barracão (Luís Antônio e Oldemar Magalhães), em 1971, Noite Ilustrada, com Balada número 7- Mané Garrincha (Alberto Luís); em 1972, Noite interpreta Marques Filho, com Recado do mestre, entre outras; em 1974, Samba sem hora marcada, com Eu, você e Mangueira (Jorge Costa); e, em 1978, Não me deixe só.

Em 1981 lançou pela Warner o LP 0 fino do samba. No período entre 1984 e 1994 morou em Recife PE, e gravou, pela Polydisc, quatro LPs reunindo músicas novas e antigos sucessos.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Synval Silva

Synval Silva (Sinval Machado da Silva), compositor, nasceu em Juiz de Fora-MG em 14/03/1911 e faleceu no Rio de Janeiro em 14/04/1994. Filho de um clarinetista da Banda Euterpe Mineira, de Juiz de Fora, aprendeu a tocar viola ouvindo as aulas dadas por um professor ao seu irmão.

Muito cedo começou a tocar em festas na cidade natal. Ainda menino, tornou se mecânico de automóvel, trabalhando depois como motorista. Em 1927, compôs sua primeira música, a valsa Lua de prata, que não chegou a ser gravada. Três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no morro da Formiga. Através de Norival Pandeiro, já em 1931 passou a fazer parte do regional Good-Bye, da Rádio Mayrink Veiga, e, pouco depois, conheceu Assis Valente, que o apresentou a Carmen Miranda.

A pedido da cantora, que lhe prometeu um conto por uma música falando em mulato de samba, compôs Alvorada e Ao voltar do samba, gravados por Carmen Miranda, pela Victor, em 1934. Com o grande sucesso alcançado pela segunda composição, a cantora lhe fez novo desafio: dois contos se lhe entregasse outro samba que atingisse pelo menos a metade do sucesso do anterior. Compôs, então, o samba Coração, gravado em 1935, no mesmo selo e pela mesma intérprete, com enorme êxito.

Novamente ela lhe fez outra oferta: três contos se lhe desse outra musica, resultando então o samba Adeus batucada, gravado sob selo Odeon, no mesmo ano, que se tornou grande sucesso e prefixo musical dos programas de Carmen Miranda. Dessa forma, transformou-se no compositor predileto da cantora, tendo tido a maior parte de sua obra gravada por ela.

Em 1936 Aurora Miranda gravou pela Odeon duas músicas de sua autoria, a marcha Amor! amor e o samba Moreno. Em 1937, Carmen Miranda lançou pela mesma etiqueta mais dois sambas seus: Saudade de você e Gente bamba, e, durante o final da década de 1930 e por toda a década de 1940, destacou-se com vários sucessos, gravados pelos intérprete da moda — em 1938, Orlando Silva lançou o samba Agora é tarde, em selo Victor, Odete Amaral gravou pela mesma etiqueta o samba Alma de um povo (com Amado Regis) e o Trio de Ouro registrou em disco Odeon o samba Madalena se zangou (com Ubenor Santos); em 1939, pela Odeon, Carmen Miranda gravou o samba Amor ideal e a marcha Nosso amor não foi assim.

Fundou, em 1940, o G.R.E.S. Império da Tijuca e compôs o samba Sandália de cetim para a escola. Em 1942, Ciro Monteiro lançou em disco Victor o samba Fonte de amor; em 1944, o mesmo cantor gravou, pela Victor, o samba Crioulo sambista (com Nelson Trigueiro) e, em 1945, também para a mesma gravadora, interpretou Pra minha morena; em 1946, o Trio de Ouro lançou pela Odeon o samba Negro artilheiro; e, em 1947, o samba Geme, negro (com Ataulfo Alves) foi gravado pelo parceiro, sob selo Victor.

Visitou Carmen Miranda nos EUA, em 1950, permanecendo lá por quatro meses. Só em 1973 gravaria um LP para a RCA (na série Documento), incluindo sete músicas antigas e mais Amor e desencontro (com Marilene Amaral). Sócio fundador da ABCA, da UBC e da SBACEM, gravou seu depoimento para o MIS, do Rio de Janeiro, recebendo do mesmo em 1971 o título de Bacharel em Samba, com direito a diploma e anel. Foi o autor do samba-enredo As minas de prata (com Mauro Afonso e Jorge Melodia), com o qual a Império da Tijuca desfilou em 1974.

Obras

Adeus, batucada, samba, 1935; Ao voltar do samba, samba, 1934; Coração, samba, 1935; Gente bamba, samba, 1937; As minas de prata (c/Mauro Afonso e Jorge Melodia), samba-enredo, 1974; Moreno, samba 1936; Sandália de cetim, samba, 1940.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Hyldon

Hyldon (Hyldon de Souza Silva), cantor, violonista e compositor, nasceu na Bahia em 17/04/1951. Um dos grandes representantes da soul music brasileira (ao lado de Tim Maia e Cassiano), tocou com os Diagonais (de Cassiano), Wilson Simonal, Tony Tornado e Tim Maia (de quem foi parceiro) e produziu discos de Jerry Adriani , Erasmo Carlos e Odair José.

Teve seu primeiro e maior sucesso em 1975, com a balada Na rua, na chuva, na fazenda, título de seu primeiro disco, que ainda estourou Na sombra de uma árvore e As dores do mundo.

Gravou "Deus, a natureza e o amor" em 1976, sem conseguir repetir o êxito. Hyldon voltou à luz nos anos 90 através do interesse de bandas como o Kid Abelha, que regravou Na chuva e do Jota Quest, que fez o mesmo com As dores do mundo.

Geraldo Vandré


Geraldo Vandré (Geraldo Pedrosa de Araújo Dias) nasceu em João Pessoa-PB em 12 de Setembro de 1935. Apresentou-se num programa de calouros na Rádio Tabajara de João Pessoa quando tinha 14 anos. Em Nazaré da Mata, onde cursava o ginásio em internato, participou de alguns shows organizados para as missões.


Foi para o Rio de Janeiro em 1951, e nesse mesmo ano se apresentou no programa de calouros de César da Alencar, no qual foi desclassificado. Aproximou-se então de Ed Lincoln, que nessa época tocava com Luís Eça, na boate do Hotel Plaza, tentando cantar nos intervalos das apresentações.

Em 1955, com o pseudônimo de Carlos Dias, defendeu a canção Menina (Carlos Lyra) num concurso musical promovido pela TV-Rio. Mais tarde, o encontro com o folclorista Waldemar Henrique abriu-lhe a oportunidade de se apresentar no programa da Rádio Roquete Pinto, usando o nome Vandré, que resultou da abreviatura do nome do pai, José Vandregísilo.

Cursou a Faculdade de Direito, do Rio de Janeiro, época em que participou do Centro Popular de Cultura, da extinta União Nacional dos Estudantes, onde conheceu seu primeiro parceiro, Carlos Lyra. Passou então a interessar-se mais pela composição, abandonando a ideia de tornar-se cantor.

Fez a letra da música de Carlos Lyra Quem quiser encontrar o amor, gravada por ele em abril de 1961 em 78 rpm, na RGE, e em 1962 por Carlos Lyra no LP O sambalanço de Carlos Lyra, pela Philips. Esta música seria incluída no episódio "Couro de gato" do filme Cinco vezes favela, trabalho produzido pelo Centro Popular de Cultura.

Em 1962 apresentou-se no Juão Sebastião Bar, em São Paulo SP, iniciando trabalhos com Luís Roberto, Baden Powell e Vera Brasil. Nesse mesmo ano gravou com Ana Lúcia o Samba em prelúdio (Baden Powell e Vinícius de Moraes), pela Áudio Fidelity, com grande sucesso, e compôs com Carlos Lyra o samba Aruanda.

Em dezembro de 1964, gravou na Áudio Fidelity seu primeiro LP, apresentando a toada Fica mal com Deus, além de O menino das laranjas (Téo de Barros). Em 1965 defendeu Sonho de um carnaval (Chico Buarque) no I FMPB, da TV Excelsior de São Paulo. No mesmo festival, inscrevera sua composição Hora de lutar, que não se classificou. Essa música foi gravada, no mesmo ano, num LP homônimo. Nesse período, musicou o filme de Roberto Santos A hora e a vez de Augusto Matraga.

No ano seguinte lançou pela Som Maior o LP Cinco anos de canção, que incluía Pequeno concerto que virou canção, Canção nordestina e Rosa flor (com Baden Powell). Venceu em São Paulo o FNMP, da TV Excelsior, com a música Porta-estandarte (com Fernando Lona), defendida por Tuca e Airto Moreira, assinando depois contrato com a Rhodia para excursionar pelo Nordeste com o Trio Novo, formado por Téo (violão), Airto Moreira (viola caipira) e Heraldo (percussão).

Nesse mesmo ano de 1966 venceu ainda o II FMPB, da TV Record, de São Paulo, com Disparada (com Téo de Barros), na interpretação de Jair Rodrigues, do Trio Novo e do Trio Maraiá, empatando com A banda (Chico Buarque). Obteve ainda o segundo lugar no I FIC, da TV-Rio, do Rio de Janeiro, com O cavaleiro, parceria com Tuca, que também foi intérprete.

Em 1967 a TV Record, de São Paulo, concedeu-lhe um programa próprio, Disparada, com direção de Roberto Santos. Inscreveu Ventania (com Hilton Accioly) no III FMPB, que foi desclassificada, e De serra, de terra e de mar (com Téo de Barros e Hermeto Pascoal), no II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, que também não obteve classificação. Nesse ano conseguiu sucesso com Arueira e com o frevo João e Maria (com Hilton Accioly).

No mesmo período compôs, a convite dos padres dominicanos de São Paulo, a Paixão segundo Cristino, alegoria da crucificação de Cristo num contexto nordestino; participou do programa Canto Geral, depois Canto Permitido, da TV Bandeirantes, de São Paulo.

Em 1968 gravou o LP Canto geral pela Odeon, com Maria Rita, O plantador (com Hilton Accioly) e músicas suas desclassificadas em festivais. Participou ainda do IV FMPB, com Bonita (com Hilton Accioly). A música foi apresentada duas vezes, pois se desentendera com o parceiro, rompendo com o Trio Maraiá.

Nas eliminatórias para o III FIC, em São Paulo, causou impacto com a apresentação de Caminhando (Prá não dizer que não falei das flores); defendeu-a no festival com o Quarteto Livre, integrado por Naná (tumbadora), Franklin (flauta), Nelson Ângelo (violão) e Geraldo Azevedo (violão e viola), tendo-se classificado em segundo lugar. A música teve grande êxito, tornando-se uma espécie de hino estudantil, mas teve seu curso interrompido pela censura.

Esteve no exílio, inicialmente no Chile (1968), onde compôs a música Desacordonar, com que venceu um concurso, enquanto Caminhando se tornava sucesso. Obrigado a deixar o país, pois se apresentara em televisão como profissional sem a devida licença, seguiu para a Argélia, onde assistiu ao Festival Pan-Africano, viajando depois para a então República Federal da Alemanha, ocasião em que gravou alguns programas para a televisão da Baviera.

Esteve na Grécia, Áustria, Bulgária, cantando em povoados do interior. Na Itália, Sérgio Endrigo regravou músicas suas. Em Paris, França, remontou com um grupo de artistas brasileiros a Paixão segundo Cristino, na igreja de Saint-Germain des Prés, na Páscoa de 1970. Trabalhou com um novo tipo de composição, montada apenas com assobios e sons de violão, com forte ritmo nordestino.

Gravou o LP Das terras de Benvirá, lançado no Brasil pela Philips em 1973, com Na terra como no céu, Canção primeira e De América. Ainda em 1973 gravou apresentações para o programa de Flávio Cavalcanti e para o Fantástico, da TV Globo, mas foram censuradas.

Em 1982, em Presidente Stroessner, Paraguai, apresentou-se em um show, rompendo silêncio de 14 anos. Em março de 1995 apresentou-se no Memorial da América Latina, em São Paulo, no concerto realizado pelo IV Comando Regional (CONAR), em comemoração a Semana da Asa. Na ocasião, um coral de cadetes lançou sua música Fabiana, uma homenagem a FAB.

Em 1997 o Quinteto Violado lançou o CD Quinteto Violado canta Vandré (selo Atração), incluindo antigos sucessos e apenas uma música inédita: República brasileira. Ainda em 1997, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho regravaram Disparada e Canção da despedida no CD Grande encontro 2.

Em 2000 o cantor e compositor paraíbano Zé Ramalho gravou Prá não dizer que não falei de flores, no CD duplo Nação nordestina.

Em 2002, a Rádio Tabajara AM, de João Pessoa, Paraíba, apresentou no programa "Espaço experimental", produzido pelo Laboratório de Radiojornalismo do Curso de Comunicação Social da UFPB, sua peça "Paixão segundo Cristino", gravada a partir de uma montagem encenada em 1984 em Curitiba, além de obras inéditas de sua autoria.

Em 2009, teve a sua música, Disparada (c/ Theo de Barros), gravada em nova versão pelo cantor Ricky Vallen, no CD/DVD "Rick Vallen ao Vivo", lançado pela Sony Music.

Algumas músicas










Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Dicionário Cravo Albin da MPB.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Roberto Luna

Roberto Luna (Valdemar Farias), cantor, nasceu em Serraria, Paraíba, em 1/12/1929. Fez os primeiros estudos em Campina Grande e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1945. Começou a trabalhar em teatro de revista e estudou com o ator Ziembinsky.

Apresentado por Assis Valente a Chianca de Garcia, para ser contratado como cantor, acabou tornando-se seu auxiliar no setor de divulgação da companhia teatral. Caixa de companhia imobiliária e auxiliar de escritório, por volta de 1948 apresentava-se também como crooner em dancings e boates do Rio de Janeiro. Foi o locutor Afrânio Rodrigues quem lhe deu o nome artístico de Roberto Luna, por ocasião de um show.

Em 1951 estreou no rádio, levado por Assunção Galego, que dirigia o programa Transatlântico Guanabara, na Rádio Guanabara, atuando logo depois na Globo, na Mayrink Veiga e depois na Nacional. No ano seguinte gravou seu primeiro disco, com Por quanto tempo (Marino Pinto e Domal Bibi) e Linda (Erasmo Silva e Rui Rei), na Star.

Contratado por Sérgio Vasconcelos, da Rádio Clube, em 1953, participou dos programas Caderno de Melodias, Ciranda dos Bairros e das Audições Roberto Luna, lançando para o Carnaval desse ano, entre Outros, o samba Jurema (Luís Soberano e Washington Fernandes) e a marcha Deixa- me em paz (Guido Medina e Geneci Azevedo), na Copacabana. Para o mesmo Carnaval, gravou, ainda acompanhado pelo conjunto Os Copacabana, Minha casa é meu chapéu (Geraldo Queirós e Henrique Leoni) e o samba Pode voltar (Geraldo Queirós e Wilson Lopes).

Cantor de sucesso nacional na década de 1950 destacou-se interpretando versões de boleros e músicas de dor-de-cotovelo; seus maiores sucessos dessa época foram Molambo (Meira e Augusto Mesquita), o bolero Relógio (Cantoral, versão de Nely Pinto), Nunca (Lupicínio Rodrigues), Vingança (Lupicínio Rodrigues), Castigo (Dolores Duran), Por causa de você (Tom Jobim e Dolores Duran), o bolero História de um amor (versão de Edson Borges), e o tango El día que me quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera).

Em 1961 gravou pela RGE o LP Adiós, pampa mia e outros tangos famosos, com Adiós, pampa mia (Francisco Canaro e Mariano Mores, versão de Haroldo Barbosa) e Confissão (Enrique Discepolo e Amadori, versão de Lourival Faissal).

Dois anos depois saiu pela mesma fábrica o disco Tangos famosos, incluindo O dia que me queiras (versão de Haroldo Barbosa) e Cristal (Mores, versão de Haroldo Barbosa). Em 1964 novo LP, Os grandes sucessos de Roberto Luna, e no ano seguinte O Luna que eu gosto, etiqueta Philips, com Tudo é magnífico (Haroldo Barbosa e Luís Reis) e Senhor saudade (com Dinho). Participou ainda como ator e cantor do filme O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla, em 1968.

A partir de 1970 apresentou-se quase exclusivamente em boates, tendo sido proprietário de uma. Em 1972 gravou na Chantecler o LP Roberto Luna, destacando-se Gaivota e Negro véu (Zé Bastos e João Reis). Na década de 1990, a RGE relançou em CD todo o seu repertório, em 10 volumes.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Paulinho Nogueira


Paulinho Nogueira (Paulo Artur Mendes Pupo Nogueira) nasceu em Campinas SP em 08/10/1929 e faleceu em São Paulo SP em 02/08/2003. Autor de um dos mais procurados métodos de violão existentes no Brasil, aprendeu a tocar com o pai, aos 11 anos. Na mesma época integrou o Grupo Cacique, conjunto vocal dirigido por seu irmão Celso Mendes.


Mudou-se para São Paulo SP em 1952, estreando na boate Itapoã e tocando nas rádios Bandeirantes e Gazeta. Oito anos depois gravou seu primeiro LP, na Columbia, a convite de Roberto Corte Real. A primeira composição sua a aparecer em disco foi Menino, desce daí, em 1962, pela RGE, interpretada por ele mesmo.

Na época da bossa nova, destacou-se como solista e acompanhante em shows e programas de televisão. Começou a dar aulas de violão em 1964, ano em que também recebeu como melhor solista o troféu Pinheiro de Ouro, do governo do Paraná, o mesmo ocorrendo em 1965.

Nesse ano foi contratado pela TV Record para atuar em O Fino da Bossa, programa de maior sucesso na época. Recebeu em 1966 o prêmio Guarani, conferido por jornalistas e críticos de radio e televisão.

Em 1969 inventou a craviola, instrumento de 12 cordas que produz um som misto de cravo e viola, e recebeu o prêmio de melhor músico do ano, conferido pelo jornal O Estado de São Paulo. Uma de suas composições, Menina, gravada por ele na RGE, foi grande sucesso em 1970.

Dois anos depois se transferiu para a etiqueta Continental, onde gravou quatro LPs até 1975. Em 1986 gravou o LP solo Tons e semitons, com novas composições suas para violão, lançado juntamente com um álbum contendo as partituras das musicas incluídas no disco.

A partir de 1990 lançou vários videocassetes didáticos para solos de violão.

Em novembro de 1991, participou, na Itália, do Festival Internacional de Violão, realizado na cidade de Nápoles. Voltou à Itália no ano seguinte para participar do evento Guitars in Concert, desta vez nas cidades de Nápoles, Florença, Campobasso, Milão e Roma. Desse encontro participaram violonistas consagrados internacionalmente, como o italiano Gianni Palazzo, o argentino Jorge Morel, e o famoso guitarrista e jazzista norte-americano Joe Pass.

Lançou pela Movieplay dois CDs o instrumental Late Night’ Guitar (1992), com músicas brasileiras e internacionais, e Coração violão (1995), no qual intercala solos de violão com musicas inéditas cantadas e regravações de suas composições mais conhecidas.

Em 1994, passou a integrar o projeto instrumental Brasil Musical, patrocinado pelo Banco do Brasil. Neste projeto, atuou com vários outros artistas como Egberto Gismonti, Zimbo Trio, Paulo Moura, Nivaldo Ornelas, Artur Moreira Lima, e outros.

Em 1996, o selo Tom Brasil lançou o CD Brasil musical - Série música viva - Paulinho Nogueira e Alemã, no qual interpreta diversas com o instrumentista Alemão.

Em 1999, lançou Reflections, disco que saiu pela gravadora norte-americana Malandro Records. Nesse ano, gravou com Toquinho o CD Sempre amigos no qual interpretaram 13 canções, entre as quais, Samba em prelúdio, de Baden Powell e Vinícius de Moraes.

Em 2002, lançou seu último disco, Chico Buarque - Primeiras composições, interpretando 11 canções de Chico Buarque, entre as quais, Carolina, Olê, olá, A banda, João e Maria, Joana Francesa, Com açúcar e com afeto e Quem te viu, quem te vê e que mereceu do crítico Marco Antônio Barbosa o seguinte comentário: "Infelizmente, o reconhecimento público de Paulinho Nogueira não está à altura de sua estatura como instrumentista - se estivesse, este álbum seria saudado com salvas de canhão".

Gravou 23 LPs, sendo um deles o Festival de Violão, no qual fez o lançamento da Craviola. Este instrumento, desenhado por ele mesmo, foi exportado para vários países, como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

Em 2016, sua composição Só vivo de noite, com Adoniran Barbosa, foi gravada por Kiko Zambianchi e sua filha Ana Júlia para o CD e DVD Se assoprar posso acender de novo, 14 composições inéditas do compositor paulista.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Menina

Faltava somente uma faixa para completar o elepê Paulinho Nogueira canta suas composições, quando o produtor Júlio Nagib marcou sua gravação para o dia seguinte, procurando ganhar tempo para lançar o disco antes do Natal de 69.

Então, sob pressão, o violonista lembrou-se de um tema que criara para o filme “Meu Nome é Tonho”, de Ozualdo Candeias, aproveitando-lhe os compassos iniciais como ponto de partida da nova composição. Cansado de “fazer” meninos, já que seus sucessos anteriores chamavam-se “Menino, Desce Daí”, “Menino Jogando Bola” e “Quando o Menino Crescer”, ele resolveu desta vez “fazer” uma menina, o que até lhe pareceu mais fácil, pois em quinze minutos aprontou a letra: “Menina que um dia conheci criança / me aparece assim de repente / linda, virou mulher / menina, como pude te amar agora / te carreguei no colo, menina...”

Terminada a gravação, Paulinho não acreditava muito em suas possibilidades de sucesso, uma vez que, em razão da urgência do produtor nem tivera tempo para preparar-lhe uma harmonia caprichada. Mas, contrariando a expectativa, “Menina” logo começou a ser tocada intensamente nas rádios, inclusive no Rio, onde o apresentador Adelzon Alves entrevistou o autor em seu programa, tendo na ocasião repetido a canção uma dúzia de vezes.

Estimulada pela venda do elepê, a RGE lançaria “Menina” também em compacto, tornando-se esta composição o maior sucesso de Paulinho Nogueira, com gravações na França e na Itália. Para completar seria ainda incluída na trilha sonora da telenovela “Irmãos Coragem”. Exímio violonista, professor de artistas como Toquinho, entre outros, Paulinho Nogueira é conhecido também pela autoria de um importante método de violão (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Menina (1970) - Paulinho Nogueira - Intérprete: Paulinho Nogueira

LP Paulinho Nogueira Canta Suas Composições / Título da música: Menina / Paulinho Nogueira (Compositor) / Paulinho Nogueira (Intérprete) / Gravadora: RGE / Ano: 1970 / Nº Álbum: XRLP 5346 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção / MPB.

Tom: A
Intro: (D7M  A7M  Bm7  E7  A7M)  2x
A   C#m7
Menina
D7M            C#m7
que um dia conheci criança
D7M    E    A7M        F#m7
me aparece assim de repente
Bm7  E7   A7M
linda, virou mulher
A   C#m7
Menina
D7M            C#m7
como pude te amar agora
D7M       E7    A7M   F#m7    Bm7    E7        A7M
te carreguei no colo menina, cantei pra ti dormir
D7M       E7    A7M   F#m7    Bm7    E7        A7M
te carreguei no colo menina, cantei pra ti dormir
 C
Lembro a menina feia, tão acanhada e de pé no chão
Bm7(b5)        E4/B  E7
Hoje maliciosa, guarda segredos em seu coração
A   C#m7
Menina
D7M                C#m7
que quantas vezes fiz chorar
D7M      E           A7M   F#m7
achando graça quando ela dizia:
Bm7         E7            A7M
quando crescer vou me casar com você
A   C#m7
Menina
D7M                  C#m7
porque fui te encontrar agora
D7M       E7    A7M   F#m7    Bm7    E7        A7M
te carreguei no colo menina, cantei pra ti dormir
D7M       E7    A7M   F#m7    Bm7    E7        A7M
te carreguei no colo menina, cantei pra ti dormir

Pery Ribeiro


Pery Ribeiro (Peri de Oliveira Martins), cantor e compositor (Rio de Janeiro RJ, 27/10/1937 - idem, 24/02/2012), filho do compositor Herivelto Martins e da cantora Dalva de Oliveira, aos três anos de idade, já gravava canções e vozes para as personagens dos filmes de Walt Disney (Bambi, Coelho Tambor e Anão Feliz, da Branca de Neve), traduzidos por João de Barro. Aos quatro anos apresentou-se no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro. Em 1944 participou do filme Berlim na batucada, de Luís de Barros..


Em 1959 trabalhava como cameraman na TV Tupi, do Rio de Janeiro, quando Jaci Campos o apresentou cantando; ouvido por Paulo Gracindo, foi convidado a tomar parte no seu programa da Rádio Nacional. Essas apresentações chamaram a atenção de César da Alencar, que o tomou como afilhado, batizando-o Pery Ribeiro.

Em 1960 compôs sua primeira música, Não devo insistir (com Dora Lopes), gravada no mesmo ano por Dalva de Oliveira, na Odeon. Ainda em 1960 gravou seu primeiro disco, um compacto duplo na gravadora Iracema, com quatro musicas que incluíam Sofri você (Ricardo Galeno e Paulo Tito).

Sua primeira gravação em 78 rpm foi Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e Samba do Orfeu (Luiz Bonfá e Antônio Maria), pela Odeon, no ano seguinte. Em 1961, também pela Odeon, gravou vários discos em 78 rpm, o Lamento da lavadeira (Monsueto, Nilo Chagas e João Violão), O barquinho (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal) e Inteirinha (Luís Vieira).

Seu primeiro LP foi Pery Ribeiro e seu mundo de canções românticas, na Odeon, em 1962, acompanhado por Luiz Bonfá ao violão. Em 1963 compôs, com Geraldo Cunha, Moça de azul e Bossa na praia, gravadas por ele na Odeon. Ainda nesse ano lançou Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), sendo esta a primeira gravação da música, e seu maior sucesso.

Dois anos mais tarde, formou, com Leni Andrade e o conjunto Bossa Três, o grupo Gemini 5, apresentando-se na boate Porão 73 e no Teatro Princesa Isabel, no Rio de Janeiro. Do sucesso do grupo surgiu o convite para se apresentarem na boate El Señorial, na Cidade do México, México, onde estiveram por seis meses. Em seguida, formou novo grupo, desta vez com musicos mexicanos, apresentando-se na Cidade do México e Acapulco.

Em 1966 foi para os EUA, onde mais tarde formou com Sérgio Mendes o conjunto Bossa Rio, composto por Ronnie (Ronald Mesquita), Osmar Milito, Otávio Bailly Júnior, Manfredo Fest, Gracinha Leporace, Sergio Mendes e ele próprio. O conjunto excursionou por várias cidades norte-americanas, apresentando-se em shows, boates e universidades.

Em 1971, de volta ao Rio de Janeiro, participou do show Fica combinado assim, com Pedrinho Mattar e Agildo Ribeiro. Desde então tem trabalhado em shows, boates e apresentações em televisão. Em 1973 compôs, com Herivelto Martins, e gravou, na Odeon, Livre meu pai. No ano seguinte voltou ao México, apresentando-se em Acapulco ao lado de Eliana Pittman e Herivelto Martins.

Em 1975 gravou o LP Herança, na Odeon, homenageando Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Elisete Cardoso. Em 1997 lançou o CD A vida é só pra cantar (e dançar) e participou de um disco em tributo a Dalva de Oliveira, cantando inclusive duas canções em dueto com a mãe, graças à técnica especial usada.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

sábado, fevereiro 10, 2007

Elton Medeiros

O compositor – e parceiro – Cartola costumava dizer brincando que a letra "ene" sobrava em seu nome (Angenor) e faltava no de Elton (na realidade Elto Antônio de Medeiros, nascido na cidade do Rio de Janeiro em 22 de julho de 1930).

Desde muito cedo a música teve influência em sua vida, pois seu pai era muito ligado aos ranchos e seu irmão Aquiles, compositor, o encaminhou na carreira de criador musical. Aliás, é saborosa a história que Elton conta no programa, como fez seu primeiro samba aos oito anos e seu irmão lhe explicou como era a estrutura de uma composição.

Nascido no bairro da Glória, logo se mudou para o subúrbio carioca, onde iniciou seus estudos e paralelamente o gosto musical. Fez parte de banda, tocando bombardino e saxofone. Posteriormente passou para o trombone, com o qual se destacou tocando nas gafieiras, tão em voga na época. Mas seu forte mesmo eram os instrumentos de ritmo, tornando-se talvez o mais exímio executante de caixa-de-fósforos que se conhece.

Na gravação de um programa para a TV Cultura, em que se apresentaria como cantor, instado pelo produtor Fernando Faro a fazer ritmo, improvisou um instrumento de percussão com uma lata de tinta vazia, abandonada em um canto do estúdio e ninguém percebeu a "invenção".

Como compositor é tido como um dos melhores representantes da escola melodista de Cartola, de quem foi parceiro e com quem criou sambas notáveis. Já era bastante conhecido entre os sambistas quando estreou profissionalmente no musical Rosa de Ouro, criado e produzido pelo poeta-compositor Hermínio Bello de Carvalho.

O espetáculo, que ficou quase um ano em cartaz no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro – e andou pelo Brasil –, resgatou a cantora Araci Cortes e lançou nomes como os de Elton, Clementina de Jesus e Paulinho da Viola. Sem mencionar as presenças notáveis do mangueirense Nelson Sargento, do portelense Jair do Cavaquinho e do salgueirense Nescarzinho, o Anescar, criador do antológico samba-enredo Chica da Silva.

Modestamente Elton se diz "parceiro dos famosos" (Cartola, Paulinho da Viola, Hermínio Bello, Zé Keti, Paulo César Pinheiro, Ana Terra, Cacaso, Otávio de Moraes, Joacyr Santana, Regina Werneck, entre outros), quando na realidade são os tais "famosos" que não prescindem de seu grande talento, principalmente Paulinho da Viola, desde sempre seu mais habitual parceiro.

Internacional – já se apresentou na África, em Portugal, na Suécia –, seu samba nunca deixou de ter o acentuado sabor carioca, que é sua marca tradicional, além da beleza das melodias (e muitas vezes das letras). É o principal fator de uma apresentação que faz parte da história da música popular brasileira.

Seu samba-enredo – feito em 1954 para sua Escola de Samba Aprendizes de Lucas –, o Exaltação a São Paulo, foi apresentado pelo cantor Jorge Goulart no programa Um Milhão de Melodias, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Arranjo do maestro Radamés Gnattali, para violino e caixa-de-fósforos, esta naturalmente solada por ele.

Elton Medeiros é seguramente um dos mais talentosos compositores daquilo que se convencionou chamar de "música brasileira de raiz".

Arley Pereira - MPB ESPECIAL 8/1/1975

Viagem


Viagem (1970) - Taiguara - Intérprete: Taiguara

LP Taiguara - Viagem / Título da música: Viagem / Taiguara (Compositor) / Taiguara (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Ano: 1970 / Nº Álbum: MOFB 3645 / Lado A / Faixa 5 / Gênero musical: Canção.


Tom: E

Intro:  (  G   Bm/F#   E4/7  ) 

E Abm/Eb    C#m                        Eb7      Bm/D
Vai    abandona a morte em vida em que hoje estás
C#4/7                       C#7       Am/C
Ao lugar onde essa angustia se desfaz
B4/7                 D7         G
E o veneno e a solidão mudam de cor
Bm/F#   E4/7
Vai indo amor
E    Abm/Eb    C#m                  Eb7           Bm/D
Vai        recupera a paz perdida e as ilusões,
C#4/7           C#7           Am/C
não espera vir a vida as tuas mãos
B4/7              D7           G
Faz em fera a flor ferida e vai lutar
Bm/F#   E4/7
Pro amor voltar
Am  Am/G                C/D                D7/9    F6/11+
Vai       faz de um corpo de mulher estrada e sol
E4/7    E7     A7                D7
Te faz aman...te    Faz meu peito errante
G4                          G    B4/7
Acreditar que amanheceu
Am  Am/G             C/D               D7/9       F6/11+
Vai       corpo inteiro mergulhar no teu amor
E7/4    E7   A7           C/D       D7
Nesse momen...to   vai ser teu momento
G4                   G     B4/7
O mundo inteiro vai ser teu, teu,  teu
E       Abm/Eb
Vai,      vai...

Universo no teu corpo


Universo No Teu Corpo (1970) - Taiguara - Intérprete: Taiguara

LP Viagem / Título da música: Universo No Teu Corpo / Taiguara (Compositor) / Taiguara (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Ano: 1970 / Nº Álbum: MOFB 3645 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção.


Introdução: G   B4/7

     E    B/D#     Bm           E7              A     A7M
Eu desisto    não existe essa manhã que eu perseguia 
Am7/G         D7(9)           E   D#m7(b5) G#7
Um lugar que me dê trégua ou me sorria   
C#m7          F#7         D   D7M   B4 7   B7
Uma gente que não viva só prá si        

E     B/D#       Bm         E7          A     A7M
Só encontro    gente amarga mergulhada no passado
Am7        D7(9)           E    D#m7(b5) G#7
Procurando repartir seu mundo errado   
C#m7      F#7             D(add9)/E
Nessa vida sem amor que eu aprendi

A7M
Por uns velhos vãos motivos
Am7              D7(9)
Somos cegos e cativos
G7M                            B4 7
No deserto do universo sem amor
A7M
E é por isso que eu preciso
Am7             D7(9)
De você como eu preciso
G7M                               B4 7 B7
Não me deixe um só minuto sem amor

E   B/D#      Bm         E7             A      A7M
Vem comigo    meu pedaço de universo é no teu corpo
Am7/G        D7(9)        E     D#m7(b5) G#7
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo  
C#m7              F#7         D    D7M  B4/7 B7
E em teus braços se unem em versos a canção          

E   B/D#
Em que eu digo
Bm             E7             A    A7M
que estou morto prá esse triste mundo antigo
Am7/G        D7(9)     G      G7M
Que meu porto meu destino meu abrigo
C             D7             G    G7M
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
C             D7             G    G7M
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
C             D7             G      G7M
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Taiguara


Neto de maestro e filho do bandoneonista Ubirajara Silva, Taiguara Chalar da Silva (1945- 1996) nasceu em Montevidéu, no Uruguai e a partir dos 4 anos radicou-se no Rio. Mas começou a carreira nos shows do colégio Mackenzie e no teatro de Arena, ambos em São Paulo (onde também debutava Chico Buarque, da vizinha FAU) em 1964.


Engajado na ala paulistana da bossa nova, acantonada no João Sebastião Bar, de Paulo Cotrim, ele atuou ao lado do Sambalanço Trio de César Camargo Mariano e Airto Moreira e estreou em LP aos 19 anos, com arranjos de Luis Chaves, baixista do Zimbo Trio. "Senti como orquestrador que esse jovem tinha na voz um verdadeiro instrumento", elogiou Luis Eça, do Tamba Trio, na contracapa.

Mas a voz melodiosa com um vibrato metálico acabou levando a outros rumos o compositor, que estreou no balançado Samba de Copo na Mão. Depois de disputar vários festivais também com músicas alheias (Modinha, de Sérgio Bittencourt, Não se morre de mal de amor, de Reginaldo Bessa) estourou a partir de 1970 com baladas de próprio punho entre a sensualidade e a jovem rebeldia como Hoje, "Universo do teu corpo", Viagem, Geração 70, Teu sonho não acabou, Que as crianças cantem livres.

A permissividade poética em sintonia com a era do desbunde atraiu a atenção da Censura que começou a vetar em massa suas letras, o que o levou a um auto-exílio londrino. Mas a perseguição do regime não o impediu de gravar discos de alta densidade instrumental como "Imyra,Tayra, Ipy, Taiguara", em 1976 (com Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Wagner Tiso, Jaquinho Morelembaum) e mesmo os anteriores "Taiguara, Piano e Viola" (1972) e "Carne e Osso" (1971).

Nos 80, tornou-se discípulo político do líder comunista Luis Carlos Prestes para quem compôs O Cavaleiro da Esperança. Empreendeu uma volta às origens em "Canções de amor e liberdade" (1983), misturando o bandoneon do pai à harpa paraguaia e ao chamamé fronteiriço. E no CD final, "Brasil Afri" (1994) rebuscou-se em Menino da Silva e África Mãe.


Tárik de Souza – ENSAIO 19/8/1994

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Sá e Guarabira


Carioca de Vila Isabel, Luís Carlos (Pereira de) Sá (1945) emergiu na era da bossa nova, em meados dos 60 e foi gravado por Pery Ribeiro (Escadas do Bonfim, Giramundo) e Nara Leão (Menina de Hiroshima, com Chico de Assis).

Classificou Inaiá entre as finalistas do I FIC e no ano seguinte, 1967, atuaria ao lado do futuro parceiro Gutemberg (Nery) Guarabira (Filho) e Sidney Miller na inauguração do teatro Casa Grande no Rio. Este foi o ano de Gut, baiano da cidade de Barra (1947), que a bordo do Grupo Manifesto (Gracinha e Fernando Leporace, Mariozinho Rocha, Guto Graça Melo) ganhou o II FIC com Margarida, derrotando nada menos de três músicas do estreante Milton Nascimento.

Engrenada apenas em 1972, a dupla começou como trio, com a inclusão do tecladista e compositor Zé Rodrix (ex-Momento 4uatro), que sairia em 1973 e só voltaria em 2001. O trio e depois duo, foi responsável por um novo conceito, o rock rural, adaptação nativa muito mais próxima do folk/rock estradeiro que do "country" americano. Mas o sotaque sempre foi brasileiro, embora a Primeira Canção da Estrada, tenha operado como hino da geração "hippie" nativa, incluído no disco de estréia do trio, Passado Presente e Futuro.

No ano seguinte sairia Terra, o último do trio com O Pó da Estrada. A partir de Nunca (1973) com a 2ª Canção da Estrada seriam apenas S&G, também sócios do estúdio Vice-versa com o maestro tropicalista Rogério Duprat.

A habilidade de produzir melodias colantes, refletida nos jingles publicitários do estúdio como o da Pepsi-Cola ("Só tem amor/ quem tem amor pra dar") que chegou a ser lançado em compacto nas lojas, resultou numa profusão de sucessos. De Pirão de Peixe com Pimenta (1977) saltaram Sobradinho e Espanhola. E ao celebrar 10 Anos Juntos (1983) somavam-se ainda Dona, Caçador de mim, Vem queimando a nave louca e Sete Marias.

Sem formar o que seria uma dupla sertaneja apesar do canto a duas vozes, Sá e Guarabira costuraram com acordes inspirados o enredo interiorano (Cheiro mineiro de flor, Roque Santeiro, Me faça um favor) às guitarras urbanas.

Tárik de Souza – ENSAIO - 8/4/1994.

Fonte: SESC SP

Mano Décio da Viola

Mano Décio da Viola (Décio Antônio Carlos), compositor, Juiz de Fora MG 14/7/1909—id. 18/10/1984. Baiano de Santo Amaro da Purificação, mas registrado em Juiz de Fora, foi para o Rio de Janeiro com um ano, e dos seis aos 14 anos morou no morro da Mangueira, saindo nos Carnavais no rancho Príncipe das Matas, organizado por sua família.

Por 1923, com 14 anos, mudou-se para o subúrbio carioca de Madureira, passando a integrar o bloco local Vai Como Pode, que mais tarde se transformaria no G.R.E.S. da Portela. Pouco depois, fugiu de casa, voltando para a Mangueira, e começou a trabalhar como vendedor de jornais no Largo da Carioca.

Nesse tempo, conheceu Manga (Norberto Marçal), passando a morar em sua casa perto da favela do Buraco Quente, local do morro freqüentado por sambistas, onde surgiu alguns anos depois o G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira.

Em 1930, já morando no subúrbio de Ramos, e fazendo parte do G.R.E.S. Recreio de Ramos, fundado por Manga, compôs seu primeiro samba, Vem, meu amor (com Bide e João de Barro), gravado em 1935 por Almirante.

A partir de 1934 voltou a morar em Madureira, transferindo-se então para a escola de samba Prazer da Serrinha, onde foi diretor de samba e ganhou de um velho sambista, o Magro, o apelido de Mano Décio da Viola. Para essa escola, compôs, em 1945, com Silas de Oliveira, o samba-enredo Conferência de São Francisco, um dos primeiros a tratar de assunto histórico.

Em 1947, com um grupo de dissidentes da Prazer da Serrinha, fundou a 23 de março o G.R.E.S. Império Serrano, escola que sairia durante vários anos cantando sambas seus, conseguindo, com eles, ser campeã quatro vezes.

Em 1949, venceu com Tiradentes (com Penteado e Estanislau Silva), samba-enredo considerado um dos clássicos do gênero. Em 1951, classificou-se em primeiro lugar com Batalha naval do Riachuelo (com Penteado e Molequinho). O Império voltou a ganhar em 1955, com Exaltação a Duque de Caxias (com Silas de Oliveira), e em 1960, com Medalhas e brasões (com Silas de Oliveira), samba-enredo que, por problemas diplomáticos com a embaixada do Paraguai, teve sua letra original alterada, dividindo o primeiro lugar com outras quatro escolas.

Além de sambas-enredo, fez, em 1973, o Hino dos portuários do Brasil (com Ernesto M. da Silva), categoria profissional à qual pertenceu. Tocava violão e bandolim e foi autor de inúmeros sambas, como Lá vem ela com uma trouxa de roupa na cabeça, gravado por Raul Marques em 1942; Apoteose ao samba, gravado por Jamelão em 1950; Olelê, olalá, gravado por Adilson Ribeiro em 1973.

Em 1975, aos 66 anos, gravou na Tapecar seu primeiro LP, que incluiu, entre outras, Dona Santa, rainha do maracatu, Obsessão, Mano Décio ponteia a viola e Hora de chorar. Gravou na Philips, em 1976, o LP O lendário Mano Décio da Viola. Em 1978, pela CBS, lançou seu terceiro e último LP, O imperador.

Já afastado da escola, estava preparando o quarto disco, só com músicas de terreiro, quando morreu. Compôs mais de 500 sambas e, com o parceiro Silas de Oliveira, foi um dos pioneiros na composição de sambas-enredos para os desfiles de Carnaval. A Império Serrano desfilou por 19 anos cantando composições suas.

Obras:

Batalha naval do Riachuelo (c/Penteado e Molequinho), samba-enredo, 1951; Conferência de São Francisco (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1945; Dona Santa, rainha do maracatu, 1975; Exaltação a duque de Caxias (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1955; Heróis da liberdade (c/Manuel Ferreira e Silas de Oliveira), samba-enredo, 1969; Medalhas e brasões (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1960; Tiradentes (c/Penteado e Estanislau Silva), samba-enredo, 1949; Viagem encantada (c/Jorginho Pessanha), 1975.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.

Silas de Oliveira

Silas de Oliveira
Silas de Oliveira (Silas de Oliveira Assunção), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 4/10/1916 e faleceu em 20/5/1972. Nasceu no subúrbio de Madureira, e o pai, José Mário de Assunção, pastor protestante, proibia-o de participar de rodas de samba, o que passou a fazer escondido da família.

O primeiro samba que compôs foi Meu grande amor (com Mano Décio da Viola), depois seu mais constante parceiro, que o levou, em 1934, para a Escola de Samba Prazer da Serrinha, que depois se transformaria no G.R.E.S. Império Serrano. Tocava tamborim na escola de que, mais tarde, se tornou diretor de bateria. O primeiro samba que fez para a escola foi Sagrado amor (com Manula).

Casou-se, em 1940, com Elane dos Santos, prima de João Gradim e Sebastião de Oliveira (Molequinho), que chegaram à presidência da Serrinha. Nessa época, passou também a copiar as letras dos sambas de todos os compositores da escola, corrigindo os erros e distribuindo as cópias para que as pastoras aprendessem a cantá-las.

Para o Carnaval de 1945, fez o samba-enredo Conferência de São Francisco, em parceria com Mano Décio da Viola, com quem fundou, a 23 de março de 1947, Juntamente com Sebastião de Oliveira e outros sambistas, o G.R.E.S. Império Serrano. Aprendeu a tocar tamborão, versão grande do tamborim, com Antônio dos Santos, o mestre Fuleiro, na época diretor de harmonia da Império Serrano e, a partir de 1950 até sua morte, compôs 12 sambas-enredo para sua escola.

Em 1950, a escola foi a primeira colocada no desfile, com seu samba-enredo Sessenta e um anos de República, inspirado em Getúlio Vargas; em 1953, cantando de sua autoria Ilha Fiscal ou Último baile da corte imperial, a Império Serrano colocou-se em segundo lugar; em 1955, novamente a escola obteve a primeira classificação, com o seu Exaltação a duque de Caxias (com Mano Décio da Viola).

Nos Carnavais de rua desse ano e de 1956, teve grande sucesso o seu samba Rádio-patrulha (com Luisinho, J. Dias e Marcelino Ramos), e, outra vez em 1956, seu samba-enredo O caçador de esmeraldas levou a escola a obter o primeiro lugar, conseguindo a segunda classificação, no ano seguinte, com D. João VI ou Brasil império (com Mano Décio da Viola).

Em 1959 morreu sua filha Nanci, com quem gostava de cantar em dueto. Em 1960, seu samba-enredo Medalhas e brasões (com Mano Décio da Viola), dividiu com outros quatro o primeiro lugar. Em 1964 faria novo samba-enredo para a Império Serrano desfilar na avenida, Aquarela brasileira, que obteve o quarto lugar.

Em 1965, com Joaci Santana e outros sambistas, participou do conjunto vocal Samba Autêntico, e, desse ano até 1969, a Império Serrano desfilou todos os anos com sambas seus: em 1965, com Os cinco bailes da corte ou Os cinco bailes tradicionais da história do Rio (com Dona Ivone Lara e Bacalhau), classificou-se em quarto lugar; em 1966, com Exaltação à Bahia ou Glória e graças da Bahia (com Joaci Santana), mereceu o terceiro lugar; em 1967, com São Paulo, chapadão da glória (com Joaci Santana), colocou-se em segundo lugar; em 1968, com Pernambuco, leão do Norte, obteve a segunda classificação; e, em 1969, desfilou cantando Heróis da liberdade (com Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira), samba-enredo gravado por Elza Soares.

Em 1968, participou da peça Dr. Getúlio, sua vida e glória, de Ferreira Gullar e Dias Gomes, para a qual compôs o samba Legado de Getúlio Vargas (com Walter Rosa), levada no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre RS, sob direção de José Renato.

Morreu depois de apresentar dois dos seus mais famosos sambas enredo numa roda de samba promovida pelo compositor Mauro Duarte, no Clube ASA, em Botafogo. Seu corpo foi velado na Associação das Escolas de Samba: durante o enterro, foi cantado, por sugestão de Natalino José do Nascimento (o Natal da Portela), presidente de honra da Portela, seu samba Heróis da liberdade, que desde então passou a ser cantado em enterros de sambistas.

Obra completa:

Alô, alô, taí Carmen Miranda (c/Jorge Lucas), samba-enredo, 1972; Amor aventureiro (c/Mano Décio da Viola), samba, 1975; Apoteose ao samba (c/Mano Décio da Viola), samba, 1974; Aquarela brasileira, samba-enredo, 1964; Berço do samba (c/Edgar Cardoso Barbosa), samba, 1969; O caçador de esmeraldas, samba, 1956; A carta de Getúlio (c/Marcelino Ramos), samba, 1955; Os cinco bailes da corte ou Os cinco bailes tradicionais da história do Rio (c/Ivone Lara e Bacalhau), samba, 1965; Conferência de São Francisco (c/Mano Décio da Viola), samba-enredo, 1945; Desprezado (c/Dilson Carlos), samba, 1957; D. João VI ou Brasil império (c/Mano Décio da Viola), samba-enredo, 1957; Encontrei, samba, s.d.; Estou gamado, samba, s.d.; Exaltação á Bahia ou Glória e graças da Bahia (c/Joaci Santana), samba-enredo, 1966; Exaltação a duque de Caxias (c/Mano Décio da Viola), samba- enredo, 1955; Fica, samba, s.d.; Heróis da liberdade (c/Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira), samba- enredo, 1969; Ilha Fiscal ou Último baile da corte imperial, samba-enredo, 1953; Império tocou reunir (c/Mano Décio da Viola), samba, 1962; Legado de Getúlio Vargas (c/Walter Rosa), samba, 1968; A lei do morro (c/Antônio dos Santos), 1959; Me leva em teus braços, samba, s.d.; Medalhas e brasões (c/Mano Décio da Viola), samba-enredo, 1960; Meu drama (c/J. Ilarindo), samba, 1967; Meu grande amor (c/Mano Décio da Viola), samba, 1955; Na água do rio, partido-alto, 1970; Pernambuco, leão do Norte, samba-enredo, 1968; Rádio-patrulha (c/Luisinho, J. Dias e Marcelino Ramos), samba, 1956; Sagrado amor (c/Manula), samba, s.d.; São Paulo, chapadão da glória (c/Joaci Santana), samba- enredo, 1967; Segura a conversa (c/Mano Décio da Viola), samba, 1962; Sem perdão (c/Manula), samba, s.d.; Senhora tentação (c/Jorginho Pessanha), samba, 1955; Sessenta e um anos de República, samba-enredo, 1950; Tristeza no Carnaval, samba, 1963.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha