sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Tormento

Francisco Alves
Tormento (canção, 1931) - Francisco Alves e Luiz Iglésias

Disco 78 rpm / Título da música: Tormento / Francisco Alves (Compositor) / Luiz Iglésias (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Luperce (Acomp.) / Tute (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Gravação: 03/08/1931 / Lançamento: 1931 / Nº do Álbum: 10825-b / Nº da Matriz: 4265 / Gênero: Canção / Coleções de origem: IMS, Nirez


Mulher
O teu amor maltrata tanto
Que às vezes
Quando a rir doido me ponho
O riso se transforma como um sonho
Em lágrimas sem fim
De um longo pranto


Por isso
Quantas vezes nas noitadas
Escondo sob a face
O riso e a graça
Pois temo que o meu riso se desfaça
Em lágrimas febris e angustiadas

Mas este amor penoso e torturado
Com cheiro de tristezas, prantos e ais
Me faz cada vez mais apaixonado
De ter que a mulher cada vez mais

Me sinto numa orgia turbulenta
A luz do cabaré e a alma ferida
Pois tenho nos meus olhos refletida
A imagem da mulher que me atormenta

Se busco na champagne embriagado
O bálsamo sutil
Do esquecimento
Na taça vejo sempre
Que tormento
Aquele rosto em forma retratado

Mulata fuzarqueira

Sentimento e melancolia é frequente na obra musical de Noel Rosa (foto). Ele sofre muito com desilusões amorosas e isso vai se fixando em seus sambas. Aqui retrata uma mulher que cozinheira "cuida das gordura" e depois costureira "cuida das costura", em suma traz consigo um lacrimário de dor. O coração dessa mulher revive uma tristeza e o amor a fez sofrer, como se ela tivesse sido envolvida em um sonho ilusório, que a deixou sozinha e desamparada no mundo.

Mulata fuzarqueira (samba, 1931) - Noel Rosa - Intérprete: Noel Rosa acompanhado pelo Bando de Tangarás

Disco 78 rpm / Título da música: Mulata fuzarqueira / Noel Rosa, 1910-1937 (Compositor) / Noel Rosa, 1910-1937 (Intérprete) / Bando de Tangarás (Acomp.) / Gravadora: Parlophon / Gravação: 18/08/1931 / Lançamento: 1931 / Nº do Álbum: 13327-b / Nº da Matriz: 131185 / Gênero musical: Samba / Coleções de origem: Robespierre Martins Teixeira, Humberto Franceschi


Mulata fuzarqueira, artigo raro
Que samba de dar rasteira
E passa as noite inteira em claro

Não quer mais saber de preparar as gordura
Nem usar mais das costura
O bom exemplo já te dei

Mudei a minha conduta
Mas agora me aprumei

Mulata fuzarqueira da gamboa
Só anda com tipo à toa
Embarca em qualquer canoa

Mulata, vou contar as minhas mágoa
Meu amor não tem R
Mas é amor debaixo d'água
Não gosto de te ver sempre a fazer certos papel
A se passar pros coronel
Nasceste com uma boa sina
Se hoje andas bem no luxo
É passando a beiçolina

Mulata, tu tem que te preparar
Pra receber o azar
Que algum dia há de chegar
Aceita o meu braço e vem entrar nas comida
Pra começar outra vida
Comigo tu podes viver bem
Pois aonde um passa fome
Dois podem passar também



Fonte: Discografia Brasileira - IMS.

Deusa

Francisco Alves
Deusa (canção-modinha, 1931) - Freire Júnior

Disco 78 rpm / Título da música: Deusa / Autoria: Freire Junior (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Orquestra Copacabana (Acompanhante) / Gravadora: Odeon / Gravação: 12/06/1931 / Nº do Álbum: 10815 / Nº da Matriz: 4250 / Gênero musical: Modinha / Coleções de origem: IMS, Nirez


Deusa
Visão no céu que me domina
Luz de uma estrela que ilumina
Um coração pobre de amor
Teu trovador
Chorando as mágoas ao luar
Vem aos teus pés para implorar
As tuas graças divinais
Consolação e nada mais


Deusa
Anjo do céu, meu protetor
Nas alegrias e na dor
Sagrado ser a quem venero
Nada mais quero
Se não puder esquecer
Alguém que não mais quero ver
Visão fatal, que foi meu ideal

Deusa
Inspiração celestial
Sincera musa divinal
A quem confio meu segredo
Eu tenho medo
De não poder me dominar
Alguém no mundo ainda amar
Para evitar tal traição
Deixo contigo o coração

Deusa
Eu tenho em ti a minha esperança
Tu és a paz, és a bonança
A minha Santa Padroeira
Dá-me a cegueira
Não quero ver a mais ninguém
Nas trevas só me sinto bem
Na escuridão
Viver sem coração

Mas ó mulher
Pensas talvez que me enganavas
Quando a sorrir tu me beijavas
Dizendo, só me pertencer
A mim somente até morrer
Todas iguais
Tu és mulher, e nada mais
Não amarei no mundo, a mais ninguém
A ti somente eu quero bem



Fonte: Discografia Brasileira - IMS

Cor de prata

Braguinha
Cor de prata (samba/carnaval, 1931) - Lamartine Babo

Disco 78 rpm / Título da música: Cor de prata / Lamartine Babo, 1904-1963 (Compositor) / Braguinha (Intérprete) / Orquestra Guanabara (Acomp.) / Imprenta [S.l.]: Parlophon / Nº do Álbum: 13272-a / Nº da Matriz: 131073 / Lançamento: Jan/1931 / Gênero musical: Samba / Coleções: Nirez, José Ramos Tinhorão, Humberto Franceschi


A lua vem saindo
Cor de prata
Cor de prata
Cor de prata
Que saudades da mulata


Minha mulata
Foi-se embora da cidade

Vejam só que crueldade
Foi com outro e me deixou
Abandonado
Pela estrada do passado
Vou perdendo a mocidade
Na saudade que ficou

Eu fui pra roça
Construir minha palhoça
Lá no alto da montanha
Perto de Nosso Senhor
E quando a lua
Lá na mata me acompanha
Sinto o cheiro da mulata
Na montanha tudo é flor

Batucada

Eduardo Souto
Batucada (marcha/carnaval, 1931) - João de Barro e Eduardo Souto

Disco 78 rpm / Título da música: Batucada / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Eduardo Souto (Compositor) / Almirante, 1908-1980 (Intérprete) / Bando de Tangarás, 1929-1931 (Intérprete) / Gravadora: Parlophon / Nº do Álbum: 13256-a / Nº da Matriz: 3730 / Gravação: 02/08/1930 / Lançamento: Jan/1931 / Gênero musical: Marcha / Coleções: Robespierre Martins Teixeira, Nirez, José Ramos Tinhorão, Humberto Franceschi


Ô, ô
Nós semo é memo do amô (x2)

Mulatinha frajola
Entra aqui no cordão (cordão)
Que a fuzarca consola
As mágoa que a gente
Traz no coração

(refrão)

Mulata, benzinho
Vem pra mim de uma vez
Dou-te amor e carinho
Dinheiro não tenho
Não sou português

(refrão)

Vou comprá uma redoma
Nela eu vou te guardá (guardá)
Que os malandros te oiando
Meu bem, são capaz
De te profaná

(refrão)

Vem, meu bem, pro Salgueiro
Leblon não vale nada
Pois nos bairros de lá
Mulata, meu anjo
Não tem batucada

(refrão)



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

Batente

Batente (samba/carnaval, 1931) - Almirante

Disco 78 rpm / Título da música: Batente / Almirante, 1908-1980 (Compositor) / Almirante, 1908-1980 (Intérprete) / Bando de Tangarás, 1929-1931 (Intérprete) / Gravadora: Parlophon / Nº do Álbum: 13242-b / Nº da Matriz: 4006 / Lançamento: Nov/1930 / Gênero musical: Samba / Coleções: Nirez, José Ramos Tinhorão, Humberto Franceschi


Queria te ver no batente
Sambando com a gente
Do Morro do Salgueiro
Queria te ver sem orgulho
Fazendo barulho
Batendo pandeiro (x2)


Sobe lá no morro
Para ver o que é orgia
Ver a bateria
Ver o tamborim
Ver o cavaquinho
Que só faz é din-din-din
Ver o violão
Como faz bem a marcação

(refrão)

Samba só é samba
Com batuque verdadeiro
Quando tem pandeiro
Marcando a cadência
Quando o centro é feito
Por chocalho e por barrica
Veja como fica
Acompanhado pela cuíca

(refrão)



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

Apanhando papel

Francisco Alves
Apanhando papel (samba, 1931) - Getúlio Marinho e Ubiratan Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Apanhando papel / Getúlio Marinho "Amor" (Compositor) / Ubiratan da Silva (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Bambas do Estácio (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 10767-a / Nº da Matriz: 4124-1 / Gravação: 30/01/1931 / Lançamento: Mar/1931 / Gênero musical: Samba / Coleções: IMS, Nirez


Nem queiras saber
Como a vida do homem é cruel
Se ele é fraco de ideia

Acaba apanhando papel

Mas eu tenho fé
No meu orixá
Que não há de deixá
A esse ponto chegá

(Nem queiras saber) (x2)

Feliz de quem
Não se passa pra carinho
Não tem o dissabor
De andar pelas ruas
Falando sozinho

Meu santo é forte
É do bom e com ele é assim
Não dará ousadia
De ver ela rir
Ou zombarem de mim

(refrão)

Por isso é que fiz
A Deus uma oração
Pra não ter por mulher
Aquilo que se diz
Amor ou paixão

Desejo gostar
E quero delas todas zombar
Sem meu sacrifício
Pra meu benefício
A vida gozar

(refrão)

Abandonado

Castro Barbosa
Abandonado! (samba, 1931) - Jonjoca (João de Freitas)

Disco 78 rpm / Título da música: Abandonado! / Jonjoca (Compositor) / Almirante, 1908-1980 (Intérprete) / Castro Barbosa (Intérprete) / Jonjoca (Intérprete) / Canhoto (Waldiro Tramontano), 1908-1987 (Acomp.) / Grupo (Acomp.) / Gravadora: Victor / Nº do Álbum: 33481-b / Nº da Matriz: 65253-2 / Gravação: 13/10/1931 / Lançamento: Nov/1931 / Gênero musical: Samba


Abandonado!
Vou vivendo sem você
Para nunca mais sofrê,
Meu bem
Sua amizade
Nunca me deixou saudade
Você pode até morrê

(Abandonado eu vivo)(x2)

Eu por você não vou chorar
Não precisa consolar
Que eu também ia deixar
O amor
Que nos uniu por tanto tempo
E depois
Graças a Deus que acabou
Sem eu sentir que estava

Abandonado!
Vou vivendo sem você
Para nunca mais sofrê,
Meu bem
Sua amizade
Nunca me deixou saudade
Você pode até morrê
(Abandonado eu vivo)(x2)

Eu de você
Já estava cheio
Digo isto sem receio
Porque nunca de mulher
Que nem mesmo
E lastimo em me lembrar
Francamente
Não ter sido isso mais cedo

No bico da chaleira II

Durante 20 anos, de 1895 a 1915, o general José Gomes Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador, senador pelo Rio Grande do Sul, foi o homem forte do Legislativo e a eminência parda de muitos governos. Todos pensavam que um dia ele seria presidente da República, mas nunca chegou lá. Foi assassinado em 1915, por um desequilibrado mental.

Gaúcho, Machado não passava sem seu chimarrão. E bastava a cuia de mate esvaziar para os bajuladores correrem atrás de água quente. Era a "turma do pega na chaleira". Como o senador morava no alto do Cosme Velho, a música fala em "subir esta ladeira". E menciona também “Os Democratas”, uma das mais populares sociedades carnavalescas do Rio na época, que exibia em seu estandarte uma águia de prata.

A polca fez tanto sucesso no carnaval de 1909 que deu motivo para a peça de teatro-revista, de Raul Perderneiras e Ataliba Reis, intitulada Pega na chaleira. E mais: foram compostas duas outras músicas sobre o mesmo tema. A primeira, mais picante e maliciosa, de Eustórgio Wanderley, igualmente chamava-se No bico da chaleira; a segunda, Pega na chaleira, de Eduardo das Neves, fazia crítica genérica aos aduladores (“Neste século de progresso / Nesta terra interesseira / Tem feito grande sucesso / O tal “pega na chaleira”).

No bico da chaleira (polca, 1909) - Eustórgio Wanderley e Juca Storoni - Interpretação: Os Geraldos

Disco 76 rpm / Título da música: No bico da chaleira / Eustórgio Vanderley (Compositor) / Juca Storoni (Compositor) / Os Geraldos (Intérprete) / Piano (Acomp.) / Gravadora: Odeon Record / Nº do Álbum: 108341 / Nº da matriz: xR-903 / Data de Lançamento: 1908 / Gênero musical: Cançoneta / Coleção de Origem: IMS, Nirez


Menina eu quero só por brincadeira
Pegar no bico da sua chaleira
Ela está quente e se você segura
Fica com uma grande queimadura.

É moda agora e eu justifico
(Com que eu implico)
Pegar no bico de uma chaleira
Muita senhora nos engrossando
Leva pegando a vida inteira.

Se você vai apertar-me no bico
Não imagina como eu logo fico
Não, eu seguro assim desta maneira
Lá no biquinho da sua chaleira.

Agora é moda / Com o que eu implico
Pegar no bico / De uma chaleira
Moço da roda / É gente fina
Tem esta sina / A vida inteira.

Ai, se eu consigo pegar de bom jeito
Você vai ver como eu pego direito
Sem ser no bico / Quer pegar na asa?
Talvez consinta, passa lá em casa.

Vamos depressa tomar um chazinho
Enquanto esquenta mais que um tempinho
Ela também está como eu fico
Quando um chazinho toma-se no bico.



Fonte: Franklin Martins - Site Oficial - Conexão Política