sexta-feira, julho 09, 2010

Getúlio Cortes

Getúlio Cortes (Getúlio Francisco Cortes), compositor e cantor, nasceu no Rio de Janeiro em 22/03/38. Iniciou carreira fazendo dublagens de Sammy Davis Jr., Frankie Lana, Louis Armstrong, Frank Sinatra e outros.

Sem ter estudado música e apenas com alguma noções de violão, em 1960, começou a tocar como amador na Rádio Mayrink Veiga; no ano seguinte transferiu-se para a Rádio Tupi e, depois, para a Rádio Mundial. Nessa época organizou o Wonderful Boys, conjunto integrado por ele, o cantor Pedro Paulo e Jocelin Braga.

Ainda em 1961, cantou na boate Plaza, do Rio de Janeiro. Em 1962, fez sua primeira com posição Negro gato (baseada em Three cool cats, de Jerry Leiber e Mike Stoller), lançada por Renato e seus Blue Caps, em 1965, e revivida com sucesso por Roberto Carlos no ano seguinte. A partir de 1963, manteve contato com o pessoal da Jovem Guarda, de quem recebeu muita influência.

Em 1967 foi assistente musical de Carlos Manga, e atuou nos programas Rio Jovem Guarda, na TV-Rio, e Jovem Guarda, na TV Record, em São Paulo SP, ambos comandados por Roberto Carlos. Nessa época, foi representante da APA Produções Artisticas, responsável pelos contratos de Roberto Carlos, Martinha, The Jet Blacks, Leno e Lílian e outros.

Em 1968 foi diretor musical do filme Jovens pra frente, de Alcino Dinis, no qual trabalharam Rosemary, Jair Rodrigues e Oscarito.

Muitas canções de sua autoria fizeram sucesso na voz de Roberto Carlos, como Noite de terror (1964), O feio (com Renato Barros, 1965), Pega ladrão (1965), O sósia (1967), Quase fui lhe procurar (1968, regravada por Roberto em 1995), O tempo vai apagar (com Paulo César Barros, 1968), Uma palavra amiga (1970) e Eu só tenho um caminho (1971).

O outro intérprete mais constante, Renato e Seus Blue Caps, transformou em sucessos Esqueça e perdoe (1965), Disse-me-disse (1969), Tudo tem seu preço (1970) e 46-77-23 (1971).

Trabalhou também como diretor musical de grava doras Em 1995, Roberto Carlos regravou Quase fui lhe procurar, mesma música que Luís Melodia incluiu em seu CD 14 quilates, de 1997.

Obra


O feio (c/Renato Barros), 1965; O gênio, 1966; Negro gato, 1963; Noite de terror, 1965; Quase fui lhe procurar, 1968; O sósia, 1967; O tempo vai apagar (c/Paulo César Barros), 1968; Tudo tem seu preço, 1970.

Algumas músicas

Negro gato
Noite de terror
O gênio
O sósia
Pega ladrão

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFOLHA.

Volta Seca

Volta Seca (Antônio dos Santos), compositor e instrumentista, nasceu no interior do Sergipe em 13/03/1918. Ex-cangaceiro, pertenceu ao bando de Lampião e passou vinte anos na cadeia.

Em 1957, gravou o LP, então com apenas oito músicas, As cantigas de Lampião (foto abaixo), com instrumentação do maestro Guio de Moraes.

Em 1959, teve o baião A laranjeira, gravado por Zé do Baião, pela Continental. Em 1960, José Tobias gravou na Todamérica a toada Se eu soubesse.

Em 2000, a InterCD relançou em CD o disco As cantigas de Lampião, com narração do locutor Paulo Roberto. As composições levam a assinatura de Volta Seca, mesmo as clássicas Mulher rendeira e Acorda Maria Bonita, tidas como de domínio público.

Estão presentes no disco xaxados, xotes, baiões e toadas. Destaque para, além das citadas, Escuta donzela e Ia pra missa, gíria usada pelos cangaceiros para a convocação de batalha.

A prisão de Volta Seca

Texto: Gilfrancisco (Jornalista, professor da Faculdade São Luís de França e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe) - Jornal da Cidade 23/04/2009.

O medo da prisão transforma o homem numa fera, é isto mesmo: os crimes dos “macacos” foram iguais aos nossos. Mas nada aconteceu com eles, nem com os homens importantes e ricos do sertão, que nos ajudaram, nos davam armas, dinheiro e comida, continuam ricos e importantes.

Lampião não foi o primeiro dos cangaceiros, mas sua presença marcou o rompimento entre o cangaço e as outras formas de violência e autoridade. Seus antecessores estavam ainda fortemente vinculados aos coronéis, ou às formas tradicionais de controle. Em julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros são mortos em emboscada preparada pela polícia, na Fazenda Angico, em Sergipe. Um dos mais importantes cabras do bando de Lampião, Volta Seca (Antônio Santos), fugitivo da Penitenciária do Estado da Bahia, foi preso em Indiaroba, pela força Policial do Estado de Sergipe, comandada pelo oficial do Exercito, capitão Bernardino Dantas.

Volta Seca, por duas vezes fugiu da cadeia. A primeira foi concedida um “passeio experimental”, saiu e não retornou, ficou perambulando pelas ruas da capital. A segunda vez fugiu em companhia de outro sentenciado e saiu pela porta principal sem ser percebido. Apesar de não ter sido capturado em combate, a polícia baiana ganharia notável publicidade com a prisão de Volta Seca, que ocorreu em virtude do cansaço (longa caminhada a pé pela mata durante vários dias), do companheiro de cárcere que ficou muito doente, ao ponto de querer desistir da jornada. Volta Seca não o abandonou, levou-o nos ombros até o primeiro povoado mais próximo, onde foi reconhecido pela população e denunciado a força pública, em seguida preso e recambiado a Salvador

A notícia de sua fuga do famigerado bandoleiro deixou a população sergipana preocupada, porque ainda não havia desaparecido do espírito nordestino, a época de terrorismo em que o banditismo de Lampião criou nos sertões de Pernambuco, Sergipe, Bahia e Alagoas, e de tão graves consequências para o homem do campo. Segundo o Departamento de Segurança, “Volta Seca fugiu da Bahia pelo litoral, penetrando neste Estado pelo município de Estância, e sendo preso em companhia de outro bandoleiro, entre os municípios de Indiaroba e Cristinápolis.” (Diário Oficial. 5 de março, 1944)

Após tomar conhecimento da fuga, as autoridades sergipanas, determinaram rápidas e enérgicas providências, estabelecendo imediatamente contato, com os destacamentos policiais de todo o interior e foi determinada severa vigilância. A Força Policial do Estado, que relevantes serviços prestou no combate ao banditismo, quando este esteve em plena campanha, traz de público, uma vez mais, a sua disposição de combatê-lo, sempre com mais energia, defendendo, com a sua coragem e a sua técnica militar:

“Transportado de Indiaroba para esta capital, desde a sexta-feira última, que aqueles foragidos estão recolhidos à Penitenciária do Estado, à disposição das autoridades policiais do vizinho Estado da Bahia, de onde se evadiram.” (Diário Oficial, 8 de março, 1944)

Quando foi preso pela primeira vez, no final de fevereiro de 1932, Volta Seca submeteu-se a exame psicológico realizado pelo Dr. Artur Ramos:

“Atitude de humanidade. Fala arrastado, responde com precisão a questões que lhe propõem. A este exame preliminar, parece haver um certo grau de mitomania. Aumenta um pouco os relatos de crimes dos seus companheiros. Admiração incondicional pelo compadre Lampião, o que denota um certo grau de erostratismo criminal.

Olhar móvel, desconfiado, intimidado com a presença de várias pessoas – oficiais da Força Pública – que o inquirem.

“Esta vaidade criminal leva-o até a descrer no fracasso de Lampião, que julga invulnerável...”

Segundo Zé Sereno, depois da prisão de Volta Seca, ninguém nunca mais acampou no Raso da Catarina, ou na serra do Chico. Quando o cangaceiro foi preso, Lampião ordenou a divisão dos grupos, entregando o comando aos seus mais experimentados homens: Luís Pedro, Zé Baiano, Velho Cirilo, Jararaca, Manuel Moreno. Cada um com seu grupo formado saiu do Raso, para penetrar nas caatingas. Ao tomar conhecimento da prisão de Volta Seca, Lampião soube que os irmãos Roxo, o haviam entregue à polícia e decidiu vingar. Passou na casa dos irmãos e assassinou todos eles, exceto a mãe e um irmão que encontrava-se viajando. Incendiou a fazenda e destruiu plantações.

Um fato curioso é que “desde que fora internado naquele estabelecimento penitenciário, Volta Seca, com o interesse de captar a confiança de seus vigias, dedicara-se a fazer flores de cera e se exercitava na ginástica, trazendo em si a ideia fixa de uma evasão. Foi o que veio acontecer.” (Diário Oficial, 5 de março, 1944).

Sergipano de Itabaiana, filho de Manuel Antônio dos Santos e Arminda Maria dos Santos, era o 6º dos 13 filhos do casal, nascera em 18 de março de 1918. Volta Seca havia se juntado ao bando de Lampião em 1929, aos 11 anos, e não era a primeira criança a ser aceita no bando: Beija-Flor, Deus-te-Guie, José Roque e Rouxinho. Essas crianças eram utilizadas na lavagem dos cavalos, no carregamento de água, na arrumação e assepsia de pousos e acampamentos, e foram muitas vezes usadas nos serviços de espionagem. Portanto, a sua passagem pelo cangaço foi rápida, não mais de 4 anos.

Volta Seca saiu pelo mundo devido aos maus tratos da madrasta, pessoa violenta que espancava constantemente os enteados. Percorreu sozinho, os sertões de Sergipe e Bahia, até encontrar Lampião em Goroso, no município de Bom Conselho. Em entrevista concedida ao jornalista Joel Silveira, em março de 1944, na Penitenciária da Feira do Cortume, situado na Baixa do Fiscal, Volta Seca diz que no princípio apanhava quase que diariamente de Lampião e outros cabras do grupo. Mas depois endureceu o cangote e o “primeiro que me apareceu com ares de pai, recebi com a mão no rifle.”

Por ser menor, Volta Seca teve que aguardar a maioridade, 21 anos para ir a julgamento. Transferido para Queimadas (BA), a fim de responder por crimes do banco naquele local. Condenado a 145 anos de cadeia, no primeiro julgamento, Volta Seca teve a pena reduzida para 30 anos de reclusão. Mais tarde, o processo foi revisto e a pena reduzida para 20 anos. Em 1954, Volta Seca foi perdoado pelo presidente Getúlio Vargas. Em liberdade, analfabeto e um homem marcado pela sociedade, viu-se diante de um grande desafio. Casou-se e foi morar no Nordeste, quando recebe um convite para morar em São Paulo, do cineasta e diretor Lima Barreto, para assistir e criticar o filme, O Cangaceiro (1953), mediante uma gratificação. O ex-cangaceiro condenou a cena em que Lampião chicoteia um cabra na cara. Diz que nos sertões, não se faz isso com homem, se mata, pois cara de homem no Nordeste é sagrada. Graças às novas amizades conseguiu emprego na Estrada de ferro Leopoldina, onde trabalhou por vários anos.

Cantor e compositor em 1957, Volta Seca gravou pela Continental um LP, com apenas 8 faixas, ‘As Cantigas de Lampião’, com instrumentação do maestro Guio de Moraes: ‘Acorda Maria Bonita’, ‘Escuta Donzela’, ‘Eu não pensei tão criança’, ‘Lá prá Mina’, ‘A Laranjeira’, ‘Mulher Rendeira’, ‘Lampião e Sabino’, ‘Se eu Soubesse’. Em 1959, teve o baião ‘A Laranjeira’ gravado por Zé do Baião, e no ano seguinte, por José Tobias, a toada ‘Se eu Soubesse’.

Fontes: Jornal da Cidade - A prisão de Volta Seca; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Edmundo Souto

Edmundo Souto (Edmundo Rosa Souto), compositor, instrumentista, escritor e arquiteto, nasceu em 30/3/1942, em Belém, PA. Aos oito anos, transferiu-se de Belém para o Rio de Janeiro com seus pais, fixando residência nesta cidade desde então.

Em 1963, compôs a trilha sonora do curta-metragem Garoto de calçada, de Carlos Frederico Rodrigues. Nesse mesmo ano, teve suas primeiras composições, De brincadeira (c/ Danilo Caymmi) e Candomblé (c/ Paulo Antônio Magoulas), gravadas em LP pelo Conjunto Mário Castro Neves.

Entre 1964 e 1966, estudou violão com Oscar Castro-Neves.

Em 1967, formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conciliando a atuação profissional nessa área com a carreira de compositor.

No ano seguinte, compôs, com Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós, a música Andança, que conta com mais de 150 gravações, no Brasil e no exterior.

Destacou-se como compositor da geração dos festivais, tendo conquistado as seguintes premiações:

1968: 2º lugar no I Festival Universitário de Música Popular (RS) com "Canto pra dizer-te adeus (c/ Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós), defendida por Iracema Werneck (1968);

1968: 3º lugar na fase nacional do III Festival Internacional da Canção (FIC) com Andança, defendida por Beth Carvalho e o grupo Golden Boys;

1969: 1º lugar na fase nacional e 1º lugar na fase internacional do IV Festival Internacional da Canção (FIC) com Cantiga por Luciana (c/ Paulinho Tapajós), defendida por Evinha;

1969: 6º lugar na II Olimpíada Musical da Canção em Atenas (Grécia) com Rumo Sul (c/ Paulinho Tapajós), defendida por Beth Carvalho;

1974: 4º lugar no Festival Universitário de Juiz de Fora com Pra ninguém chorar (c/ Paulo César Pinheiro), defendida por Beth Carvalho.

Em 1970, compôs para trilhas sonoras de novelas as canções Tema de Regina (c/ Paulinho Tapajós), para a novela A próxima atração (TV Globo), e Onde você mora (c/ Paulinho Tapajós), para a novela Verão vermelho (TV Globo).

Em 1984, escreveu, com Paulinho Tapajós, o livro infantil Verde que te quero ver (Editora Record), cujo texto foi adaptado, pelos autores, para um musical infantil de televisão (Rede Globo) e teatro. Compôs algumas músicas da trilha sonora do musical, posteriormente lançada em LP. Ainda nesse ano, a escola de samba Unidos do Cabuçu venceu o desfile com o samba-enredo "Beth Carvalho, a enamorada do samba", de sua autoria e dos parceiros Iba Nunes, Luís Carlos da Vila e Paulinho Tapajós.

Em 1989, escreveu o livro infantil, A pipa arco-íris, publicado pela Editora Record. Adaptou o texto para o teatro e compôs a trilha sonora do musical.

Em 1999, concluiu o MBA (Master Business Administration) em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em 1999 e 2000, trabalhou na Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro.

Idealizou e produziu a Sinfonia Sacopenapã, composta de dezessete canções em homenagem à Lagoa, bairro do Rio de Janeiro, tendo parceiros como Sérgio Natureza e Paulinho Tapajós, entre outros. A Sinfonia Sacopenapã foi apresentada no Parque do Cantagalo, na Lagoa (RJ).

Obra

Andança (Edmundo Souto / Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós); Ao Chico com carinho (Edmundo Souto / Moacyr Luz e Paulinho Tapajós); Alpendre da Saudade (Edmundo Souto / João Pacífico); Água-pé (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Beth Carvalho, a enamorada do samba (Edmundo Souto / Iba Nunes, Luís Carlos da Vila e Paulinho Tapajós); Bloco Leblon (Edmundo Souto / Tavito); Boto desbotado (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Caminho de São Thiago (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Caminhos (Edmundo Souto / Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós); Candomblé (Danilo Caymmi e Paulo Antônio Magoulas); Cantiga por Luciana (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Canto de saudade (Edmundo Souto / Paulo Antônio Magoulas); Canto pra dizer-te adeus (Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós); Cavalheiro andante (Edmundo Souto / Arnoldo Medeiros); Cansaço (Edmundo Souto / Paulo César Pinheiro); Canção do arco-íris (Edmundo Souto / João Pacífico e Paulinho Tapajós); Conquista do cacique (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Contraste (Edmundo Souto / Arnoldo Medeiros); Canção do despertar (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Dança de brinquedos (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); De brincadeira (Edmundo Souto / Danilo Caymmi); De pé no chão (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Disfarce (Edmundo Souto / Noca da Portela); História de São João Batista (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Joatinga (Edmundo Souto / Beth Carvalho e Paulinho Tapajós); Mais que um sorriso (Edmundo Souto / Jorge Aragão) Onde você mora (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Palhaço real (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Pra ninguém chorar (Edmundo Souto / Paulo César Pinheiro); Rancho dos boêmios (Paulinho Soares e Nei Barbosa); Reencontro (Edmundo Souto / Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós); Regina (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Rumo sul (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Samba-enredo exaltação à mulher (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Sempre só (Edmundo Souto / Joaquim Vaz de Carvalho); Só quero ver (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Soda com cachaça (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Sou frevo (Edmundo Souto / Arnoldo Medeiros); Vaqueirada (Edmundo Souto / Bororó Felipe e Nei Lopes); Verde que te quero ver (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós); Verso e cantoria (Edmundo Souto / Bororó Felipe e Paulinho Tapajós); Vivências (Edmundo Souto / Chico Lessa e Paulinho Tapajós); Xote dos pássaros (Edmundo Souto / Paulinho Tapajós).

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB; Wikipédia.

Você também é responsável

Você também é responsável (canção, 1969) - Dom e Ravel


Introdução: Gm

D                  Gm
Eu venho de campos, subúrbios e vilas,
D                    Gm
Sonhando e cantando, chorando nas filas,
D#                D
Seguindo a corrente sem participar,
Cm                 D
Me falta a semente do ler e contar
Gm                 D
Eu sou brasileiro anseio um lugar,
Gm           D#          D
Suplico que parem , prá ouvir meu cantar
F          F7          Bb
Você também é responsável,
F            F7          Bb
Então me ensine a escrever,
F            F7           Bb
Eu tenho a minha mão domável,
F            F7        Bb        D
Eu sinto a sede do saber (do saber, do sabe-er)
Gm             D                     Gm
Eu venho de campos, tão ricos tão lindos,
D                    Gm
Cantando e chamando, são todos bem vindos
D#               D
A nação merece maior dimensão,
Cm                D
Marchemos prá luta, de lápis na mão
Gm                 D
Eu sou brasileiro anseio um lugar,
Gm           D#          D
Suplico que parem , prá ouvir meu cantar
Refrão 

Dom e Ravel

Dom e Ravel - Os irmãos Eduardo Gomes de Farias, 1947- (Ravel) e Eustáquio Gomes de Farias 21/08/1944 - 10/12/2000, (Dom) nascidos em Itaiçaba, Ceará, mudaram-se, ainda pequenos, para São Paulo, na década de 1950, com os pais e a irmã caçula Eva. Foram criados na periferia de São Paulo, onde foram morar. Eduardo foi apelidado de Ravel por um professor de música, por causa de sua aptidão para a arte.

Ingressando na carreira artística por volta do início dos anos 1960, a dupla, já como Dom & Ravel, lançou em 1969 o primeiro LP, Terra boa, que trazia Você também é responsável, transformada, dois anos depois, pelo ex-ministro da Educação, Jarbas Passarinho, em hino do Mobral, o Movimento Brasileiro de Alfabetização.

Mas seria na virada dos anos 1970 que dupla atingiria seu maior sucesso, através de sua composição Eu te amo meu Brasil, gravada pelo conjunto Os Incríveis. A obra rendeu-lhes, ao mesmo tempo, sucesso e rotulações de bajuladores da direita. Tais críticas ocorreram devido ao caráter ufanista,daquela canção, que foi utilizada, no contexto político daquele momento, em pleno auge da ditadura, pelos governos militares. Somando-se à temática ufanista, também foi sucesso sua composição Obrigado, homem do campo.

O sucesso de Eu te amo meu Brasil teria levado o então governador de São Paulo, Roberto de Abreu Sodré, a sugerir ao ex-presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, que a citada canção fosse transformada em hino nacional. Médici nada teria respondido. Mas a notícia teria sido divulgada na imprensa e os artistas começaram a ser apontados como arautos da ditadura. A música, segundo Ravel, foi composta, na verdade, para aproveitar a onda do tricampeonato da seleção de futebol. Todavia, em entrevista de 2001 à Veja, o músico declara:'Mas nossos sobrenomes Gomes de Farias ajudaram a aumentar a confusão', lembrando a associação que as pessoas faziam com o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Cordeiro de Farias. Falava-se, então que os irmãos eram filhos de militares. Na verdade, o pai deles era um pequeno comerciante paraibano e a mãe, uma dona-de-casa cearense.

Em 1971, tiveram a música Praia de Iracema gravada pelo grupo paulista Demônios da Garoa no LP Aguenta a mão , joão, lançado pela Chantecler. Em 1972, a dupla foi selecionada para participar do LP coletânea Os grandes sucessos, lançado pela RCA , com a música Você também é responsável.

Em 1973, Dom & Ravel gravaram Animais irracionais, falando de injustiça social. A direita não gostou e os dois sentiram uma certa má-vontade da mesma ditadura que com eles simpatizara, sendo o disco e a música afastados das rádios.

Em meados dos anos 1970, a dupla se separou, e ambos seguiram carreira solo.

Com a morte do irmão Dom, em dezembro de 2000, vítima de um câncer de estômago, Ravel, com uma vista prejudicada por um acidente, lançou, em 2001, o CD Deus é o juiz, em sua homenagem, com sucessos da dupla. "Eu te amo meu Brasil" não foi selecionada para o disco.

Obra

Eu te amo meu Brasil /Glória aos jovens (Dom) /O caminhante (Dom e Aziz) /Obrigado, homem do campo / Você também é responsável.

Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Bioagrafia de Dom e Ravel- Letras.com.br.