terça-feira, dezembro 14, 2010

Heitor Catumbi

Heitor Catumbi - 21/1/1936
Heitor Catumbi (Heitor Leite Sodré), compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 10/5/1895. O pai, Manuel Gomes Sodré, seresteiro, compositor e violonista, era conhecido como Manduca Cabeleira. Fez o curso primário, mas desde menino sua grande vocação era a música.

Aprendeu a tocar cavaquinho com o violonista Manduca do Catumbi seu padrinho de batismo. Era menino e já tocava nas festas do bairro em que nasceu, São Cristóvão, e foi numa delas que Eduardo das Neves , depois de ouvi-lo, levou-o para exibir-se no circo dos Irmãos Temperani.

Com dez anos, apresentou-se no picadeiro, cantando Sou teu escravo, solando no cavaquinho e acompanhando Eduardo das Neves, que, ao saber que era afilhado de Manduca do Catumbi, o rebatizou artisticamente com o nome por que se tornou conhecido.

Trabalhou em várias fábricas e no Arsenal de Guerra como aprendiz. Aos 16 anos foi para a Polícia Militar, onde permaneceu dois anos. Em 1912, compôs a primeira música, Na caixinha ninguém mexe.

Heitor Catumbi (ilustração)
Um ano depois entrou para a polícia civil, onde ficou até 1915. Nessa época, conheceu Catulo da Paixão Cearense, João Pernambuco, J. Bulhões, Bequinho e Cardoso de Meneses.

Através do famoso político Pinheiro Machado, entrou em 1915 para a Casa da Moeda, onde ficou até 1918, ano em que aprendeu artes gráficas no Jornal do Comércio.

Em 1919 começou a gravar como violonista e cavaquinista na Casa Edison. Gravou Império d’alma (1919), Cai n’água e Catinga da mulata. Com o grupo deChiquinha Gonzaga gravou Só para moer. Depois do Jornal do Comércio transferiu-se para O País em 1921.

Em 1926 foi trabalhar na Justiça, tendo se aposentado como oficial de justiça. Em 1927 atuou pela primeira vez em rádio. Solou na Rádio Sociedade ao violão sua valsa O segredo das trepadeiras. Atuou também na Rádio Clube e talvez tenha sido o primeiro corretor de publicidade em rádio, arranjando anúncios a 10 mil-réis.

Em 1931 foi para a Rádio Philips e no ano seguinte estreou no Programa Casé. Ainda nesse ano atuou na Rádio Guanabara, na Ipanema, na Educadora e na Transmissora. Participou do programa Samba e Outras Coisas.

Cultivou o samba de breque e o samba-choro, gênero no qual lançou Comigo não!, letra de Valentina Biosca, gravada por Carmen Miranda em 1934. Compôs até 1953, abandonando a carreira por motivo de saúde.

Obra

Comigo não! (c/ Valentina Biosca), samba-choro, 1934; Do amor ao ódio (c/ Luís Bittencourt), samba, 1937; Fama sem proveito (c/ Ismael Silva), samba, 1942; Na caixinha ninguém mexe, 1912; Qual é o teu desejo, samba, 1935; Roxa saudade, valsa, 1937; Sá Mique!ina (c/Moreira da Silva), marcha, 1935; O segredo das trepadeiras, valsa, 1927; Tira a mão (c/Armando Batista), marcha, 1942; Tortura de amor (c/Valentina Biosca), valsa, 1935.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e publiFolha.

Catoni

Catoni
Catoni (Sebastião Vitorino Teixeira dos Santos), compositor, cantor e instrumentista, nasceu em Ouro Preto, MG, em 13/5/1930. Serralheiro por profissão, começou tocando sanfona e cantando calangos em sua cidade.

Em 1943 mudou-se para o Rio de Janeiro, indo residir em Jacarepaguá com uma família italiana. É dessa época seu apelido italiano e seu primeiro samba: Vai, meu amor. Ingressou na aia de compositores da Vai se Quiser, escola de samba que mais tarde se uniria à Corações Unidos de Jacarepaguá, para formarem o G.R.E.S. União de Jacarepaguá.

Compôs cerca de 12 sambas para essas escolas. Em 1966 transferiu-se para o G.R.E.S. da Portela, levado por Natal. Compôs o samba-enredo Lendas e mistérios da Amazônia (com Jabolô e Valtemir), com o qual a Portela desfilou na avenida em 1970.

Compôs ainda o samba de terreiro Perdi a namorada (com Jabolô e Valtemir), gravado em 1972 por Elizeth Cardoso; Se eu pedir, você me dá (1974); Bom-dia, Salgueiro (inscrito num concurso de samba no Salgueiro); No meio do povo (com Sérgio Fonseca e Joel Meneses), gravado por Eliana Pittman (1975); Berimbau amarelo (com Bira), gravado por Sonia Lemos (1975); Jeito de tatuagem (com Bira), gravado por Agepê (1975).

Realizou apresentações no Clube Renascença, tocando sanfona e instrumento de percussão. Em 1977 compôs o samba-enredo da Portela Festa da aclamação (com Jabolô, Dedé e Valtemir).

Obra

Ganga Zumba, 1971; Lendas e mistérios da Amazônia (com Jabolô e Valtemir), samba-enredo, 1969; Meu dinheiro não dá (com Candeia), 1971; Perdi a namorada (com Jabolô e Valtemir), samba de terreiro, 1972.

Você é doida demais

Lindomar Castilho
Lindomar Castilho

Tom: G

                     C
Eu pensei em lhe entregar
                  Cm
Meu amor meu coração
               G    
Meu carinho e muito mais

Mas parei por um instante 

Pensei mais dois minutinhos
             Cm
E voltei um pouco atrás

Recordei pelo passado
                    C
Você esteve ao meu lado
           Fm
E roubou a minha paz
                  Cm
Você me serve de exemplo
                      G
Vou fugir enquanto é tempo
              C
Você é doida demais

REFRÂO:__________                

               G             
Você é doida demais           
                C             
Você é doida demais           
                  G
E você é doida demais         

Doida, muito doida            
        C
Você é doida demais           

(Introd.)
                       C
Eu não quero e nem preciso
                     Cm
De amor doido e sem juízo 
            G
Para comigo viver

Pois eu sou aquele homem

Com intenção de dar o nome
            Cm
E você nem quis saber

Todo dia me enganava
                  C
Você sempre me trocava
               Fm 
Pelo amor de outro rapaz
               Cm
Você é tão leviana
                    G
Nisso você não me engana
                C
Você é doida demais

O andarilho

Lindomar Castilho
Lindomar Castilho

O andarilho - Sebastião F. da silva e Tony Damito

Tom: C

Introdução: F C  G C C7 (2x) 
 
  C 
 Amanhã eu vou 
 
Sem temer fracassos 
              Am
Vou marcando passos 
              Dm 
 Pelo mundo afora 
  
Eu vou sem destino 
            G 
Igual a um cigano 
            G7
Eu irei cantando 
              
              C
 Sem local e hora 
 
Quando eu nasci 
 
Fui predestinado 
               C7 
 A ser um andarilho 
                  F 
 em busca de um amor 
                        C 
 Enquanto não chegar a morte 
                 G7 
 Vou tentando a sorte 
            C 
 Seja como for 
     F                  C 
 Enquanto não chegar a morte 
                 G7 
 Vou tentando a sorte 
            C    F G C 
 Seja como for 
 C 
 Adeus meus amigos 
 
E não me perguntem 
             Am
Quando voltarei 
                       Dm 
 Porque só Deus quem sabe 
 
Por favor, não pensem 
             G 
Que sou vagabundo 
              G7 
Por correr o mundo 
                 C 
 Antes que ele acabe 
 
Bonequinha linda 

 Vai me desculpando 
                 C7 
 A hora está chegando 
               F 
 Tenho que partir 
                    C 
 Os seus pais não querem 
             G7 
 Também não devo 
             C 
 Com você fugir 
 F                  C 
  Mas nada é impossível 
               G7 
 Quem sabe um dia 
            C     F  G  C  
 Voltarei aqui 
 C 
 Adeus meus amigos... (etc.)

Eu vou rifar meu coração

Lindomar Castilho
Eu vou rifar meu coração - Lindomar Castilho e Ronaldo Adriano

Tom: A

Introdução: A E7 D E7 A E7 D E7 A D A  
 
A  
Eu vou rifar meu coração 
                                     D  
Vou fazer leilão vou vendê-lo à alguém  
           E7           A        
Não vou deixar o coitadinho  
                    E7    
Viver sempre sem carinho  
                       A  D   A 
Ficar sempre sem ninguém. 
 
A 
Amanhã mesmo vou sair 
                                       D 
Sem saber a onde ir pelo mundo a procurar  
           E7         A 
Não me interessa a riqueza 
                   E7 
Não importa a pobreza  
                         A  D   A 
Quero alguém que saiba amar 
 
 
A                     E7 
Eu vou rifar meu coração  
 D             E7                        A 
Vou fazer leilão vou vendê-lo a quem der mais  
                      E7 
Eu vou rifar meu coração  
  D           E7                     A    D    A 
Vou fazer leilão por amor carinho e paz! 
 A 
Eu vou rifar meu coração...

Eu e a viola

Lindomar Castilho
Lindomar Castilho

Eu e a viola - Carlos Randall / José Homero

Tom: Bb   

(intro) Bb Dm Cm Eb F7 Bb F#7 F7 

Bbm                              Ebm 
Viola que chora doído no peito magoado 
F7                                   Bbm   F7 
Sofre também como eu seu lamento é de dor 
Bbm                                    Ebm 
Viola, eu também já não canto como no passado 
F#7                    F7         Bb            F7 
E o nosso céu estrelado não tem esplendor. 

Bb         Dm                       Cm 
Viola, que traz poesia no seu ponteado 
F7                             Bb   F7 
Chora comigo baixinho sem entender 
Bb                   G7                      Cm 
Porque que o luar sem ela não é um luar prateado 
F7                                    Bb   F7 
E porque que restou no mundo só eu e você 

Bbm                        Ebm 
Viola, que numa noite em serenata 
F7                                     Bbm   F7 
Fez começar o romance que hoje me faz chorar 
Bbm                                  Ebm 
Sabendo assim como eu, que ela não voltará 
F#7               F7                  Bb         F7 
Lamento e acordes se unem num só soluçar. . . 

Camas separadas

Lindomar Castilho
Lindomar Castilho

Tom: C
  

 Intro: C G7 C G7 F C G7 
 
         Cm 
 Se não fosse por amor aos nossos filhos 
                        G7 
 Você não estaria mais comigo 
 Entre nós já não existe mais amor 
                               Cm 
 Na verdade já não somos nem amigos 
 Foi um erro este nosso casamento 
           C7           Fm 
 Só o desquite poderia resolver 
                                    Cm 
 Porém não quero porque penso nas crianças 
       G7                C        G7 
 Elas não tiveram culpa de nascer 
  C                    G7 
 Teremos que morar na mesma casa 
                      C 
 Dormir em camas separadas 
                            G7 
 Até que os nossos filhso cresçam 
         F                 C 
 E cada um possa seguir a sua estrada 
                                G7 
 Para que nunca tenham traumas nesta vida 
                      C 
 E evitar no futuro grande dor 
                         C7          F 
 Na frente deles vou chamá-la de querida 
     C             G7          C 
 E você vai me chamar de meu amor 
            G7 
 Camas separadas 
               C 
 Beijos sem calor 
            G7 
 Camas separadas 
  F             C  C G7 C G7 G C G7 
 Fim do nosso amor 
  C                    G7 
 Teremos que morar na mesma casa... (etc.)

Ébrio de amor

Lindomar Castilho
Lindomar Castilho

Ébrio de amor (1963) - Palmeira e Ramoncito Gomes

Tom: C

Introdução: C F C G7 C 
 
  C               G7            C 
 Tudo fiz para viver sempre contigo 
                           G7 
 Meu desejo era fazê-la feliz 
                           F 
 Mas a minha negra sorte traçoeira 
         G7                        C 
 Foi um outro quem roubou você de mim 
                 G7           C 
 Eu queria para sempre nesta vida 
        C7                    F 
 Ser o dono do teu corpo sedutor 
                                   C 
 Mas sou pobre não lhe ofereço riquezas 
     G7                           C 
 E você só quer me ver ébrio de amor 
 
    C  F  C  G7  C 
 
      C             G7             C 
 E assim eu vou seguindo o meu destino 
                                    G7 
 Com aquelas que compreendem minha dor 
                         F 
 Me confortam aliviando minha mágoa 
        G7                  C 
 Neste mundo infeliz e pecador 
                   G7           C 
 Reconheço, não mereço o seu carinho 
        C7                         F 
 Mas de ti não guardo ódio nme rancor 
                                   C 
 O que eu sinto é vê-la sem felicidade 
     G7                           C 
 E você só quer me ver ébrio de amor 
 
 Solo: C G7 C G7 F G7 C C7 F C G7 C 
 
  Falando: Mulher, a dor que trago 
 comigo, é como doce castigo que amarga 
 e dá prazer. O coração não esquece, o 
 vulto por quem padece. Mais sofre, mais 
 quer sofrer. Por isto nesta canção, eu 
 que tenho coração, não posso ficar 
 calado. Lhe digo mulher querida, que a 
 dor maior desta vida, é amar sem 
 ser amado. 
 
      C             G7             C 
 E assim eu vou seguindo o meu destino 
                                    C 
 Com aquelas que compreendem minha dor 
                         F 
 Me confortam aliviando minha mágoa 
        G7                  C 
 Neste mundo infeliz e pecador 
                   G7           C 
 Reconheço, não mereço o seu carinho 
        C7                         F 
 Mas de ti não guardo ódio nem rancor 
                                   C 
 O que eu sinto é vê-la sem felicidade 
     G7                           C 
 E você só quer me ver ébrio de amor 
           F                       C 
 O que eu sinto é vê-la sem felicidade 
     G7                           C 
 E você só quer me ver ébrio de amor 

Lindomar Castilho



Lindomar Castilho (Lindomar Cabral), cantor e compositor, nasceu em Rio Verde, GO, em 21/1/1940. Nascido em família de músicos, começou a aprender flautim, sanfona, gaita-de-boca, piano e violão ainda estudante do Colégio Salesiano.

Freqüentou o curso de direito até conseguir um cargo de escrivão em Goiânia GO. Por essa época, apresentava-se cantando e tocando violão em festas da faculdade, clubes, boates, além de participar de serenatas. Foi numa dessas serenatas, em 1963, que conheceu Palmeira (Diogo Mulero), diretor da Continental, que lhe sugeriu, para seu lançamento, o pseudônimo de Lindomar Castilho.

No final desse mesmo ano, gravou seu primeiro LP, Canções que não se esquecem, em que revivia os grandes sucessos de Vicente Celestino. Nessa época, lançou também sua primeira composição, Aleluia ao amor. Gravou ainda Alma, corazón y vida e Ébrio de amor (Palmeira e Ramoncito Gomes), um de seus maiores êxitos, que o levou a iniciar uma série de shows por toda a América Latina.

Lançou, pela RCA Victor, vários outros sucessos: Pureza (Osmar Navarro), Mamarracho (Franco, Valdez e Mony, versão de Sebastião Ferreira da Silva) e Corazón vagabundo (Marcos Pitter). Gravou também os LPs Eres loca de verdad, que incluía, entre outras, a música-título feita com Ronaldo Adriano, seu parceiro mais constante, O filho do povo e O incomparável Lindomar Castilho, pelo qual recebeu o cognome de El Nuevo Ídolo de las Américas.

Recordista em vendagem de discos, atuou em várias rádios e televisões, no Brasil e no exterior.

Na madrugada de 30 de março de 1981, no Café Belle Epoque, no bairro paulistano do Jardim América, matou sua ex-esposa, Eliane Aparecida de Grammont. Autuado em flagrante, foi condenado a 12 anos de prisão. Em 1988 recebeu liberdade condicional por bom comportamento.

Músicas, letras e cifras

Camas separadas
Ébrio de amor
Eu e a viola
Eu vou rifar meu coração
O andarilho
Você é doida demais.

CD

Muralhas da solidão, 1992, Movieplay ABW 83056.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Casquinha

Casquinha (Otto Henrique Trepte - Rio de Janeiro RJ 1/12/1922), compositor e cantor, criado no subúrbio de Osvaldo Cruz, começou compondo para um bloco carnavalesco local.

Pintor de paredes de profissão, a partir de 1948 passou a integrar a ala de compositores do G.R.E.S. da Portela. Estreou no disco em 1953, quando Avelino da Portela gravou na Musidisc seu samba Vem, amor. Ao lado de Candeia e outros, em 1963 integrou o conjunto Mensageiros do Samba.

Um de seus maiores sucessos, o samba Recado (com Paulinho da Viola), lançado em disco do grupo A Voz do Morro, foi regravado em 1974, desta vez na interpretação dele próprio, no LP História das escolas de samba: Portela, da gravadora Marcus Pereira.

Tocando tamborim e outros instrumentos de raspa e percussão, desde 1971 tem se apresentado em shows, inclusive no Teatro Opinião. Em 1973 formou o conjunto Tio Samba, que estreou na Rádio Roquete Pinto, no programa Quem Samba Fica, continuando a atuar até 1975. 

Nesse mesmo ano foi lançado O partido em cinco, o segundo LP em que, ao lado de Candeia, Joãozinho da Pecadora, Anésio e Velha, interpreta uma série de sambas de partido-alto.

Obra

Interesseira (com Jorge de Oliveira), samba, 1962; Maria Sambamba, 1969; Recado (com Paulinho da Viola), samba, 1965.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Luís da Câmara Cascudo

"Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço." Câmara Cascudo recriou a atmosfera da sua meninice, revelando os interesses que desde então o levariam a se tomar dos mais respeitáveis pesquisadores do folclore e da etnografia de nosso país.
Luís da Câmara Cascudo, folclorista, escritor e professor, nasceu em Natal, RN, em 30/12/1898, e faleceu na mesma cidade, em 30/7/1986. Filho único do coronel Francisco Cascudo, da Guarda Nacional, em 1918 iniciou-se no jornalismo, publicando ensaios e crônicas no jornal A Imprensa, mantido por seu pai, em Natal.

No mesmo ano transferiu-se para Salvador BA, onde fez o curso de medicina até o 4° ano. Desistindo da carreira de médico, resolveu estudar direito em Recife PE, formando-se em 1928. Ainda nesse ano iniciou-se no magistério, começando como professor de história do Brasil no Ateneu Norte-Rio-Grandense, em Natal, cidade onde sempre residiu.

Dedicando-se ao estudo das tradições populares e do folclore nacional, produziu uma obra copiosa, com imensa atividade em seu Estado, tendo criado (e participado de) diversas instituições culturais.

À frente de um grupo de intelectuais, foi o responsável pela primeira apresentação de uma chegança-de-mouros numa casa de espetáculos, realizada no Teatro Alberto Maranhão, de Natal, em 1926. Pesquisou e reabilitou folguedos populares brasileiros, lutando junto a órgãos oficiais para que protegessem essas tradições.

Fundador da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras em 1936, no mesmo ano orientou, juntamente com Valdemar de Almeida, o lançamento da revista Som. Designado “historiador da cidade de Natal” em 1948, por decreto do então prefeito Sílvio Pedrosa, no mesmo ano foi um dos responsáveis pela criação do curso de violão no Instituto de Música do Rio Grande do Norte, instituição de que foi (1960) nomeado presidente de honra.

Em 1951, com a criação da Faculdade de Direito, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi nomeado professor da cadeira de direito internacional público. Aposentando-se em 1966, recebeu o título de professor emérito dessa universidade, cujo Instituto de Antropologia recebeu o seu nome. Foi secretário do Tribunal de Justiça, aposentando-se em 1959 como consultor jurídico do Estado.

Em 1970 recebeu o prêmio Brasília de literatura, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Tradutor e anotador de obras fundamentais para o conhecimento da formação brasileira, realizou viagens de estudos à África, Europa e quase todo o Brasil.

Pertenceu a diversas entidades culturais do país, entre as quais o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Academia Nacional de Filologia, a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro e a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, tendo recebido condecorações e títulos honoríficos de várias instituições, tanto no Brasil como no exterior.

Autor de mais de 160 livros e de inúmeros estudos sobre a cultura brasileira, sua enorme atividade intelectual foi bibliografada por Zila Mamede (Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual. 1918-1968. Bibliografia anotada, 2 volumes em 3, Natal, 1970).

Principais obras

Viajando o sertão, Natal, 1934: Vaqueiros e cantadores, Porto Alegre, 1939; Antologia do folclore brasileiro, São Paulo, 1944 (2a. ed., São Paulo, s.d.; 3a. ed. aumentada, 2 volumes, São Paulo, 1965; 4 ed., São Paulo, 1971); Informação de história e etnografia, Recife, 1944; Contos tradicionais do Brasil, Rio de Janeiro, 1946 (2a. ed. revista e aumentada, Salvador, 1955); Geografia dos mitos brasileiros, Rio de Janeiro, 1947; História da cidade de Natal, Natal, 1947; Consultando São João, Natal, 1949; Anúbis e outros ensaios, Rio de Janeiro, 1951; Meleagro, Rio de Janeiro, 1951; História da imperatriz Porcina, Lisboa, 1952; Literatura oral, Rio de Janeiro, 1952; Cinco livros do povo, Rio de Janeiro, 1953; Contos de encantamento, Salvador, 1954; Contos exemplares, Salvador, 1954; Dicionário do folclore brasileiro, Rio de Janeiro, 1954 (2a ed. revista e aumentada, 2 volumes, Rio de Janeiro, 1954; 3a ed., Rio de Janeiro, s.d.; 3a ed. revista e aumentada (na verdade é a 4a ed.), 2 volumes, Rio de Janeiro, 1972); No tempo em que os bichos falavam, Salvador, 1954; História do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, 1955; Trinta “estórias” brasileiras, Lisboa, 1955; Geografia do Brasil holandês, Rio de Janeiro, 1956; Tradições populares da pecuária nordestina, Rio de Janeiro, 1956; Jangada — Uma pesquisa etnográ fica, Rio de Janeiro, 1957; Jangadeiros, Rio de Janeiro, 1957; Superstições e costumes, Rio de Janeiro, 1958; Rede de dormir, Rio de Janeiro, 1959; Dante Alighieri e a tradição popular no Brasil, Porto Alegre, 1963; Motivos da literatura oral da França no Brasil, Recife, 1964; Made in Africa, Rio de Janeiro, 1965; Flor de romances trágicos, Rio de Janeiro, 1966; A vaquejada nordestina e sua origem, Recife, 1966; Voz de Nessus, João Pessoa, 1966; Folclore do Brasil, Rio de Janeiro, 1967; História da alimentação no Brasil, 2 volumes, São Paulo, 1967; Mouros, franceses e judeus, Rio de Janeiro, 1967; Calendário das festas, Rio de Janeiro, 1968; Coisas que o povo diz, Rio de Janeiro, 1968; Nomes da terra, Natal, 1968; Locuções tradicionais do Brasil, Recife, 1970; Prelúdio da cachaça, Rio de Janeiro, s.d. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Carvalhinho

Carvalhinho (José Prudente de Carvalho), compositor, nasceu em Aracaju, SE, em 29/3/1913, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 30/7/1970. Aos 12 anos mudou-se para o Rio de Janeiro.

Autor de marchinhas e sambas, já na década de 1940 fazia sucesso nos carnavais, com Vou me acabar (com Romeu Gentil), 1945, e O periquito da madame (com Afonso Teixeira e Nestor de Holanda), 1947.

Em 1952 foi um dos compositores mais populares do Carnaval, quando a marchinha Acho-te uma graça (com Benedito Lacerda e Haroldo Lobo) foi gravada pelo locutor César de Alencar. No ano seguinte, novo êxito com a marchinha Cossaco.

Em 1956, a música mais cantada do Carnaval foi Quem sabe, sabe, que compôs com Joel de Almeida, aproveitando um jingle então muito popular no rádio e na televisão.

Seu maior sucesso foi o samba Madureira chorou (com Júlio Monteiro), lançado no Carnaval de 1958 e inspirado na morte por afogamento da estrela do teatro de revista Záquia Jorge, que se apresentava em um teatro daquele subúrbio do Rio de Janeiro. O samba foi gravado por Joel de Almeida e chegou a ser lançado na França com o título Si tu vas à Rio, em interpretação do grupo vocal Les Compagnons de la Chanson.

Para o mesmo Carnaval, compôs ainda, em parceria com Paulo Gracindo, o samba Derrubaram a galeria, que comentava o desaparecimento do Hotel Avenida e sua famosa Galeria Cruzeiro, ponto de reunião dos foliões carioca e reduto tradicional dos velhos Carnavais.

No ano seguinte, com o mesmo parceiro, obteve grande sucesso com a marchinha Vai ver que é . Entre seus últimos sucessos estão ainda Meu patuá (com Zilda do Zé e Jorge Silva), samba de 1964, premiado num concurso promovido pelo animador de televisão Chacrinha, e Saravá, com os mesmos parceiros, samba do ano seguinte, gravado por Orlando Dias.

Afastando-se do meio artístico para chefiar a seção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos da cidade de Sapucaia RJ, morreu logo depois.

Obra

Fiquei na saudade (c/Jorge Silva e Zilda do Zé), samba 1965; Madureira chorou (c/Júlio Monteiro), samba 1957; Quem sabe, sabe (c/Joel de Almeida), marcha, 1956.