segunda-feira, fevereiro 25, 2013

O primeiro Momo do Carnaval carioca

“Depois de ter sido boneco, Momo passou a ser gente e vai ter carteira de saúde”.

Deus zombeteiro, pândego, amante da galhofa, filho do sonho e da Noite, e que por seu comportamento irreverente foi expulso do Olimpo, como informa a mitologia, Momo é representado levantando a máscara e tendo na mão o cetro da soberania. Foi exatamente assim que o caricaturista Henrique Fleiuss o figurou em 1862 na sua Revista Ilustrada.

Muitos anos mais tarde, em maio de 1913, quando se exibia no Circo Spinelli, no boulevard 28 de Setembro, a peça Cupido no Oriente, o famoso palhaço negro, além de ser o autor interpretava o papel do ‘galhofeiro Momo’. Apresentado em traço caricatural, feito personagem teatral num picadeiro e depois concebido como ‘rei’, o carioca resolveu trazer esse alegre ‘monarca’ para presidir os festejos carnavalescos. Primeiramente exibiu-o como um boneco de papelão, que desfilou pela nossa principal avenida aclamado e alvejado por serpentinas. Depois, em carne, osso e gordura, fez igual passeio e teve a mesma recepção festiva.

Agora, neste expirante 1967, após o ‘soberano da folia’ ter sido encarnado por turfista, pasteleiro, jornalista, publicista e até agente funerário, a lei nº 1.455, de 12 do mês findo, dá-lhe foro oficial, conforme dispõe em quatro artigos e parágrafos. Teremos, já no próximo Carnaval, um Momo com 100 quilos (ou mais), medindo o mínimo de 1 metro e 65 centímetros e maior de 21 anos (sem exceder os 50).

Juntando-se ainda ao rol das exigências “ser portador de reconhecida idoneidade moral, exercer qualquer função condizente com a dignidade humana” e “apresentar atestado de saúde recente”, afora “possuir espírito carnavalesco comprovado”. Requisitos não muito fáceis de atendimento total, capazes de provar quanto custa a um ‘rei’, mesmo de brincadeira, pôr uma coroa que o sambista afirma “não ser de ouro, nem de prata, mas de simples lata”.

Nasce um ‘rei’

O primeiro Rei Momo não nasceu em maternidade alguma. Sua delivrance aconteceu na praça Mauá dentro da redação de A Noite em janeiro de 1933. Vasco Lima, gerente do movimentado vespertino, Fritz (Anísio Mota), caricaturista e mais o Palamenta (Edgard Pilar Drummond), cronista de esporte, e de Carnaval, foram os criadores do ‘monarca’.

Francisco Moraes Cardoso, redator de turfe, altão e gorducho, ao ser convidado por Vasco para representar Momo ao vivo topou prontamente a idéia. Como, devido ao volume do escolhido ‘rei’, não encontrassem em A Bola de Ouro (que alugava fantasias e roupas de gala) indumentária capaz de acondicionar altura e gordura do ‘soberano’, Fritz incumbiu uma costureira de teatro de confeccioná-la.

Na noite de 18 de fevereiro de 1933, Moraes Cardoso figurando com vistoso vestuário (inclusive coroa e cetro) S.M. Rei Momo, Primeiro e Único desembarcava com grande solenidade do vapor Mocanguê, alegando estar chegando de um país imaginário. O numeroso povo que A Noite em sucessivas notícias (escritas pelo hoje ‘imortal’ Raimundo M. Junior e pelo Palamenta) fez convergir para a Praça Mauá, com vivas e palmas recebeu calorosamente aquele que vinha reinar em nosso Carnaval.

Dali, Rei Momo refestelado em bonito carro a Daumont (que muitas vezes servira ao barão de Rio Branco e fora trazido de Petrópolis por Vasco Lima) rumou pela avenida Rio Branco num grande cortejo sempre sob aplausos entusiásticos. Estava então criado a personagem real que desse ano em diante veríamos presente em toda a temporada carnavalesca pontificando nos bailes, participando dos desfiles. E, como é natural, dando autógrafos, lançando proclamações folgazãs, designando-se na primeira pessoa do singular: “Eu, Rei Momo, resolvo, determino, ordeno...“

Outros ‘reis’ nasceram

Com a morte de Moraes Cardoso, depois de ter sido durante alguns anos Rei Momo, em companhia de seu secretário Pipoca (o ator Henrique Chaves) firmou-se a tradição no Carnaval carioca da continuação da figura do ‘soberano’. Sucederam-no, portanto, novos ‘reis’, dentre os quais Gustavo de Matos, Nelson Nobre, Joaquim Menezes, Abrahão Haddad e outros. Todos eles apresentaram como característica principal para a personagem a gordura e relativo espírito carnavalesco. Procuraram também observar o desembaraço e a movimentação necessária a um ‘monarca’, que, muito solicitado, tinha de participar de todos os eventos da época sob seu reinado. Agora, depois de haverem reinado vários Momo, eleitos ou escolhidos sem formalidade alguma, vai-se entronizar um oficialmente e até com atestado ou carteira de saúde.

Entregue a eleição do futuro Momo a cinco juízes que, em comissão, vão verificar o exato cumprimento do determinado na lei aludida, espera-se não apenas um ‘rei’ barrigudo (100 quilos) e alto (1m65). O importante e, parece, mais difícil, será a comprovação do ‘espírito carnavalesco’, coisa bastante rara no Carnaval destes últimos tempos, carente de humorismo, de galhofa, sem críticas e glosas nas suas realizações e muito preocupado com luxo e alegorias.

Foliões do estofo de um Roxura, Gostoso, Morcego, Peru dos Pés Frios, Jamanta, Mirandela, Bicohyba, Caribé, Chaby e mais alguns, já não existem. K. Veirinha e Chico Brício (do Bola Preta), Júlio Silva (do Bloco Eu Sozinho), Braguinha e poucos comprovadamente carnavalescos, na certa não terão interesse em ser Rei Momo sob medida do peso, de altura e com carteira de saúde. E teremos, ao que se prevê, um ‘rei’ de quase dois metros, gordão, saudável, mas de ‘espírito carnavalesco’ precariamente comprovado. 

(O Jornal, 19/11/67)
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Fonte: Figuras e Coisas do Carnaval Carioca / Jota Efegê: apresentação de Artur da Távola. —2. ed. — Rio de Janeiro: Funarte, 2007. 326p. :il.

O confete surge no Carnaval

"Quando o confete surgiu formaram um trust para valorizar o preço".

Antes havia o entrudo. Era brutal, grosseiro. O Paiz, numa resenha de quarta-feira de cinzas, referente aos festejos carnavalescos de 1885, contra ele se manifestava a 18 de fevereiro condenando-o com veemência. Escrevia, então: “O entrudo, com a sua brutal expansão, perturbou ainda a ordem dos folguedos, estragando as roupas mais custosas e cuidadas e provocando desordens e rixas”.

E prosseguia mostrando a violência daquilo a que chamavam divertimento: “Os amadores mais apaixonados não se contentavam com os limões de qualquer diâmetro, era aos baldes d’água que brincavam”. Gracejo estúpido, selvagem, pois, como concluía o jornal, “algumas ruas ficaram completamente alagadas com o aguaceiro caído sobre os que por elas tiveram a infelicidade de passar”.

Assim, quando as autoridades atendendo aos reclamos de toda a imprensa e da maioria da população proibiram terminantemente o absurdo recreativo, os aplausos vieram de todos os lados. Surgia também, poucos anos depois, um acessório gracioso para animar os festejos de Momo na metrópole carioca: o confetti, grafado, com dois tês, na fidelidade que se prestava à sua procedência parisienne.

Isto em junho de 1892, quando foi realizado o Carnaval (transferido da época própria devido à febre amarela), e o aparecimento dos papeizinhos multicores foi saudado efusivamente. Logo, os comerciantes, que jamais dormiram no ponto, viram na novidade um meio de aumentar o faturamento. Formaram um trust, ou sindicato, como se dizia quando a pletora de americanismos ainda não vingara em nosso linguajar para explorar a venda do novo produto carnavalesco.

Monopólio ou sindicato ou trust

Chegado ao Brasil como art nouveau, como o chique da festa carnavalesca e classificado pela imprensa de “inocente brincadeira, muito agradável e elegante”, os comerciantes que o importaram atraíram vultosa freguesia. Alguns o vendiam a 2$000 (dois mil réis) o quilo. Outros cobravam mais e justificavam que seus confetti eram “parisienses genuínos, de variadas cores políticas, sem areia, nem salicilato, nem papéis de jornais”. Justificavam com esse esclarecimento o seu preço de 3$000 e ao mesmo tempo deixavam claro que alguns concorrentes adicionavam corpos estranhos ao produto possivelmente não legítimo, não genuíno de Paris. Tudo no ambiente competitivo do meio, caracterizando aquele tempo a hoje tão propalada ‘livre iniciativa’ e quando nem se sonhava com as malsinadas Cofapes, Cecepés, Sunabes e quejandas administrando operações mercantis.

Não satisfeitos com a crescente procura que o artigo tinha, os comerciantes tentavam mais ganho. Surgiu, portanto, no aludido O Paiz, de 21 de junho do ano citado, ao lado de uma notícia de que “diversos grupos pretendem fazer batalhas de confetti, como em Paris e Nice, hoje, à tarde, entre as ruas do Ouvidor e Teatro”, nova denúncia. Tinha o título “Não Dormem”, e dizia: “Acha-se em vias de formação uma companhia com o capital de 1.000 contos para explorar os confetti no próximo Carnaval. Mil contos!”

Isto, porém, não era tudo. O mais grave aparecia em outro suelto, sempre no mesmo matutino e em igual data: “Consta ter sido formado, ontem, um sindicato para comprar todos os confetti parisienses existentes no Rio de Janeiro para aumentar o preço. Se tal acontecer façam greve os compradores. Olho vivo”. Tinha-se, desse modo, o Carnaval através do gracioso confete propiciando o monopólio, o sindicato ou o agora chamado trust.

Restrição, minguante, sumiço

De grande procura em 1892 quando se assinalou seu aparecimento no Rio ao mesmo tempo que nas cidades européias, o confete, já com a grafia abrasileirada, chega aos nossos dias mas sem o domínio de outrora. Agora ele vem rareando e já não acontece — como nos fala Eneida em sua História do Carnaval carioca — “a Rua do Ouvidor e as adjacências ficaram, em alguns pontos, como verdadeiras alcatifas de confete de 30 e mais centímetros de espessura”. Os arremessos que antes se faziam fartos, as mãos transbordantes, são agora parcos e caem sobre os alvejados como chuvinha miúda, quase permitindo que se identifique as cores e a quantidade numa conta exata e capaz de não ultrapassar duas ou três dezenas.

De origem discutida, uns dão a Itália como sua procedência e ligam-no ao termo "confetto", ao mesmo tempo que consignam a invenção a Ettore Fenderls, falecido em novembro último na cidade de Vittorio Veneno, na Itália, com 104 anos. Outros a contestam e apontam o comerciante francês Le Malin Cassin como o criador da novidade. Há mais a afirmativa de Morales de los Rios reivindicando para a Espanha a procedência e dando-lhe o nome simples e intuitivo de papelillos ao mesmo tempo em que surge o abrasileiramento papelinhos ou papeizinhos para uso correntio.

O certo é que o confete surgiu no Brasil como parisien, servindo de arma graciosa para batalhas e provocando a gula de comerciantes ávidos de um faturamento abundante. Objetivo que conseguiriam unindo-se em um sindicato, ou falando modernamente, formando um trust.
(O Jornal, 22/01/67)

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Fonte: Figuras e Coisas do Carnaval Carioca / Jota Efegê: apresentação de Artur da Távola. —2. ed. — Rio de Janeiro: Funarte, 2007. 326p. :il.

sábado, fevereiro 16, 2013

Angelita Martinez


Angelita Martinez, atriz, cantora e bailarina, nasceu em São Paulo, SP, em 17/05/1931, e faleceu na mesma cidade em 13/01/1980. Era filha do jogador Bartô Guarani, que fez sucesso no Clube Paulistano. Começou sua carreira artística na década de 1950, no  Teatro de Revista. Foi uma vedete de um visual incrível, tanto que figurou na lista das "Certinhas do Lalau".

Entre vários prêmios que recebeu, destaca-se o de "Rainha das Vedetes", em 1958. Estreou no cinema em 1960, no filme Pequeno por Fora.

Em 1962 Angelita alcançou enorme sucesso com a marcha Mané Garrincha, em homenagem ao jogador de futebol Garrinha, composta por Jorge de Castro, Wilson Batista e Nóbrega de Macedo.

Em 1966, fez o filme 007 1/2 no Carnaval. Fez poucos filmes, dedicando-se mais à carreira de cantora e bailarina.

Na década de 1960, apresentou na televisão o programa "Espetáculos Tonelux". Morreu em 13 de Janeiro de 1980, aos 48 anos de idade, vítima de leucemia, em São Paulo.



Gravações

Bolha d'água (Jorge de Castro e Wilson Batista) 1959 Marcha
Coitada da Madame Butterfly (C. Morais, L. de Carvalho e Utrini) 1964 Marcha
Ilha do sol (Jota Junior e João de Barro) 1966 Marcha
Mais uma taça (sobre basquetebol) (Jorge de Castro e Wilson Batista) 1958 Samba
Mané Garrincha (Jorge de Castro, W. Batista e Nóbrega de Macedo) 1958 Marcha
Mangueira meu berço (Wilson Batista, Jorge de Castro e Átila Nunes) 1959 Samba
Marcha da Tosca (Carlos Moraes) 1966 Marcha
Maus conselhos (Nóbrega de Macedo e Jose Batista) 1958 Samba
Rainha da Mangueira (Ary Barroso) com Jorge Veiga 1971 Samba

Fonte: Memória da MPB

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Romeu Arêde, o "Picareta"

Romeu Arêde
"Um Romeu apaixonado que o carnaval consagrou como Picareta". Em janeiro de 1918, os ‘apaixonados’, que haviam constituído um bloco (agremiação recreativa), realizavam, no dia oito, um ‘carruscuba’, baile à fantasia, e os anúncios aparecidos nos jornais eram firmados por Picareta. Tinha ele o cargo de secretário do agrupamento e, consoante a tradição momística, seu nome civil — aquele que foi dado e ficou constando dos documentos — deveria, sempre, nas manifestações foliônica, ser relegado. Romeu Arêde, embora sendo a mesma pessoa, tinha uma característica grave e só aparecia em assuntos sérios, importantes, isentos ao contágio carnavalesco.

Assim, nos idos de 1920, ao se iniciar no jornalismo em A Pátria como auxiliar do K. Noa (Antonio Velloso), cronista de Carnaval desse matutino, já era com o apelido de Picareta que aparecia no noticiário. Sendo um ‘apaixonado’ (ainda que apenas carnavalesco), seu nome Romeu, legítimo, confirmado no batismo religioso, seria propício, ou ‘a calhar’, se preferirmos a prosódia lusa. Mas, habilidoso, sabendo meios e modos de conseguir, de cavar as coisas, sugeriu, fácil e intuitivamente, a ferramenta que lhe serviu de alcunha. Ficou sendo Picareta entre os companheiros do bloco e, depois, consagrado nas lides da imprensa e do Carnaval.

Batizado no ‘ninho dos suspiros’

Quando, em 31 de dezembro de 1914, alguns carnavalescos fundaram o Bloco dos Apaixonados e o instalaram na Rua Senador Pompeu nº. 128, ao mesmo tempo em que adotaram as cores branco e roxa denominaram a sede ‘ninho dos suspiros’. Observavam a praxe estabelecida pelos coirmãos: os Fenianos recreavam-se no ‘poleiro’, os do rancho Flor do Abacate no ‘galho’ etc., etc. Romeu Arêde, funcionário da já naquele tempo malsinada Estrada de Ferro Central do Brasil, integrando-se entre os ‘apaixonados’ deveria, também, como seus companheiros Patuscada, Papagaio, Cavaignac e outros, ter apelido.

Escolhida a alcunha e tornada usual — pois no bloco ninguém mais ousava chamá-lo Romeu — faltava, no entanto, proceder-se ao ritual galhofeiro do ‘batismo’. Profana, com o estourar de uma garrafa de champanha cujo líquido se deixou propositadamente molhar fartamente a cabeça de ‘pagão’, essa solenidade se realizou durante um sarau dançante. Na noite de 6 de outubro, quando o baile, animado pelo pianista oficial do bloco, Jayme Arêde (irmão de batizado), atingia ao auge, ela ocorreu. Estava presente o Vagalume (Francisco Guimarães) e, em justa homenagem — pois além de representar o Jornal do Brasil era ele um dos baluartes da crônica carnavalesca — escolheram-no como paraninfo (padrinho).

Na imprensa a serviço de Momo

Renunciando à sua qualidade de ferroviário, Romeu Arêde dedicou-se inteiramente ao jornalismo. Em 1922, com o aparecimento do vespertino Vanguarda, o pseudônimo Picareta estava em suas páginas na coluna dedicada ao Carnaval. Tinha, desde então, a qualidade de titular e trazia para o bom desempenho, aliada à sua militância de ‘apaixonado’ carnavalesco, a prática que adquirira como auxiliar do K. Noa no diário fundado por João do Rio. Proporcionava aos leitores ocasionais de sua página e aos que interessados nos festejos de Momo eram assíduos, um noticioso vasto, detalhado, ao qual se juntavam croniquetas chistosas e ferinas.

A par de sua atividade jornalística promovia e incentivava realizações animadoras do Carnaval tais como batalhas de confete bailes e competições. Tornava-se em pouco tempo um dos maiorais dividindo com seus colegas Vagalume, K. Noa, Raboje (do Jornal do Commercio), Barulho (de A Noite), e Fofinho (do Correio da Manhã), o estrelato da crônica carnavalesca. Filiando-se à Turma dos Cronistas Carnavalescos, mais tarde dela se desligava e fundava o Centro de Cronistas Carnavalescos onde ocupou vários cargos em sua direção. Com tão expressivo cartel, foi ele escolhido para substituir no Jornal do Brasil, em 1930, Ephraim de Oliveira (o Meúdo), sucessor do já citado Vagalume. Afora o prestígio que lhe dava a tradição carnavalesca do veterano órgão, Picareta passou então a dominar, graças, principalmente, ao fato de ter coluna permanente para cuidar de recreativismo durante todo o ano.

Carnaval sem cronistas de ofício

Em maio de 1941, precisamente no seu segundo dia, Picareta falecia num leito do Hospital Gaffrée-Guinle, deixando nome e pseudônimo inteiramente ligados ao Carnaval carioca. Sepultado no cemitério de São Francisco Xavier, teve presente ao seu enterramento numerosa assistência composta por muitos daqueles ‘apaixonados’ com os quais formou um bloco e por gente que com ele folgou nos dias do reinado de Momo. E, por significativa coincidência, a despedida que à beira de sua campa faziam seus amigos e admiradores teve como intérprete Antônio Velloso (o K. Noa), o colega que o iniciara no jornalismo vinte anos antes.

Hoje, a valorização do espaço, a reformulação do espírito carnavalesco e outros fatores facilmente identificáveis, levaram a imprensa a restringir a assistência ampla e constante que dava ao assunto Carnaval. Desaparece ele de suas páginas por quase todo o ano e só nos primeiros meses, os que foram chamados ‘pródromos da folia’, reaparece como noticiário informativo apenas, isento de glosas e galhofas. Conseqüentemente os cronistas carnavalescos de ofício, morrendo quase todos, não tiveram continuadores. Justo, portanto, recordar-se um deles, que se chamava Romeu, foi ‘apaixonado’ e consagrou-se como Picareta.
(O Jornal, 11/07/65)

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Fonte: Figuras e Coisas do Carnaval Carioca / Jota Efegê: apresentação de Artur da Távola. —2. ed. — Rio de Janeiro: Funarte, 2007. 326p. :il.

Jovem Guarda: os brotos comandam

Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos.

"A jovem guarda foi a materialização de tudo aquilo com que os pioneiros do rock brasileiro sonhavam. A música pop movida a guitarras provocando nas ruas cariocas, paulistas, gaúchas e pernambucanas a mesma revolução romântica que os adolescentes de londres ou da califórnia experimentavam. De repente, não havia mais “adultos em preparação” ou “crianças crescidas”. Havia jovens. E agora eles davam as cartas."

"Domingo, 22 de agosto de 1965. Faltam poucos minutos para as aguardadas 16h30, e garotas e garotos (todos evidentemente com menos de 20 anos) esperam excitados e ansiosos por seus ídolos na platéia do Teatro Record, na Rua da Consolação, em São Paulo. Quando finalmente as gravações se iniciam, quem está no comando é Roberto Carlos, que, logo de saída, anuncia o seu “amigo, Erasmo Carlos!” A malta delira com o andar do adorável grandalhão. Os dois cantores-compositores-parceiros mais a loirinha mineira Wanderléa, dona das pernas mais famosas do pop brasileiro da época, são o centro do programa e introduzem um desfile de convidados ilustres. Na edição de estréia, passaram pelo palco Os Incríveis (nova encarnação beat do The Clevers dos tempos de rock instrumental), Tony Campello, Rosemary, The Jet Black’s, Prini Lorez e Ronnie Cord.

O sucesso imediato do programa Jovem Guarda era fruto da percepção empresarial do dono da TV Record, Paulo Machado de Carvalho, mas também (e principalmente) resultado da ebulição cultural que conspirava em favor da juventude. A locomotiva de tudo era o monstruoso sucesso dos Beatles, que, depois de tomar de assalto os Estados Unidos um ano antes, consolidou a dominação mundial com o longa-metragem Os Reis do Ié, Ié, Ié! (A Hard Day’s Night), um dos filmes mais lucrativos da história do cinema.

No Brasil, Roberto Carlos já era um ídolo jovem bem antes de haver notícia sobre os cabeludos ingleses, graças a hits como “Splish Splash” e “Parei na Contramão” (1963), “É Proibido Fumar” e “O Calhambeque” (1964). Em paralelo, milhares de jovens – migrantes como Roberto Carlos – corriam para os grandes centros urbanos, na trilha da industrialização, em busca de emprego, ascensão social e espaço na sociedade moderna.

Além de responder à demanda por um novo espaço na televisão sintonizado com aquele momento cultural e social, a idéia do programa Jovem Guarda surgiu como uma alternativa para ocupar a grade de programação dominical da TV Record em lugar da transmissão dos jogos do Campeonato Paulista de Futebol, que havia sido proibida. Originalmente, o programa seria chamado de Festa de Arromba (hit de Erasmo Carlos), mas acabou sendo trocado por insistência dos próprios artistas, que achavam que o nome perderia força com a saída da música das paradas de sucesso. Por sugestão do publicitário (comunista) Carlito Maia, foi adotado o nome Jovem Guarda, retirado de uma expressão do líder revolucionário soviético Vladimir Lênin – “O futuro pertence à jovem guarda, porque a velha está ultrapassada”. Pertencia mesmo, a ponto de valer a mudança de Roberto Carlos para São Paulo, onde, segundo a imprensa da época, o cantor teria condição de “estourar” nacionalmente.

Além do nome do programa, também sua própria formatação original foi alterada. O projeto inicial previa Roberto e a estabelecidíssima rainha do rock brasileiro, Celly Campello. Mas Celly estava resoluta em sua nova vida doméstica e nenhuma proposta conseguiu demovê-la a voltar ao mundo artístico.

Indústria

Logo nas primeiras semanas, Jovem Guarda atingiu 90% de audiência, segundo o Ibope. Com um padrão de produção inexistente até então, além de música, o programa incrementou uma verdadeira indústria à sua volta, com venda de botas, calças, jaquetas, anéis, bonequinhos e outras quinquilharias. O passo seguinte, o cinema, começou a ser arquitetado no início de 1966. Sob direção de Luiz Sergio Person e produção da mesma agência Magaldi, Maia & Prósperi, que cuidava dos outros produtos licenciados, Roberto, Erasmo e Wanderléa começaram as filmagens de SSS contra a Jovem Guarda. Apesar do roteiro pronto e de diversas cenas rodadas, o longa foi interrompido logo que Roberto rompeu com a agência. Sua carreira cinematográfica só deslancharia em 1968, com Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, de Roberto Faria.

Aparentemente ingênua, a poesia jovem-guardista falava para milhões de brasileiros com uma linguagem direta, nada intelectualizada e, no caso de Roberto Carlos, com uma particular e cativante doçura. No universo poético do iê-iê-iê cabiam a paixão por carros, a solidão das grandes metrópoles, os amores impossíveis, os tipos estranhos, como uma síntese saudosista dos anos 50 com a contemporaneidade pop dos super-heróis, das revistas em quadrinhos, dos seriados de TV. Se Chico Buarque de Hollanda foi o grande poeta da consciência nacional dos “anos de chumbo”, Roberto Carlos foi o poeta popular que confortou as almas jovens, dando-lhes esperança de, pelo menos, se apaixonarem sinceramente por alguém. Enquanto Erasmo encarnou o lado irreverente da jovem guarda, Roberto Carlos foi uma espécie de pós-James Dean suburbano, romântico e humilde.

O problema é que essa análise sociocultural e artística não existia em meados dos anos 60. Tão logo o programa entrou no ar, diversos expoentes da tradicional MPB e da intelectualidade oficial decidiram declarar “guerra” ao iê-iê-iê de Roberto Carlos e à jovem guarda . Num dos maiores micos da história da música brasileira, um grupo de artistas encabeçado por Elis Regina, Jair Rodrigues, Edu Lobo, Geraldo Vandré e MPB-4 (e com participação de um constrangido Gilberto Gil) foi às ruas em manifestação que ficou conhecida como a “Passeata contra as Guitarras Elétricas”. Mesmo apresentada como um protesto “contra a invasão da música estrangeira”, a mobilização não atraiu artistas mais abertos, como Caetano Veloso e Nara Leão (que se recusaram a participar) e Chico Buarque (que simplesmente não apareceu). Justiça seja feita: alguns anos depois, Elis Regina redimiu-se do equívoco gravando músicas de Roberto Carlos.

Se Roberto incomodava os conservadores, mais controvérsia ainda provocava Erasmo Carlos, o lado mais radical da jovem guarda, o mais jovem e mais rebelde da turma. Autor da clássica versão de “Splish Splash”, primeiro grande sucesso de Roberto, e co-autor da maior parte dos hits seguintes do “Brasa”, Erasmo só estrearia em disco no final de 1964. O Tremendão (que, naquela época, “já tinha umas idéias avançadas”, como diria o tecladista Lafayette muitos anos depois) antecipou diversas novidades, como o órgão Hammond B3 do próprio Lafayette, que se transformou em marca registrada do som jovem-guardista. Logo após a estréia do programa televisivo, Erasmo saiu à frente das discussões entre emepebistas e roqueiros, defendendo um tal de “samba jovem” – que, anos mais tarde, desembocaria no samba-rock tão cultuado hoje em dia.

Já a mineira Wanderléa, apesar da postura contida no palco da TV Record, simbolizou um grande avanço no perfil da cantora de rock nacional – quiçá internacional. Seu som por vezes agressivo (como em “Prova de Fogo”), aliado às roupas ousadas e modernas, em especial as calças justíssimas, fizeram dela um modelo comportamental para as jovens da época. Sua própria presença no programa entre dois homens (em vez do casal tradicional como Elis e Jair Rodrigues no Fino da Bossa ou Tony e Celly Campello no Crush em Hi-Fi) já sugeria um novo papel reservado às mulheres “pra frente”. Não à toa, sua carreira resistiu ao fim do iê-iê-iê, produzindo música interessante por muitos anos além.

Movimento

Ainda na carona do sucesso do programa, um ano depois de sua estréia, a TV Record organizou o Festival de Conjuntos da Jovem Guarda, com eliminatórias em diversas regiões do país que mobilizaram milhares de grupos e cantores. Na final, realizada em São Paulo, também sob o comando de Roberto Carlos, classificou-se em primeiro lugar o grupo paulista Loupha, de orientação psicodélica, com uma cover para “I Can’t Let Go”, dos Hollies. Em segundo lugar ficaram os gaúchos d’Os Cleans. Entre os intérpretes, o vencedor foi o mineiro Vic Barone. Oficialmente, Jovem Guarda deixava de ser um programa de TV para se transformar em um movimento, com enorme capacidade multiplicadora, fazendo brotar um novo grupo de guitarras em cada esquina do país. (Estrategicamente, Roberto assumiu a paternidade da coisa toda, lançando logo em 1965 o álbum Jovem Guarda, que trazia o megahit “Quero Que Vá Tudo pro Inferno”).

Os astros instantâneos e as carreiras meteóricas surgidas em volta do iê-iê-iê ajudaram a forjar uma identidade profunda e verdadeira para o rock produzido no Brasil. Apesar da sintonia comportamental com a beatlemania que grassava o planeta, o iê-iê-iê, na realidade, compartilhava influências com o som dos Beatles mais do que o reproduzia – na receita, rock americano primitivo, o “som da Motown”, surf rock e pop pré-fabricado internacional. Ainda que apolíticos, os astros da jovem guarda eram afinados cultural e esteticamente – algo que se estenderia, anos depois, para a tropicália, por exemplo.

Entre os principais “contribuintes” desse núcleo original do iê-iê-iê, destacaram-se cantores como Ronnie Von, Eduardo Araújo, Jerry Adriani, Sérgio Reis, Wanderley Cardoso, Bobby di Carlo (de “O Tijolinho”), Ed Wilson e cantoras como Meire Pavão, Valdirene, Cleide Alves, Rosemary, Silvinha e Vanusa. Ainda alcançaram grande projeção as duplas e os grupos vocais, como Os Vips, Deny e Dino, Golden Boys, Os Caçulas, Leno & Lilian e Os Iguais (que revelou Antônio Marcos), entre outros.

Ronnie Von, em particular, talvez tenha representado a maior ameaça ao reinado de Roberto Carlos. Arrebatadoramente belo, cabelos longos e lisos, filho da aristocracia carioca, Ronnie também era contratado da TV Record, mas O Pequeno Mundo de Ronnie Von era exibido nas noites de sábado. Depois do sucesso de uma versão de “Girl”, dos Beatles (transformada em “Meu Bem”, obviamente sem as referências à maconha da original), o cantor conquistou rapidamente o epíteto de “Príncipe” – claro que numa provocação velada da mídia em relação ao “rei” Roberto. Pelo Pequeno Mundo, passaram principalmente grupos de garagem de São Paulo, notadamente Os Mutantes, a quem ele deu o nome. Dali a pouco, insatisfeito com o rumo comercial de sua carreira, Ronnie partiria para uma série de trabalhos experimentais, voltados para a psicodelia e o pop barroco e outras vertentes tão radicais como seus “concorrentes” nem sonhavam.

Também Eduardo Araújo – a bordo de seu “carro vermelho, sem espelhos”, e com um programa próprio, O Bom – atingiu grande sucesso popular. Egresso da geração anterior, ele teve um relativo sucesso com a gravação de “Prima Daisy” em 1960. Com o estouro da jovem guarda, fez grande sucesso com a música-título de seu programa – e também como autor, junto com Carlos Imperial, de “Vem Quente Que Estou Fervendo”, lançada por Erasmo.

Entre as bandas, curiosamente, as principais eram egressas do rock instrumental e da surf music. Os Youngsters (que gravaram com Roberto Carlos o clássico álbum É Proibido Fumar, de 1964), eram The Angels no início dos anos 60. Os Incríveis, talvez a melhor reunião de bons músicos de todo o movimento, atendiam por The Clevers. É esse também o caso de um grupo que começou em 1960 com o esdrúxulo nome de Bacaninhas do Rock da Piedade e se transformou na principal formação jovem-guardista: Renato & Seus Blue Caps.

Liderada pelos irmãos Paulo César e Renato Barros, a banda carioca estreou dividindo um LP com os cantores Reynaldo Rayol e Cleide Alves e chegou a ter Erasmo Carlos como vocalista. Seu primeiro sucesso nacional veio em janeiro de 1965, uma versão de “I Should Have Know Better”, dos Beatles, que se transformou em “Menina Linda”. Apesar de grande compositor (como atestam os hits “A Primeira Lágrima” e “Devolva-Me”), Renato Barros acabou célebre como versionista, principalmente de canções do repertório beatle, mas também de raridades dos Troggs, Yardbirds e Del Shannon. Renato também marcou época como instrumentista: ao lado do Hammond B3 de Lafayette, sua guitarra fuzz é das principais marcas da “sonoridade jovem guarda”.

O iê-iê-iê teve sua geração de grandes compositores (Getúlio Côrtes, Lílian Knapp, Helena dos Santos, Roberto e Erasmo etc.), mas, devido à rápida e massiva industrialização do movimento, os maiores sucessos vinham das mãos de versionistas. Em muitos casos, compositores trabalhando com tamanha competência que deram status de “original” para versões de pop italiano, “one hit wonders” e até mesmo obscuros “singles” de bandas de garagem. Os principais foram Fred Jorge e Rossini Pinto, hábeis em recriar canções estrangeiras, adaptando-as à realidade nacional. Especialmente na CBS, o berço da jovem guarda, a produção de versões funcionava como uma linha de montagem, sob a gerência de Evandro Ribeiro. Os singles chegavam da matriz, eram selecionados e direcionados aos artistas mais adequados e então repassados às mãos competentes de Rossini Pinto, especialmente.

Cafona?


A relação da jovem guarda com o rock vigente não era das melhores, com uma nítida separação entre os dois movimentos. Os roqueiros mais tradicionais, fiéis aos padrões externos em voga, recusavam-se a aceitar a linguagem jovem-guardista, classificada por eles como “cafona”. Essa separação só seria rompida pelo tropicalismo, que passou a incorporar em seu repertório canções de Roberto Carlos, especialmente nos primeiros discos “psicodélicos” de Gal Costa.

Nesse sentido, é célebre o artigo de 1972 de Jorge Mautner para o jornal Rolling Stone, em que o poeta-escritor-músico afirmava que “Roberto Carlos é puro instinto empírico e produto de uma sociedade de massas; o primeiro pan-americano da ‘mídia’ e do pop”. Segundo ele, “Celly introduziu o rock com batida de fox, mas não tornou isso um produto sincretizado (...). Roberto torna isso um produto complicado, sintetizando-o com uma alma e melodia brasileiras, fabricando um inconfundível produto pan-americano”. Talvez por tudo isso, o Rei tenha conseguido, melhor do que ninguém, atravessar as diferentes “ondas” a que o pop se submeteu a partir de 1967.

O peso da indústria fonográfica sustentado pela jovem guarda foi inclemente com a maioria dos que nutriam ambições artísticas verdadeiras. “Quando eu vi na televisão Jimi Hendrix e The Who vi quebrando guitarras, pensei: ‘Agora a gente dançou!’”, lembra Renato Barros. “A música mudou muito no final dos anos 60. Fazíamos muita coisa contra nossa vontade, só porque era a ‘fórmula do sucesso’. Trabalhávamos dentro das normas.”

Em junho de 1968, após o afastamento de Roberto Carlos, o programa Jovem Guarda chegou ao fim. Com ele, o movimento musical e comportamental que o sustentou. Ainda hoje desprezada por boa parte dos teóricos e historiadores, a jovem guarda, representou, nas palavras do Tremendão Erasmo Carlos, “a bandeira de todos os jovens do Brasil”. Assim foi, e assim deve ser compreendida."

Texto: Fernando Rosa.

Fonte: Revista Superinteressante - Outubro 1987.

Fred Jorge

Fred Jorge (Fued Jorge Jabur), compositor e novelista, nasceu em Tietê, SP, em 31/5/1928, e faleceu em São Paulo, SP, em 20/10/1994. Começou a aprender piano ainda criança e quando estudante, organizava shows no colégio.

Depois de se formar no curso normal, mudou-se para São Paulo, a fim de iniciar sua carreira, e ingressou na Rádio São Paulo no final dos anos 1940, onde em pouco tempo se firmou como novelista, gênero que estava em início e publicou, naquele tempo fantasias denominadas Cartas de Amor, obra com quatro volumes.

Viajou para os Estados Unidos por um ano. Retornou a São Paulo, "versionista" da música moderna americana, traduzindo para o português os grandes sucessos musicais dedicados a juventude. Foi produtor de televisão do canal 7 Rádio Record, e detentor do prêmio Roquete Pinto como melhor novelista de 1964. Foi também jornalista profissional tendo vários livros publicados na série popular destacando-se dentre eles Vida de São Judas Tadeu e Vida de Arigó.

Também participou do movimento da Jovem Guarda e atuou como compositor sendo o autor de uma das músicas que mais fez sucesso em 1970, gravada por Roberto Carlos, intitulada A palavra adeus.

Fred Jorge trabalhou na Rádio Capital como produtor executivo, transferindo-se depois para a CBS. Escreveu mais de 100 músicas, incluindo versões, adaptações e composições. Algumas de suas músicas são: Estúpido Cupido (Celly Campello), Lacinhos-cor-de rosa (Celly Campello), Diana (Carlos Gonzaga) e Todos os meus rumos (Roberto Carlos).

No final de sua vida, retornou à cidade onde nascera, vivendo pobremente na mesma casa em que vira a luz. A revista Veja chegou a comentar o fato de que um recordista da autoria de discos e livros vivesse de parcos rendimentos do INSS e nenhum direito autoral.

Obras

A noiva, A palavra adeus, Adão e Eva (c/ Paul Anka), Banho de lua (c/ Fillipi e Migliacci), Billy (c/ J. Arcehy), Biologia (c/ S. Edwards e S. Wayne), Diana (c/ Paul Anka), Escada para o céu (c/ Neal Sedaka e H. Greenfield), Espere um pouco, Estúpido cupido (c/ Neal Sedaka e H. Greenfield), Eu quero o seu amor (c/ S. Wayne e B. Reichner), Foi teu beijo (c/ Paul Anka), Frankie (c/ N. Sedaka e H. Greenfield), Isto é adeus (c/ Paul Anka), Jonny Kiss (c/ Gelmini e Danpa), Lacinhos cor de rosa (c/ M. Grant), Lago dos cisnes (c/ Tchaikowisk), Livro do coração (c/ David e Pockriss), Meu coração canta (c/ Rome, Jamblan e Herpin), Minha cidade (c/ Paul Anka), Muito jovem (c/ L. S. Roberts), Não adianta nada, Não me deixe amor (c/ Schroeder e B. Weisman), Não posso te esquecer (c/ Don Gibson), Não tenho namorado (c/ G. M. Caballero), Nem sei seu nome (c/ Ricardo Reis), O diário (c/ Neal Sedaka e H. Greenfield), O prisioneiro (c/ E. Bernstein e M. David), Os dias de verão (c/ C. Tobias e H. Carste), Paraíso (c/ Tommy Standen), Pequeno príncipe (c/ Tommy Standen), Pobre de mim (c/ Sheeley), Podes chorar (c/ Paul Anka), Querida (c/ Bob Golsborough), Se eu partir, Sem o seu amor (c/ Neal Sedaka e H. Grenfield), Soldadinho de chumbo (c/ Tommy Standen), Somewhere out there (Preciso de você) (c/ James Horner, Barry Mann e Cynthia Weil), Tenha pena (c/ J. Ergue e S. Lawrence), Trem do amor (c/ Paul Anka), Tudo o que eu sonhei (c/ N. Sedaka e H. Greenfield), Túnel do amor (c/ Patty Fischer e Bob Roberts), Twist internacional (c/ Kal Mann), Twist outra vez (c/ Kal Mann e Dave Appelli), Uma guitarra e um copo de vinho (c/ Ricardo Reis), Velha paineira, Você já me esqueceu.

Fonte: Wikipédia.

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Célia Villela

Célia Villela, cantora, nasceu em Belo Horizonte, MG, em 24/11/1939 e faleceu em Petrópolis, RJ, em 2005. Iniciou a carreira discográfica em 1955, e gravou alguns discos de 78 RPM até passar a fazer parte da primeira geração do Rock brasileiro por volta de 1960.

Nesse ano gravou seus dois grandes sucessos: Conversa ao telefone, versão de Fred Jorge para Pillow talk (Peper e James), e Trem do amor, versão também de Fred Jorge para One Way Ticket To The Blues (H. Hunter / J. Keller), ambas lançadas num mesmo 78 RPM pela gravadora RGE, e incluídas no primeiro LP de Célia, E Viva a Juventude!!!, lançado em 1961.

O segundo LP de Célia Villela, F-15 Espacial, somente foi lançado em 1964. Teve do programa de TV "Célia, Música e Juventude" na TV Continental do Rio de Janeiro, além de "Na Roda do Rock" pela Rádio Globo, tendo se transferido depois para a Rádio Guanabara. Casou com o músico Carlos Becker, ex integrante do grupo The Angels, bem como seu irmão, Sérgio Becker.

Abandonou a carreira antes do estouro da Jovem Guarda e a partir de então se tornou reclusa, tendo se recusado veementemente a dar seu depoimento sobre a História do Rock Brasileiro para Albert Pavão, em 1987, apesar das diversas tentativas do músico de contatar a cantora.

Faleceu em 2005 em Petrópolis.

Fonte: Cantoras do Brasil.

Nestor Tangerini

Nestor Tangerini (Nestor Tambourindeguy Tangerini), compositor, teatrólogo, poeta, caricaturista e professor, nasceu em Piracicaba, SP, em 23/07/1895, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 30/01/1966. Tio da atriz Marília Pêra. Iniciou o curso primário em Manaus, capital do Amazonas e terminou seus estudos em Belém, capital paraense. No Rio de Janeiro, estudou no Mosteiro de São Bento. Cursou Farmácia e Direito. Foi membro da U. B. C. Foi casado com Dinah Marzullo Tangerini, ex-atriz da Companhia Alda Garrido, e que era filha da atriz Antônia Marzullo. Era deficiente físico e visual: não tinha o braço esquerdo e a vista direita, perdidos em dois acidentes.

Teve seu primeiro trabalho publicado em 1922, o soneto Coisas do Rio na revista A maçã. Em 1931, compôs letra e música para o samba Teu corpo é meu, e fez letra para o samba Samba da meia noite, de Ildefonso Norat, incluídas na peça Teu corpo é meu de sua autoria e encenada no Teatro Rialto naquele mesmo ano. O Samba da meia noite foi gravado no mesmo ano por Ildefonso Norat e Dina Marques com acompanhamento do Conjunto Columbia.

Foi diretor artístico da companhia de revistas Jardel Jércolis e autor da revista No tabuleiro da baiana apresentada pela Grande Companhia de Burletas e Atrações no Pavilhão Teatro Floriano. Foi autor ainda das revistas Tudo pelo Brasil, com Luiz Leitão, Cadeia da sorte, Na boca da hora e Lição domésticas, estas últimas em parceria com Aldo Cabral.

Para o carnaval de 1933 compôs com Otaviano Romeiro a marcha-rancho A cor que eu gosto. Em 1935, teve apresentada pela Companhia Jardel Jércolis a revista Estupenda, levada à cena no Teatro Carlos Gomes. Fez em 1937, com Benedito Lacerda, a valsa Dona felicidade gravada por Castro Barbosa na Victor.

Em 1946, a cançoneta Tua carta, com Ronaldo Lupo, foi gravada pelo parceiro pela Continental. Em 1950, fez com Ronaldo Lupo a cançoneta Vou desistir de namorar gravada por Ronaldo Lupo na Continental. No mesmo ano o fox Depois eu conto, parceria com Ronaldo Lupo, foi lançado na Todamérica na voz de Ronaldo Lupo. No ano seguinte, escreveu com Aldo Cabral e Mary Lopes a revista Chuva de estrelas estreada no Teatro Casa Blanca, no Rio de Janeiro, da qual fez parte o fox-cançoneta Garçonete, com Aldo Cabral, interpretado pela vedete Mara Rúbia.

Em 1952, teve o samba Manon, com Alice Alves, gravado por Ronaldo Lupo. Em 1955, o samba Não me convém..., parceria com Ronaldo Lupo, foi lançado na gravadora Columbia por Ronaldo Lupo, seu mais constante parceiro e intérprete. Em 1956, teve gravado na Mocambo o fox-canção Cinco sentidos, com Ronaldo Lupo, na voz de Ronaldo Lupo. Em 1958, o fox-humorístico Depois eu conto, parceria com Ronaldo Lupo, foi lançado por este último.

Faleceu de câncer em 1966. Na ocasião foi saudado pelo compositor Aldo Cabral em artigo publicado na revista da U. B. C. no qual afirmou "Poeta como poucos, Tangerini versejava em qualquer gênero, sempre espontâneo e correto".

Obras
A cor que eu gosto (c/ Otaviano Romeiro), Cinco sentidos (c/ Ronaldo Lupo), Depois eu conto (c/ Ronaldo Lupo), Dona felicidade (c/ Benedito Lacerda), Garçonete (c/ Aldo Cabral), Manon (c/ Alice Alves), Não me convém... (c/ Ronaldo Lupo), Samba da meia noite (c/ ldefonso Norat), Tua carta (c/ Ronaldo Lupo), Vou desistir de namorar (c/ Ronaldo Lupo)

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.