domingo, junho 30, 2013

Gastão Bueno Lobo

Gastão Bueno Lobo, compositor e instrumentista (guitarra havaiana), nasceu na cidade de Campos, interior do Estado do Rio, em 1891, e faleceu no Rio de Janeiro em 03/06/1939. Supostamente aprendeu a tocar a guitarra havaiana no próprio Havaí.

O primeiro registro de sua carreira artística é de 1925, quando formou um duo com o argentino Oscar Alemán denominado "Os Lobos" (posteriormente "Los Lobos"),  ano em que foram contratados pela companhia do ator cômico Pablo Palitos para shows em Buenos Aires.

Em 1929,  a dupla, juntamente com o bailarino Harry Fleming realizam uma turnê à Europa, se apresentando em cidades da Grécia, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e Portugal e Espanha. Oscar Alemán permanece em Madrid, Espanha, fazendo carreira solo, acabando, assim, o duo. 

No começo da década de 1930, foi contratado pela Columbia, gravadora na qual lançou o primeiro disco em 1932, interpretando os tangos Confesión , de E. S. Discépolo e L. C. Amadori, e La cumparsita, de G. H. M. Rodrigues, P. Contursi e E. Maroni.

No mesmo ano, gravou mais três discos pela Columbia interpretando a valsa Noite azul, de sua autoria e Valdo Abreu, que contou com vocal de Fernando de Castro Barbosa, o choro Macio, de sua autoria, o fox-canção Olhos passionais, de sua autoria e De Chocolat, e a valsa A abelha e a flor, de Guilherme Pereira e Orestes Barbosa, com vocais de Moacir Bueno Rocha, e que contou com o acompanhamento do grupo Quatro Ases, além da valsa Sonho que passou, parceria com Jaci Pereira, e o choro Luizinha, de Henrique Vogeler.

Os Lobos: Oscar Alemán e Gastão Bueno.
Em 1938, gravou pela Odeon o choro Inspiração, de Laurindo de Almeida.

Em 03 de junho de 1939, deprimido pela escassez de trabalho e do pouco reconhecimento do público nos anos posteriores ao seu afastamento de Oscar Alemán, ingere veneno (ácido clorídrico) e falece.

Foi citado por Orestes Barbosa no livro Samba como sendo uma das estrelas que abrilhantavam o samba do Rio de Janeiro.

Obras


Macio, Noite azul (c/ Valdo Abreu), Olhos passionais (c/ De Chocolat), Se recordar é viver (c/ Laurindo Almeida), Sonho que passou (c/ Jaci Pereira).




Discografia


1932 Sonho que passou/Luizinha • Columbia • 78
1932 Confesión/La cumparsita • Columbia • 78
1932 Noite azul/Macio • Columbia • 78
1932 Olhos passionais/A abelha e a flor • Columbia • 78
1938 Inspiração • Odeon • 78

______________________________________________________________________
Fontes: Todo Tango (www.todotango.com); Musica Brasiliensis - Gastão Bueno Lobo (daniellathompson.com); Dicionário da MPB; Wikipedia.

Almirante e seus tangarás

Desenho de Nássara
"Tangará é um passaro do Norte. Elegante e cantador. Sobretudo cantador.

Os tangarás se reunem em grupo de cinco e emquanto um canta e marca o compasso com a cabeça os outros dansam, obedecendo, tanto quanto possivel a um passaro, obedecer ao rythmo determinado pelo tangará maestro.

Os outros passaros, mesmo os de vós mais aguda que a dos “Tangarás”, quando estes cantam e dansam, calam-se com uns ares assim respeitosos de quem ouve um Caruso, ou mais modernamente um Gigli.

Conta ainda a lenda nortista que tão grande era o prestigio dos tangarás que os proprios indios, ao lhes ouvir o cantico mavioso, ajoelhavam-se mais enlevados que temerosos, até o final do “concerto”. 

São esses os inspiradores dos Tangarás de hoje que, não menos elegantes e não menos cantores deliciam o carioca bohemio e não bohemio, com os seus sambas, as suas marchas, as suas emboladas.

Por onde quer que passem as “Tangarás” captivam, seduzem os ouvidos de todo o mundo. E se não ha indios para se ajoelharem genuflexos, ante a musica dos “Tangarás” de hoje (que, na verdade, são mais que “tangarás”, são “gaviões”) ha uma linda compensação: é que as mais lindas morenas e as mais trefegas lourinhas param a escutal—os... 

E só nao se ajoelham porque o vestido curto não as deixa ajoelhar.

Os “Tangarás” da nossa linda cidade são cinco: “Almirante”, Candoca da Annunciação, os dois felizes autores do samba “Na Pavuna”; João de Barros, Alvim e Glauco Vianna.

“Almirante” faz versos; Candoca é violoncelista e compositor; João de Barros é tambem poeta, canta e toca tamborim sobre qualquer tampa de piano; Alvim toca violão como ninguem e Glauco Vianna é outro musicista não menos famoso...

Essa “trinca” de cinco, vive observando, colhendo aqui e ali dados sobre o samba, o authentico, da Mangueira e do Salgueiro...

Foi ahi que os “Tangarás” descobriram não o Brasil ou a polvora mas o Canuto, o Puru’ca e o Andarahy, os diplomados, os da “Parte Alta” do Salgueiro, o que quer dizer em linguagem academica, tres expoentes maximos do samba nacional.

Dahi, desse rigor de “escola” o exito constante dos cinco Tangarás...

Exito que elles procuram assegurar cada vez mais, offerecendo á musica popular o seu cunho absolutamente caracteristico... ".

____________________________________________
Fonte: Diário da Noite, de 26/02/1930.

sábado, junho 29, 2013

Sólon Sales

"São Paulo não permitiu que o progresso extinguisse o espírito romântico do seu povo. A mocidade sonha na cidade que mais cresce no mundo e acolhe, com ternura, as canções sentimentais do jovem cantor Sólon Sales - o seresteiro da Pauliceia. Obedecendo ao estilo que consagrou os maiores intérpretes de nossa música popular, Sólon Sales justifica a grande admiração que lhe vota o público ouvinte e defende valorosamente o seu título bem merecido: Seresteiro da Pauliceia" (Revista do Rádio, 1954).


Sólon Hanser Sales, cantor, nasceu em Sorocaba, SP, em 05/12/1923, e faleceu em São Paulo, SP, em 15/01/1995. Sua mãe, Rosa Hanser, o pai, Antônio Marcelo de Sales, e mais cinco tios, trabalhavam no circo Irmãos Hanser, que dava espetáculos em Sorocaba e cidades vizinhas. No Circo da família, foi trapezista, acrobata e mágico. Fora da lona, de violão em punho, fazia serestas pelas ruas de sua cidade. Com a transferência da família para São Paulo, ocupou-se em atividades modestas como office boy.

Formou com um amigo a dupla caipira Samburá e Chapinha na qual era o Chapinha. A dupla apresentou-se na Rádio Bandeirantes, sendo a partir de então convidados a participar de uma novela sertaneja realizada pela Rádio Cultura. Desfeita a dupla, deu continuidade à sua atividade artística.

Em 1948, gravou seu primeiro disco, pela Continental com o tango canção Segue teu caminho, de Arlindo Pinto e Mário Zan, que fez grande sucesso e a valsa Belo Horizonte, de Anacleto Rosa Jr. e Arlindo Pinto.

No ano seguinte, obteve mais dois sucessos, com dois baiões: Quixabeira, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e Juazeiro, de Humberto Teixeira e Cícero Nunes, ambos com acompanhamento musical de Rago e seu conjunto. No mesmo ano, gravou o balanceio Cabeça inchada, composição de Hervé Cordovil e o tango Perambulando, de Mário Zan e Arlindo Pinto. Atuou nas emissoras Mundial, Nacional, Mayrink Veiga e Excelsior.

Em 1950, gravou as valsas Mentira, de Mário Zan e Geraldo Costa e Beijinho doce, de Nhô Pai e a canção Parque de diversões, de Hervé Cordovil. No ano seguinte, gravou o bolero Em tuas mãos, de Antônio Rago e Ribeiro Filho e o valseado Tristeza, de motivo popular com arranjos de Luiz Alex e Américo Campos. No mesmo ano, gravou a primeira composição de sua autoria o samba canção Lencinho branco, parceria com Dilermano dos Santos. Também no mesmo período gravou os baiões Tem pena de mim e Cada moça que eu conheço, de Hervé Cordovil.

Em 1952, gravou o baião Peixinho do mar, de motivo popular com arranjos de Américo de Campos, o bolero Por toda a vida..., de Antônio Rago e Ribeiro Filho e o samba Ela é solteira..., de sua autoria e Américo de Campos.

Em 1953, gravou o bolero Mulher sem alma, de Plínio Cará e Américo de Campos e o tango Rua da solidão, de Aloísio Figueiredo e Nelson Figueiredo.

Em 1954, ingressou na Odeon e lançou a marcha Cidade arranha-céu, de Alvarenga e Edgar Cardoso e o baião Êh São Paulo, de Alvarenga. Gravou no mesmo ano o samba canção Um caboquinho, de Hervé Cordovil e Luiz Peixoto e o bolero Beijos nos olhos, de Portinho e Wilson Falcão.

Em 1955, gravou o samba canção Deixa falar quem quiser, de Américo de Campos e Antônio Pacheco e o bolero Voltarás a mim, de Antônio Rago.

Em 1956, gravou três composições do renomado compositor sertanejo João Pacífico: o bolero Lágrimas de amor e marcha Meu São João, parcerias com Antônio Rago e a clássica toada Chico Mulato, parceria com Raul Torres. Em 1957, registrou o samba O sol nasceu para todos, de Lamartine Babo e o bolero Meu querido amor, de Antônio Rago e Mário Vieira.

Em 1958, gravou a canção Serenata do adeus, de Vinícius de Moraes e no ano seguinte, o samba canção Neste mesmo lugar, de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti e A noite do meu bem, de Dolores Duran em ritmo de marcha rancho.

Em 1960, gravou duas composições de sua autoria: o samba Meu samba antigo e o charleston Recordando o charleston. No ano seguinte, gravou o último disco pela Odeon com a valsa Novo céu, de Ted Moreno e Fernando César. No mesmo ano, foi para o pequeno selo Orion e lançou a guarânia Orgulhosa, de Mário Zan e Nhô Pai e a toada Cabocla Tereza, de Raul Torres e João Pacífico.

Em 1962, lançou mais um disco pela Orion com a toada Pingo d'água, de Raul Torres e João Pacífico e a valsa Retalhos de amor, de Zé Fortuna.

Lançou ainda um único disco pela Chantecler, em 1964, com o rasqueado Você diz que não me ama, de Américo de Campo e o maxixe Chuva miúda, de Sílvio Caldas e Frazão.

Foi pioneiro da televisão brasileira, de onde veio seu slogan "O seresteiro da paulicéia". Intérprete eclético, incluindo o gênero sertanejo com a MPB em seu repertório, destacam-se principalmente canções românticas, valsas, boleros, etc. Gravou 36 discos em 78 rpm, contabilizando um total de 72 músicas.

Obra


Ela é solteira... (c/ Américo de Campos), Lencinho branco (c/ Dilermano dos Santos), Meu samba antigo, Recordando o charleston.

Playlist







Discografia


1949 Juazeiro/Quixabeira • Continental • 78
1949 Cabeça inchada/Perambulando • Continental • 78
1949 Inconsciência/Não darei perdão • Continental • 78
1948 Segue teu caminho/Belo Horizonte • Continental • 78
1950 Mentira/Parque de diversões • Continental • 78
1950 Meu castigo/Beijinho doce • Continental • 78
1951 Em tuas mãos/Tristeza • Continental • 78
1951 Lencinho branco/Rosa Maria • Continental • 78
1951 Tem pena de mim/Cada moça que eu conheço • Continental • 78
1952 Peixinhos do mar/Sem vingança • Continental • 78
1952 Por toda a vida.../Ela é solteira... • Continental • 78
1953 Mulher sem alma/Rua da solidão • Continental • 78
1953 Teus olhos/Amor de mãe • Continental • 78
1953 Noite negra/Ilusão fugidia • Continental • 78
1954 Cidade arranha-céu/Eh! Eh! São Paulo • Odeon • 78
1954 Um caboquinho/Beijos nos olhos • Odeon • 78
1955 Deixa falar quem quiser/Voltarás a mim • Odeon • 78
1955 Pique será/Supertição • Odeon • 78
1955 Papai Noel/Santas tradições • Odeon • 78
1956 Lágrimas de amor/Chico mulato • Odeon • 78
1956 Meu São João/Namorados • Odeon • 78
1956 Jura/Prova de amor • Odeon • 78
1956 Gosto que me enrosco/Agora é cinza • Odeon • 78
1957 O sol nasceu para todos/Meu querido amor • Odeon • 78
1957 Fim de noivado/Dorinha meu amor • Odeon • 78
1958 Que saudades me dá/Rosas do céu • Odeon • 78
1958 Mentirosa/Serenata do adeus • Odeon • 78
1959 Minha dor não me deixa/Índia morena • Odeon • 78
1959 Flor do abacate/Neste mesmo lugar • Odeon • 78
1959 A noite do meu bem/Canção da garoa • Odeon • 78
1960 Minha história/Tua volta • Odeon • 78
1960 Meu samba antigo/Recordando o charleston • Odeon • 78
1961 Novo céu/Fugindo do amor • Odeon • 78
1961 Orgulhosa/Cabocla Tereza • Orion • 78
1962 Pingo d'água/Retalhos de amor • Orion • 78
1964 Você diz que não me ama/Chuva miúda • Chantecler • 78

______________________________________________________________________
Fontes: Revista do Rádio, de 11/12/1954; Museu da TV; Dicionário da MPB.

sexta-feira, junho 28, 2013

O internacional Russo do Pandeiro

Foi assim que ele se celebrizou no exterior: seu
pandeiro e malabarismo o levaram à Hollywood

Começou a tocar o instrumento que lhe deu fama na Festa da Penha — Estreou como profissional no regional de Benedito Lacerda — Excursionará brevemente aos principais países da América do Sul e à Europa.


Pouca gente há de saber tão bem contar sua história como Antônio Cardoso Martins, o popular Russo do Pandeiro que, depois de viajar pela Europa e pelas Américas, está hoje com seu futuro assegurado graças aos seus malabarismos e à sua capacidade rítmica. 

Russo está no Rio, depois de quase oito anos de ausência, interrompida, há dois anos atrás, com uma rápida viagem ao Rio a fim de contratar um orquestrador. Chegou à cidade na segunda-feira de carnaval e ficou na Urca onde pode matar um pouco das saudades acumuladas por tantos e tantos anos.

Foi lá na casa de seus pais, Rua Cândido Gaffré, que fomos encontrá-lo, e, entre um cafezinho servido na varanda, as anedotas e os "casos" ocorridos em Nova York com brasileiros que visitavam a América, Russo nos contou sua vida. A primeira pergunta do repórter, sobre como ele aprendera a tocar pandeiro, recebeu a mais surpreendente de todas as respostas:

- Por acaso!

- Por acaso?! Repetimos estranhando.

- Sim, meu velho. Nasci em São Paulo e fui criado no Estácio. Meu pai me colocou na Light para aprender o ofício de mecânico. Um dia, porém, quando eu me encontrava debaixo de um ônibus ajeitando a caixa de mudanças, tive um sono terrível e adormeci. O chefe da oficina me pegou dormindo e eu saí do emprego.

- Mas, que tem isso com pandeiro?!

- Espere um pouco e você verá! Chegando em casa tive uma discussão com papai e fui morar na Praia das Virtudes, dormindo debaixo das canoas, na falta de um abrigo melhor...

- E o pandeiro? Interrogamos novamente.

- Calma, irmão! Uma tarde, depois de muitos dias de fome, eu estava na Praça Tiradentes vendo se arrumava qualquer coisa quando apareceu um rapaz conhecido apelidado de Rollo, que me convidou para ir vender medalhinhas, na Festa da Penha.

- E você aceitou?

- Claro. De imediato pedi uns níqueis e, com dois cruzeiros no bolso, procurei um restaurante chinês, onde almocei por oitenta centavos, comprei duzentos réis de cigarros e fiquei na cidade até o instante de ir para a Penha me encontrar com o rapaz. Cheguei à Penha às 5 horas da manhã e fiquei esperando Rollo; mas as horas passaram e não consegui ver meu quase patrão. Às 10 horas, cansado e morto de fome, me encostei perto de uma árvore e fiquei observando um conjunto composto de piston, saxofone, trombone, banjo e bateria que tocava na Penha. Horas e horas fiquei ali até que despertei a atenção do baterista, meu amigo Newton e ele, talvez vendo meu aspecto de fome, e meu interesse pela música, me chamou para seu lado e me encarregou de servir o “chopp” e os sanduíches aos músicos.

- Seu primeiro contato com a música foi pela bomba de "chopp", não foi?

- Justamente. Servi os "chopps", comi e bebi também e, lá para as tantas, eu, que nunca tinha visto um pandeiro, comecei a bater no couro de um que o Newton tinha na bateria.

- Ficou músico numa festa da Penha?

- Sim, de Nossa Senhora da Penha, minha padroeira e madrinha.

- E depois dessa estréia, como foi que você se consolidou como pandeirista?

- Fiz as pazes com papai e voltei para casa. Nesse tempo Benedito Lacerda era músico do Exército e, volta e meia, gravava com um conjunto que formava no momento. Eu comprara um pandeiro de um polícia que morava na Rua Maia Lacerda, numa casa de cômodos, ou por outra: trocara o pandeiro por uma cerveja de mil e duzentos! Benedito me viu batucando no pandeiro e convidou-me para gravar na Bruswick. Ao terminar a gravação eu já me considerava músico profissional!

- E daí?

- Fiquei com Benedito longo tempo. Atuei na Tupi, Guanabara, Transmissora, e Philips. Excursionei à Argentina e Uruguai com Chico Alves e Alzirinha Camargo. Fui à França com Josefine Backer, a quem ensinei a tocar pandeiro. Atuei na Urca, no Icaraí, em Petrópolis e organizei uma orquestra com Carlos Machado que me levou aos Estados Unidos.

— E na América do Norte?

— Fui contratado para atuar duas semanas no Copacabana Night Club de Nova York e acabei ficando nove meses seguidos! Do Copacabana, para a Broadway, tomei parte no show de George Jessel, onde fiquei quatro semanas e do palco da Broadway segui para Hollywood. Comecei no filme “Copacabana”, terminando com “A Bela do Velho México”, filme que está agora sendo exibido em Nova York.

— Você pretende voltar, Russo?

— Agora pretendo descansar um pouco. Depois irei a Buenos Aires, Montevidéu, Europa e novamente, Estados Unidos.

Dizendo isso, mostra-nos um álbum onde figuram várias fotos de artistas da América, com dedicatórias expressivas, terminando com uma fotografia de sua casa em Hollywood, casa que pertenceu a Rodolfo Valentino e que ele comprou por 600 mil dólares!

Orson Wells, Russo do Pandeiro e Frank Sinatra num night club de Hollywood (R. da Semana/1947)


(Reportagem da Revista do Rádio, em abril de 1951)

______________________________________________________________________
Fontes: Revista do Rádio, de 13/04/1951; Revista da Semana, de 18/11/1947.

Como canta o pequenino!


Gilberto Milfont (João Milfont Rodrigues), como cantor, obteve vários sucessos. Entre suas composições de maior êxito estão o samba Reverso (com Marino Pinto), de 1950; Tudo acabou de 1951, e, em 1952, o samba-canção Você vai (ambos com Milton de Oliveira). Outras músicas de sua autoria que tiveram sucesso foram Fui tolo, o samba-canção Talvez (com Marino Pinto) e Desfeito (com Mary Monteiro).

______________________________________________________________________
 Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira; Charge da "Revista do Rádio" de 28/07/1953.

Carlos Machado

Carlos Machado - 1953
Carlos Machado (José Carlos Penafiel Machado), produtor, dançarino e mestre de  cerimônia, nasceu em Porto Alegre, RS, em 16/03/1908, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 05/01/1992. Nascido em família rica, fez o curso primário em colégio de freiras e o secundário em escola jesuíta. Ficou órfão de mãe com apenas um ano de idade sendo então criado pela avó. Desde cedo começou a levar uma intensa vida boêmia ficando conhecido como o "Machadinho de Porto Alegre".

Acabou involuntariamente participando da Revolução de 1930, quando remava no rio Guaíba e deu-se início ao conflito na cidade de Porto Alegre. Quando passava em frente ao quartel general do exército lá localizado foi chamado pelo tenente João Alberto que o aconselhou a lá se abrigar, o que acabou por transformá-lo em voluntário das forças rebeldes. Por conta disso seguiu para o Rio de Janeiro como amanuense. Na então capital federal passou a se envolver em intensa vida boêmia. Em 1931, ganhou a fortuna de 30 contos de réis na roleta e decidiu então viajar para Paris.

Chegou em Paris em 1932, e inicialmente passou a levar a vida boêmia a que já estava acostumado. Dois anos depois, como era bom dançarino, acabou convidado pelo cubano Orefiche diretor da Lena Cuban Boys a se apresentar dançando rumba. Iniciava-se aí sua carreira de dançarino.

Em 1935, foi contratado para atuar no cassino de Paris dançando num espetáculo do qual participava o cantor francês Maurice Chevalier. Em 1936, foi convidado pela cantora e dançarina Mistinguette, a maior figura do music-hall francês, para atuar com ela no musical Refrains de Paris. No mesmo ano, atuou no filme francês Jeune-Fille d'Occasion.

Em 1938, atuou no espetáculo Féerie de Paris que se constituiu em um grande sucesso. Por essa época além de dançarino passou a ser também diretor de produção da companhia de Mistinguette.

Em 1939, retornou ao Brasil de passagem para Buenos Aires onde se apresentou com a companhia de Mistinguette. Voltou novamente ao Brasil quando descobriu que se encontrava com tuberculose o que interrompeu sua carreira de dançarino. Ainda em 1939, convidou o pianista argentino Roberto Cesari e o pandeirista brasileiro Russo do Pandeiro para formar uma nova orquestra na qual o pianista Roberto Cesari seria o diretor artístico e ele o animador, diretor artístico e relações públicas. Como nunca havia estudado música e nem era, portanto, um maestro, ia aos ensaios no Dancing El Dorado e decorava os arranjos e orquestrações para então "dirigir" o conjunto auxiliado pelo seu ritmo de bailarino.

Em dezembro de 1939, estreou no Tênis Clube de Petrópolis a Orquestra de Carlos Machado e seus Brazilian Serenaders que incluiu entre seus participantes alguns dos mais importantes músicos brasileiros como Russo do Pandeiro, Fafá Lemos, Laurindo de Almeida, Dick Farney, Nicolino Cópia, o Copinha, e outros. Com sua orquestra apresentou-se nos principais cassinos brasileiros da época como o Cassino da Urca, Icaraí e outros. Nesses espetáculos sua orquestra lançou sucessos como Ai, que saudades da Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Atire a primeira pedra, de Ataulfo Alves; Praça Onze, de Herivelto Martins e Grande Otelo; Nega do cabelo duro; O cordão dos puxa-sacos; Maria Candelária, e outros.

Em 1942, foi a primeira orquestra brasileira a tocar o hoje clássico natalino White Christmas. Com sua orquestra, em especial em espetáculos no Cassino da Urca, acompanhou artistas como Grande Otelo, Marlene, Emilinha Borba, Virginia Lane, Loudinha Bittencourt, Linda Batitsa, Dircinha Batista e Heleninha Costa.

Em 1946, com a decretação do fechamento dos cassinos pelo presidente Dutra sua orquestra chegou ao fim. No mesmo ano foi convidado a trabalhar como diretor artístico no Restaurante e Boate da Praia Vermelha. Contratou então o pianista Benê Nunes e a cantora Marlene para lá se apresentarem.

Em 1947, assumiu o cargo de diretor artístico da boate Night and Day situada na Cinelânida, centro do Rio de Janeiro, que marcou época na noite carioca lá tendo se apresentado, entre outros, astros internacionais como Xavier Cugat e sua orquestra; Tommy Dorsey; Carmen Cavalaro; Amália Rodrigues, Josephine Baker; Charles Trenet; Pedro Vargas; Jean Sablon e outros. No ano seguinte, inaugurou a boate Monte Carlo. Com ele trabalharam na Boate Monte Carlo nomes como Jean D'Arco; Chiquinho do Acordeom; Chuca Chuca; Djalma Ferreira; Helena de Lima; Dick Farney e Fafá Lemos.

Em 1953, inaugurou na Praia Vermelha a boate Casablanca, cujo primeiro espetáculo foi Clarins em fá - Uma homenagem do carnaval carioca aos ídolos que o consagraram e dele fizeram parte Linda Batista e Ataulfo Alves e suas pastoras, sendo a direção musical e artística de Britinho e Paulo Soledade. Nesse ano, montou o espetáculo Esta vida é um carnaval que pela primeira vez colocou no palco de uma boate integrantes de uma escola de samba, no caso, passistas da Escola de Samba Império Serrano.

Carlos Machado - 1957
Em 1955, com o fechamento das boates Casablanca e Vogue passou a atuar no Night and Day. No mesmo ano foi escolhido pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais como o melhor produtor do ano. No ano seguinte montou um dos maiores espetáculos de sua carreira, Banzo-aiê, título sugerido por Ary Barroso. No mesmo ano, levou mais de trinta artistas brasileiros, entre os quais a cantora Marlene e o cantor Roberto Audi, para apresentações no Knickbocker's Ball no Star-Light do Waldorf Astoria de Nova York.

Em 1958, homenageou o compositor Ary Barroso com o espetáculo Mister Samba que apresentou cerca de 40 composições de Ary Barroso, entre as quais É luxo só, feita especialmente para aquele espetáculo, do qual participaram o meaestro Guio de Moraes, Jean D'Arco, Elizeth Cardoso, Aurora Miranda e Grande Otelo.

Em 1960, montou no Night and Day o espetáculo Festival escrito especialmente para a atriz Bibi Ferreira. No mesmo ano, estreou na famosa casa de espetáculos de Nova York Radio City Music Hall, o espetáculo Brasil,  que contou com as presenças de Russo do Pandeiro, Conjunto Farroupilha e Nelson Gonçalves. No ano seguinte, adquiriu a boate Fred's e no mesmo ano lá montou o espetáculo Rio Boa-Pinta escrito por Luiz Peixoto e Chianca de Garcia, e cujos nomes principais foram Grande Otelo e Elza Soares.

Em 1963, na mesma boate montou o espetáculo Chica da Silva 63. No mesmo ano, apresentou no Goldem Room do Copacabana Palace aquele que seria um de seus maiores espetáculos, O teu cabelo não nega, uma homenagem ao compositor Lamartine Babo. Em 1964, apresentou no México os espetáculos Samba, carnaval y mujer e Rio, ciudad Maravillosa, que foram apresentados nas boates Señorial, Teatro Blanquita, Teatro Playa de Hornos e na televisão mexicana.

Em homenagem ao quarto centenário de fundação da cidade do Rio de Janeiro apresentou, em 1965, o show Rio de 400 janeiros com arranjos e regência do maestro Lindolpho Gaya. A trilha sonora desse show foi lançada em LP pelo selo Elenco.

Em 1966, montou aquele que seria o maior sucesso da boate Fred's, o espetáculo As Pussy Pussy Cats, no qual o conjunto Os Originais do Samba lançou o Samba do crioulo doido, de Sérgio Porto. Pouco depois lá foi apresentado o espetáculo Otelo é grande uma homenagem ao ator Grande Otelo.

Após alguns anos afastado dos espetáculos, voltou em 1973, e montou aquele que seria um des seus shows de maior sucesso, Hip! Hip! Rio!, que bateu todos os records de público na boate Night and Day sendo assistido por mais de 26 mil pessoas num local que tinha capacidade para apenas 250 assistentes.

Em 1976, produziu e dirigiu aquele que seria seu último grande espetáculo, o show O Rio amanheceu cantando, uma homenagem ao compositor Carlos Alberto Ferreira Braga o Braguinha, e dele particparam Elizeth Cardoso, MPB 4, Quarteto erm Cy e o cantor Sidney Magal, lançado nesse espetáculo.

Em 1978, lançou seu livro de memórias Carlos Machado apresenta - Memórias sem maquiagem. Por seus inúmeros shows, sempre de grande sucesso ficou conhecido como "O Rei da Noite". Faleceu em 1992, com 84 anos de idade.

_____________________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Museu da TV; Revista do Rádio.

quinta-feira, junho 27, 2013

Clóvis Mamede

Clóvis Mamede - 1936
Clóvis Mamede, maestro, compositor e arranjador (1909 Santa Cruz do Rio Pardo, SP - circa 1990 Pernambuco), foi requisitado na música tradicional pernambucana, especialmente o frevo e marchas de carnaval.

Integrava, em 1936, o conjunto moderno da Rádio Record de São Paulo, como solista de piston.

Autor da clássicos como Na onda do frevo e Sonhei que estava em Pernambuco. Esta última foi inicialmente gravada em 1949 pelo próprio, com acompanhamento de sua orquestra e, posteriormente,  recebeu releituras de grandes nomes da música popular brasileira, como Alceu Valença, Lenine e Antônio Nóbrega.

Ainda em 1949, a cantora Carmen Costa já havia regravado esse frevo, pela gravadora Star. Já Na onda do frevo, também com o acompanhamento de sua orquestra,  foi gravada por Homero Marques.

Em 1951, o grupo Demônios da Garoa gravou as suas músicas Tenho razão para chorar (c/ José Roy e Gentil Castro) e Pobre colombina (c/ Maugéri Neto e Maugéri Sobrinho). No mesmo ano, a cantora Esterzinha de Souza gravou a sua marcha Galã de morte (c/ Borges Barros).

Compôs choros ao lado de Gilberto Gagliardi e Domingos Namone.  A orquestra sob sua direção fez gravações de músicas como Cabrocha Beatriz, de Homero Marques.

Playlist





Obra


Batuque de São João (c/ Capitão Furtado), Na onda do frevo, Pobre colombina (c/ Maugéri Neto e Maugéri Sobrinho), Princesa Isabel (c/ Capitão Furtado), Sonhei que estava em Pernambuco, Tenho razão para chorar (c/ José Roy e Gentil Castro).

______________________________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista "O Malho", de 20/08/1936.

quarta-feira, junho 26, 2013

Chiquinho Sales

Chiquinho Sales -1935
Chiquinho Sales (Francisco Sales), nascido em 29/09/1909, foi considerado um dos compositores e humoristas mais inspirados pela dupla Alvarenga e Ranchinho, que sempre lhe solicitava músicas para integrar seu repertório, bem como pela cantora Linda Batista, que lhe pedia músicas para encenar no Cassino da Urca.

Assim comentava a revista O Malho de 28/11/1935: "Chiquinho Salles é um humorista de inegável valor: compõe e canta paródias, emboladas tece comentários humorísticos sobre as coisas da atualidades. Imita o português, italiano, francês, inglês, sírio, japonês e até... velhas corocas. Chiquinho Salles pertence ao cast da PRP-5, Rádio Atlântica de Santos, onde o cognominaram "O Humanista Filósofo". Foi companheiro do conhecido e apreciado humorista Plínio Ferraz."

Em 1939, gravou com Alvarenga e Ranchinho a moda-de-viola A mulher e o rádio e a tarantela Casamento de Miguelina, ambas de sua autoria e Alvarenga e Ranchinho. Nesse ano, sua moda-de-viola Musga estrangeira, com Alvarenga e Ranchinho, foi gravada por esta mesma dupla.

Em 1940, obteve grande sucesso com a valsa Romance de uma caveira, lançada por Alvarenga e Ranchinho, também parceiros na composição da música. No mesmo ano, compôs com e mesma dupla, as modas-de-viola Moda dos poetas; Moda dos cantores e Modas dos ispique, e a valsa Leonor, gravadas pela dupla.

Em 1941, teve os sambas-choro Meu bamba, com Luiz Peixoto e Eu fui à Europa, este, um grande sucesso, gravados por Linda Batista na Victor.

Em 1942, teve mais quatro composições gravadas por Linda Batista, os sambas "Salve a batucada"; Namorado ciumento e Mau costume, parcerias com Buci Moreira e Carlos Souza, e o choro A vida é isto.

Também nesse ano, as modas-de-viola Moda do casamento e Fado da loucura, e a marcha Vamos arrastá o pé, parcerias com Alvarenga, foram gravadas pela dupla Alvarenga e Ranchinho, além do samba Minha jangada, com Vicente Paiva, gravado na Victor por  Leo Albano.

Em 1943, o corrido Ai que rico, com Alvarenga, foi lançado por Alvarenga e Ranchinho embora tivesse sido gravado três anos antes. Ainda nesse ano, seu samba Da Central a Belém, foi lançado por Linda Batista na Victor.

Em 1944, fez com Alvarenga as modas-de-viola Homem pesado e Moda dos dotô, gravadas pela dupla Alvarenga e Ranchinho, e com Vicente Paiva fez o samba Oração ao Bonfim, gravada por Francisco Alves.

No ano seguinte, a embolada Quem será o homem e o Desafio de perguntas, com Alvarenga, foram lançadas por Alvarenga e Ranchinho, e a valsa Tu, com Lincoln Ernesto, foi gravada na Continental por Fernando Borel.

Em 1946, a rancheira Essa "porka" é minha, com Alvarenga, foi gravada pela dupla Alvarenga e Ranchinho e pela cantora Linda Batista.

Teve mais de vinte músicas gravadas, a maior parte delas pela dupla Alvarenga e Ranchinho.

Playlist





Obra


A mulher e o rádio (c/ Alvarenga e Ranchinho), A vida é isto, Ai que rico (c/ Alvarenga), Casamento de Miguelina (c/ Alvarenga e Ranchinho), Da Central a Belém, Desafio de perguntas (c/ Alvarenga), Essa "porka" é minha (c/ Alvarenga), Eu fui à Europa, Fado da loucura (c/ Alvarenga), Homem pesado (c/ Alvarenga), Leonor (c/ Alvarenga e Ranchinho), Mau costume (c/ Buci Moreira e Carlos Souza), Meu bamba (c/ Luiz Peixoto), Minha jangada (c/ Vicente Paiva), Moda do casamento (c/ Alvarenga), Moda dos cantores (c/ Alvarenga e Ranchinho), Moda dos dotô (c/ Alvarenga), Moda dos ispique (c/ Alvarenga e Ranchinho), Moda dos poetas (c/ Alvarenga e Ranchinho), Musga estrangeira (c/ Alvarenga e Ranchinho), Namorado ciumento, Oração ao Bonfim (c/ Vicente Paiva), Quem será o homem (c/ Alvarenga), Romance de uma caveira (c/ Alvarenga e Ranchinho), Salve a batucada (c/ Buci Moreira e Carlos Souza), Tu (c/ Lincoln Ernesto), Vamos arrastá o pé (c/ Alvarenga).

Discografia


1939 A mulher e o rádio/Casamento de Miguelina • Odeon • 78

_______________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista "O Malho".

Fernando Alvarez

Fernando Alvarez, cantor lançado pela Rádio Cajuti em 1934, é considerado por alguns historiadores como um dos responsáveis pelo lançamento público da futura grande intérprete Linda Batista em 1938.

Foi contratado pela gravadora Odeon em 1937 e gravou o primeiro disco em abril daquele ano, lançado dois meses depois, com as rumbas Soñé que me besabas e Te quiero, de Henrique Torriente com acompanhamento de Henrique Torriente e sua orquestra cubana.

No mesmo ano, gravou com acompanhamento de Vicente Paiva e sua orquestra a marcha Canto de minha terra e o samba-canção Meu jardim, composições de Vicente Paiva e J. Carlos da Costa. Nessa época, fez apresentações seguidas no Cassino da Urca e chegou a cantar com Carmen Miranda e Linda Batista e a orquestra de Vicente Paiva.

Com a Santa Paula Serenaders do Cassino da Urca gravou as marchas A . E . I . O ..Urca!, de Paulo Magalhães e Bye, bye!, de José Rossino e Osvaldo Santiago.

Em 1938, lançou com o grupo Os Pinguins o samba Madalena, de Renato Batista e Vicente Paiva e a marcha Você usa e abusa, de Luiz Menezes e Vicente Paiva. Para o carnaval desse ano lançou o samba Onde é que você anda?, de Ciro de Souza gravado em dueto com Carmen Miranda em dezembro do ano anterior, com acompanhamento do Grupo Odeon.

Ainda nesse ano, gravou as rumbas Churrasco, de Djalma Esteves e Augusto Garcez e Chimarrão, de Djalma Esteves em dueto com a cantora Linda Batista que na ocasião gravava pela primeira vez, mas cujo nome no entanto, não consta no selo do disco. Também no mesmo ano, gravou com Vicente Paiva e sua orquestra as marchas Olá Belmonte!, de Jararaca e Vicente Paiva e Oitava maravilha, de Linda Batista, em dueto com a cantora.

Em 1939, foi contratado pela gravadora Victor e lançou os sambas Reboliço nas cadeiras, de  Russo do Pandeiro e Darci de Oliveira e Não seja desigual, de Russo do Pandeiro e Peterpan. Em seguida, gravou a marcha Olha o quitandeiro, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e os sambas Paciência, de Roberto Martins e Roberto Roberti e Quem mandou você errar, de Ataulfo Alves e Augusto Garcez.

Gravou em 1940 a valsa Amor, saúde e dinheiro, de Caio de Freitas e R. Sciammarelli e o swing Lá longe no sul, de Kennedy Carr, com versão de Mário Lago. No ano seguinte, gravou as marchas Carolina, de Bonfiglio de Oliveira e Hervé Cordovil; Eva querida, de Benedito Lacerda e Luiz Vassalo; O teu cabelo não nega, de Irmãos Valença e Lamartine Babo e Pierrô apaixonado, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres. Gravou também os sambas Os quindins de Iaiá, de Ary Barroso e É bom parar, de Rubens Soares em disco lançado em março do ano seguinte.

Seu maior sucesso foi a marcha Olha o quitandeiro, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, relançada pelo selo Revivendo no volume 11 da série Carnaval sua História, sua glória. Gravou 14 discos pelos selos Odeon e Victor.

Playlist










Discografia


Soné que me besabas/Te quiero (1937) Odeon 78
Canto de minha terra/Meu jardim (1937) Odeon 78
A . E . I . O ..Urca!/Bye, bye! (1937) Odeon 78
Madalena/Você usa e abusa (1937) Odeon 78
Onde é que você anda? (1937) Odeon 78
Churrasco/Chimarrão (1938) Odeon 78
Olá Belmonte!/Quem te dará? (1938) Odeon 78
Oitava maravilha (Com Linda Batista)/Turca da Urca (1938) Odeon 78
Reboliço nas cadeiras/Não seja desigual (1939) Victor 78
Olha o quitandeiro/Paciência (1939) Victor 78
Chave na janela/Quem mandou você errar (1939) Victor 78
Amor, saúde e dinheiro/Lá longe no sul (1940) Victor 78
Carolina/Eva querida (1941) Victor 78
O teu cabelo não nega/Pierrô apaixonado (1941) Victor 78

______________________________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista "O Malho", de 27/09/1934; www.musicapopular.org / fernando-alvarez.

terça-feira, junho 25, 2013

Léo Vilar


Léo Vilar (Antonio Fuína), cantor e compositor, filho de pais italianos, nasceu na Rua da Conceição no Rio de Janeiro, RJ, em 17/11/1914, falecendo em 1968. Em 1920, ingressou na Escola Afonso Pena na qual fez o curso primário. Em 1925, mudou-se para o bairro do Encantado e ingressou no Colégio Pedro II e lá concluiu o curso Ginasial.

Em 1930, fez uma prova nos estúdios da antiga Columbia cantando Eu dava tudo, uma parceria sua com Nicola Bruni. Ao fim do teste, foi convidado por Valdo Abreu para cantar na Rádio Mayrink Veiga, onde estreou e foi contratado, permanecendo nessa emissora por quatro anos, se apresentando acompanhado pelo pianista Aluísio Silva Araújo com quem veio a constituir uma famosa dupla e com quem ganhou um concurso instituído por A Hora, como a melhor dupla do rádio. No ano seguinte, foi convidado por Benedito Lacerda para ser "crooner" de seu regional, "Gente do Morro", para substituir Moreira da Silva.

Em 1933, gravou seu primeiro disco, na Colúmbia com os sambas Foi bom, de Benedito Lacerda e Osvaldo Silva e Não devo amar, de Benedito Lacerda, V. Batista e Nelson Gomes, com acompanhamento do grupo Gente do Morro, de Benedito Lacerda. No mesmo ano, gravou com Arnaldo Amaral, com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra, os sambas Se passar da hora, de Osvaldo Vasques e Boaventura dos Santos e Rindo e chorando, de Osvaldo Vasques e Buci Moreira. Também no mesmo ano, gravou em dueto com Noel Rosa o samba Devo esquecer, de Gilberto Martins, também com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra.

Em 1934, tinha com Gilberto Martins um sonho em comum: viajar. E resolveram ir inicialmente a Salvador, na Bahia, onde pretendiam apresentar-se cantando em dupla: ele cantando e batendo o ritmo, Gilberto Martins tocando violão e fazendo a segunda voz. Acreditavam que na Bahia houvesse algum ambiente radiofônico, mas não havia nada. As estações de rádio só funcionavam à base de discos, as orquestras tocavam sem crooner. Passaram três dias dormindo nos bancos das praças, até serem levados por um amigo carioca, conhecido do rancho Tenentes do Diabo que os levou ao Cassino dos Tenentes, na Praça Castro Alves, para ver se conseguiam alguma coisa.

Segundo Ary Vasconcelos, foram recebidos pelo diretor da orquestra, Jonas Silva: " - dublê de fotógrafo e diretor de orquestra -, explicou-lhes que na Bahia não se usavam cantores em orquestra, mesmo porque não havia verba.... Mas, pelas 2 horas da manhã, Machado insistiu em que eles cantassem. Jonas deu permissão e o sucesso foi surpreendente. Na mesma hora e diante dos assistentes em delírio, Léo foi contratado para crooner da orquestra. Durante três meses, Leo ficou cantando só no Cassino. Enquanto isso, Gilberto organizava um programa de rádio que revolucionou a radiofonia baiana.

Em 1936, Gilberto e Léo eram donos da Rádio Clube da Bahia, tendo descoberto Demerval Costa Lima, Dorival Caymmi e outros. Já então Léo era ídolo na Boa Terra, cantando em rádio, cassinos e fazendo bailes em Salvador e Recife". Ainda em 1934, gravou a marcha Minha rainha. De J. Miranda e Ivan Lopes com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra.

Em 1936, voltou ao Rio de Janeiro, onde encontrou um conjunto, que já se apresentava há dois anos no rádio: os Anjos do Inferno, o qual passou a dirigir e onde atuou como vocalista em lugar de Oto Borges. O novo "Anjos do Inferno" estreou na Rádio Cruzeiro do Sul e se apresentou no Cassino Icaraí, em Niterói, obtendo bastante sucesso. Nesse mesmo ano o conjunto foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu por dois anos.

Em 1938, remodelou o conjunto, tirando os irmãos Antônio e José Barbosa, substituindo-os por Alberto Paes (pandeiro) e Aluísio Ferreira (violão-tenor), e fazendo entrar Harry Vasco de Almeida (pistão), no lugar de Milton Campos. Com essa nova formação, os Anjos estrearam na Rádio Tupi onde ficaram por nove anos. Paralelamente a sua atuação no Anjos do Inferno continuou gravando solo.

Em 1941, gravou o samba Bangalô e barracão, de João de Barro e Alcir Pires Vermelho acompanhado pelo Conjunto Regional de Benedito Lacerda. No mesmo ano, gravou com Beatriz Costa a marcha Não te cases Beatriz, de Antônio Almeida, Alberto Ribeiro e Arlindo Marques Júnior, com acompanahemto de Benedito Lacerda e seu conjunto regional. Em 1942, gravou também com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu regional os choros Acabou-se o que era doce, de Antônio Almeida e Alberto Ribeiro e Casal feliz, de Antônio Almeida.

Em 1952, ingressou na gravadora Copacabana e lançou o samba Vai saudade!..., de Irani de Oliveira e Ari Monteiro e a batucada Baile de rico, de Roberto Martins e Arnaldo Passos.

Em 1953, por problemas financeiros, já que as excursões, fonte principal da renda do grupo, estavam prejudicadas pela ascensão astronômica dos preços das passagens de avião, foi obrigado a dissolver o conjunto Anjos do Inferno. Nesse mesmo ano, transferiu-se para São Paulo, alugando um apartamento na Avenida São João.

Ainda no mesmo ano, gravou a batucada Linda Dolores, de Hernâni Castanheira e Chacrinha, a Marcha da viúva, de Peterpan e Afonso Teixeira, os sambas Cozinheiro forçado, de Altamiro Carrilho e Irani de Oliveira e Se não fosse a fé, de Horondino Silva e Pelado e o samba canção Quando a lua se escondeu, de Gilberto Martins.

Em 1955, gravou o samba choro Seu Osório, de Aloísio Silva Araújo e Roberto Martins e o baião Gozador, de João Grimaldi e Roberto Medeiros. No mesmo ano, gravou na Continental com o cantor e compositor baiano Gordurinha a marcha Soldado da rainha, de Gordurinha e João Grimaldi e o samba Sonhei com você, de Roberto Martins e Mário Vieira.

Em 1956, voltou a gravar com Gordurinha, desta vez os cocos São Paulo x Rio e Faroleiro, ambos de Gordurinha e João Grimaldi.

Em 1957, voltou ao Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde atuou na peça De Cabral a JK, de Max Nunes, J. Maia e José Mauro, no Teatro João Caetano, quando reorganizou momentaneamente o conjunto Anjos do Inferno. Ficaram seis meses em cartaz, atuando também como atores. Nesse ano, foi trabalhar no Departamento Artístico da editora musical Cembra. Foi diretor da Magissom, fábrica de discos situada em São Paulo.

Em 1968, procurou o diretor do Museu da Imagem e do Som, Ricardo Cravo Albin, dizendo-se em sérias dificuldades financeiras. Por essa razão, o diretor do MIS realizou um espetáculo beneficente no Teatro Aurimar Rocha para arrecadar-lhe fundos. Morreu pobre e praticamente esquecido.

Discografia


Não devo amar/Foi bom (1933) Columbia 78
Se passar da hora/Rindo e chorando (1933) Columbia 78
Devo esquecer (1933) Columbia 78
Minha rainha (1934) Columbia 78
Bangalô e barracão (1941) Columbia 78
Não te cases Beatriz (1941) Columbia 78
Acabou-se o que era doce/Casal feliz (1942) Columbia 78
Vai saudade!.../Baile de rico (1952) Copacabana 78
Linda Dolores/Marcha da viúva (1953) Copacabana 78
Cozinheiro forçado/Quando a lua se escondeu (1953) Copacabana 78
Veneno da perdição/Se não fosse a fé (1953) Copacabana 78
Seu Osório/Gozador (1955) Copacabana 78
Soldado da rainha/Sonhei com você (1955) Continental 78
São Paulo x Rio/Faroleiro (1956) Continental 78

______________________________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; musicapopular.org;

Glauco Viana

Glauco Viana (1914 Rio de Janeiro, RJ), instrumentista, violonista e compositor, começou a gravar discos muito jovem, com apenas 14 anos e estreou em discos em 1928, quando foi contratado pela Parlophon para interpretar ao violão a valsa Ingênua e o cateretê Arrepiado, ambos de sua autoria.

Em 1929, gravou ao violão a polca Pertinho do meu bem, as valsas Encantadora, Pensando em ti e Sublime ventura, e os tangos Sonhador e Visão do amor, todos de sua autoria. Nas músicas Sublime ventura e Visão do amor foi acompanhado ao violão pelo também muito jovem violonista Jaime Florence.

Ainda no mesmo ano, gravou a valsa Teu nome e o chorinho Apaixonado, de sua autoria, e o fox-trot Oh! Que beijo..., e a valsa Deliciosa, de sua autoria, nas quais foi acompanhado pelo violonista Romualdo Miranda. Também, nesse ano, acompanhou ao violão o também violonista Mozart Bicalho na gravação da valsa Divagações, e no choro Currupacos, papacos, ambas de Mozart Bicalho.

Em 1930, gravou, de sua autoria, as valsas Parlophon, Nóis dois e Minha mãezinha, além do fox-trot Perigoso. No mesmo ano, teve a marcha Pequeno de sorte, e o samba Desprezo gravadas na Odeon por Luci Campos, e a marcha Mamãe me disse, com Randoval Montenegro, gravada por Ruth Franklin na Parlophon. Nesse ano, acompanhou Mozart Bicalho, ao violão, na gravação do passo-doble Odeon, na quadrilha Dança das pulgas, no choro Peba, e nas valsas Gotas de lágrimas, Meditação, e Reminiscências de Santa Alda, de Mozart Bicalho.

Ainda em 1930, o fox-trot Como é gostoso amar, com Lamartine Babo, foi gravado na Victor por Jaime Vogeler. Ainda nesse ano, apresentou-se na Rádio Educadora do Brasil um programa de música regional do fizeram parte os cantores Sílvio Caldas e Breno Ferreira, o violonista Jacy Pereira, e os pianistas Randoval Montenegro e Alvaro Pinto de Oliveira.

Apresentou-se também na Rádio Clube do Brasil, em "programa de músicos populares" segundo notícia do jornal Correio da Manhã.

Gravou, em 1931, as valsas Minha saudade e Idílio, o choro Não boto..., e o fox Nesse momento penso em ti, todas de sua autoria. Ainda nesse ano, teve a valsa Teu nome, gravada por Jaime Vogeler, o samba Prosa de vadio, lançado por Alvinho, e a marcha Dona Emília, parceria com Noel Rosa, gravada por Almirante e Bando de Tangarás, as três na Parlophon, além do fox Foi um sonho gravado ao piano por Carolina Cardoso de Meneses, e o samba Vai trabalhar, registrado pela Orquestra Guanabara, também na Parlophon. Teve também o fox-trot Como é gostoso amar, com Lamartine Babo, relançado, e a canção Tudo passa gravada por Jaime Vogeler, as duas na Odeon.

Foi contratado pela gravadora Victor em 1933, e no mesmo ano, lançou o choro Este chorinho é teu, de sua autoria. No lado B desse disco, acompanhou ao violão o violonista José Medina na interpretação da valsa Para você, de Joaquim Medina. Também no mesmo ano, acompanhou ao violão juntamente com Tito Sosa e Carlos Portela a gravação do tango Andate e da Milonga sentimental em disco da cantora Lely Morel. Ainda em 1933, seu fox-trot Ai! Se eu pudesse foi gravado por Castro Barbosa na Odeon.

Obra


Ai! Se eu pudesse, Apaixonado, Arrepiado, Como é gostoso amar (c/ Lamartine Babo), Desprezo, Dona Emília (c/ Noel Rosa), Encantadora, Este chorinho é teu, Idílio, Ingênua, Minha mãezinha, Minha saudade, Não boto..., Nesse momento penso em ti, Nóis dois, Parlophon, Pensando em ti, Pequeno de sorte, Perigoso, Pertinho do meu bem, Prosa de vadio, Sonhador, Sublime ventura, Teu nome, Tudo passa, Visão do amor.

Playlist





Discografia


Ingênua/Arrepiado (1928) Parlophon 78
Pertinho do meu bem/Encantadora (1929) Parlophon 78
Pensando em ti/Sonhador (1929) Parlophon 78
Sublime ventura/Visão do amor (1929) Parlophon 78
Oh! Que beijo.../Deliciosa (1929) Parlophon 78
Teu nome/Apaixonado (1929) Parlophon 78
Parlophon/Nóis dois (1930) Parlophon 78
Perigoso/Minha mãezinha (1930) Parlophon 78
Minha saudade/Não boto... (1931) Parlophon 78
Nesse momento penso em ti (1931) Parlophon 78
Este chorinho é teu (1933) Victor 78

______________________________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Musicachiado - Gravações raras (foto); www.musicapopular.org/glauco-viana (discografia).

Osvaldo Silva

Osvaldo Silva - 1953
Osvaldo Silva, cantor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13/02/1920. Inicialmente corretor de imóveis, começou a cantar na Rádio Cultura do Município fluminense de Campos, quando, depois, foi levado pelo "formigão" Ciro Monteiro, para a Rádio Mayrink Veiga.

Estreou em disco em 1953, quando lançou pela gravadora Copacabana os sambas-canção Carnaval, de Luís Soberano e Washington Fernandes, e Quando, de Oscar Bellandi, Chico Anísio e Wilson Silva, com acompanhamento de orquestra.

No ano seguinte, também pela Copacabana, gravou a marcha Maria Pirua, de Geraldo Queiroz, Dantas Ruas e Gildo Pinheiro, e o samba Vida incerta, de Arnô Provenzano, Gildo Pinheiro e J. Reis.

Em 1955, contratado pela gravadora Columbia, lançou disco com o tango A toca do José, de R. Adler, J. Ross e Ghiaroni, e o samba-canção Ela vai voltar, de Armando Nunes e Cícero Nunes. Nesse ano, sua gravação do tango A toca do José foi incluída no LP Meus favoritos - Vol. 3 da gravadora Columbia.

Em 1956, assinou contrato com a Organização Victor Costa para atuar nas Rádios Nacional do Rio e de São Paulo, além das Rádios Mayrink Veiga e Mundial.

Em 1957, foi contratado pela gravadora pernambucana Mocambo e no disco de estreia gravou a marcha Velho Rio, de Paulo Serpa e Jorge da Costa, e o samba Lágrima sentida, de J. Piedade, Flora Matos e Arnô Canegal.

Em 1960, gravou pelo pequeno selo Lord o samba Obrigado, de Paulo Marquese J. Ferreira, e o samba-canção Minha súplica, de Adelino Moreira. No ano seguinte, lançou pelo selo Santa Anita a marcha Tirrim, tirrim e o samba Couro de cabrito, da dupla Santos Garcia e Aldacir Louro.

Em 1962, gravou o samba Senhor, de J. G. Ricoca e Alice Queirós, e a marcha Não me chamo Antônio, de Campos, Cabuçu, Alice Queirós e A. Guedes, em disco do selo Serenata.

Gravou discos pelas gravadoras Copacabana, Columbia e Mocambo, e teve seu melhor momento na carreira em meados da década de 1950 quando assinou contratado com várias emissoras de Rádio, passando a ser ouvido e reconhecido, embora por pouco tempo e sem consolidação definitiva.

Playlist






Discografia


1953 Carnaval/Quando • Copacabana • 78
1954 Maria Pirua/Vida incerta • Copacabana • 78
1955 A toca do José/Ela vai voltar • Columbia • 78
1957 Velho Rio/Lágrima sentida • Mocambo • 78
1960 Obrigado/Minha súplica • Lord • 78
1961 Tirrim, tirrim/Couro de cabrito • Santa Anita • 78
1962 Senhor/Não me chamo Antônio • Serenata • 78

_____________________________________________________________
Fontes: Revista do Rádio; Dicionário da MPB. 

segunda-feira, junho 24, 2013

O Sócrates do Samba

"Noel Rosa, o mais encyclopedista do nosso samba ha muito que por motivos imperiosos se afastára do microphone. Hoje, no emtanto, podemos dar à sua legião de fans uma nota acerca das actividades do "Socrates do samba". Passou hontem, a irradiar pela Radio Cajuti e com successo de sempre as composições que tão bem sabe compôr e interpretar." (Gazeta de Notícias, de 02/06/1935).


Noel Rosa, em mais uma charge do amigo e também grande compositor Antônio Nássara. Noel realmente era um filósofo em suas composições, não só nos seus sambas, como também nas marchinhas, junto com Lamartine Babo. Era o crítico genial da MPB do nosso Brasil dos anos 1930. E parece que esse "Brasil" não mudou muito em quase oitenta anos...

Cyrene Fagundes

Cyrene Fagundes - 1933
Cyrene Fagundes, cantora, nascida no Rio de Janeiro, no bairro carioca de Vila Isabel, fez curta carreira em São Paulo e no Rio, onde cantou sambas e marchas, principalmente. Abandonou a vida artística em 1935 depois de se casar.

Começou a atuar em 1932, apresentando-se ao microfone da Rádio Record de São Paulo, cantando com acompanhamento do maestro Martinez Grau o samba Passarinho, passarinho, sendo em seguida contratada com exclusividade pelo radialista César Ladeira devido ao agrado que sua voz teve para os ouvintes.

Em janeiro de 1933, foi contratada com exclusividade pela Rádio Cruzeiro do Sul de São Paulo, retornando depois para a Rádio Record. Nessas apresentações, interpretou entre outras composições, os sambas O nego no samba, de Ary Barroso, Marques Porto e Luiz Peixoto, Malandro, de André Filho, Carnaval tá aí, de Pixinguinha e Josué de Barros, e a marcha Moleque indigesto, de Lamartine Babo.

Em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro e passou a cantar na Rádio Mayrink Veiga. Nesse ano, fez sucesso no carnaval com a marcha Toddy sendo tema de reportagem da revista O Malho.

Marcha Toddy (O Malho)
Participou também, juntamente com Moreira da Silva, Araci de Almeida, Luís Barbosa, Almirante e Madelou Assis de festival musical no Teatro João Caetano apresentando as músicas classificadas no concurso carnavalesco da revista O Malho. Nessa ocasião, cantou a marcha Toddy, vencedora do concurso da revista O Malho.

Ainda em 1934, gravou pela Odeon aquele que seria seu único registro fonográfico com marcha-junina Solta o balão, de Sátiro de Melo e Djalma Ferreira, e o samba Enquanto eu viver, de Sátiro de Melo, com acompanhamento da Orquestra Odeon.

Em 1935, concedeu entrevista ao jornal Gazeta de Notícias que assim se referiu a seu respeito: "Pequena, viva e inteligente, olhos verdes como o mar nas praias do Flamengo, onde o sol lhe tosia todos os dias, a pele morena de brasileira de verdade". No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Ipanema.

Ainda em 1935, casou-se e se afastou da carreira artística.

Discografia


1934 Solta o balão/Enquanto eu viver Odeon 11128 78

______________________________________________________________________
Fontes: Dicionário da MPB; http://www.musicapopular.org/cyrene-fagundes; Revista "O Malho", de 18/01/1934 e 15/02/1934.