sábado, junho 01, 2013

Marta Janete

Marta Janete  - 1954
Marta Janete, cantora, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22/06/1935. Em fins de 1953, iniciou a carreira artística na PRE-Neno. Em seguida, cantou na boate Beguin e mais tarde, foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga.

Em 1954, lançou pela RCA Victor com acompanhamento de conjunto o samba Fui ao seu casamento, de Jessie Mae Robinson e Haroldo Barbosa, e o samba-canção Eternamente só, de Antônio Nunes e Nunes Filho. No ano seguinte, foi uma das concorrentes a "Rainha do Rádio".

Em 1956, gravou na RCA Victor com acompanhamento de orquestra o tango Inspiração, de P. Paulus, Rubinstein e Lourival Faissal, e o fox-blue Minha devoção, de O. Sezana e Lourival Faissal. No ano seguinte, transferiu-se para a gravadora Copacabana e registrou com acompanhamento de orquestra o fox-trote Ohô-ahá, de H. Gietz e K. Feltz com versão de Caribé da Rocha, e o beguine Meu quarto vazio, de Vicente Paiva e Meira Guimarães.

Em 1963, gravou pela Chantecler com orquestra e coro sob a direção do maestro Elcio Alvarez o fox Adeus, meu amor, uma adaptação de Fred Jorge para a música Tristesse, de Chopin, e a balada Hás de ouvir, de Vaughn e Wood em versão de José Rosas.

Embora com um bom início de carreira, não conseguiu acompanhar as transformações ocorridas na música popular brasileira na década de 1960 e afastou-se da vida artística.

Não basta possuir boa voz para ser cantora...

Marta Janete - 1955
A menina velo correndo para casa, com o dinheiro em sua mãozinha, gritando: — Mamãe, mamãe! Eu ganhei o prêmio, mamãe!

Sua mãe já estava ficando nervosa, pois não conseguia entender o que a menina queria dizer. Somente cinco minutos depois, com a respiração ainda opressa é que a menina pôde contar que se inscrevera num concurso de calouros, no circo do bairro, e ganhara o primeiro prêmio. Triunfante, exibiu para a genitora as notas que trazia amarfanhadas na mão: Cr$ 15,00.

Isto aconteceu há muito tempo com uma menina de dez anos que mais tarde viria a ser conhecida como cantora da Rádio Mayrink Veiga, sob o nome de Marta Janete.

Foi assim cantando num circo que Marta descobriu sua vocação. Mas o papai não sabia da história e quando soube não gostou, pois queria que sua filha se dedicasse a outras coisas, fizesse carreira como professora. Por ai pode-se ver que o pai de Marta não tinha o rádio em muito bom conceito ou talvez não acreditasse nas aptidões artísticas da pequena.

Mas, feita a experiência, Marta gostou e sua mãe, como todas as mães, procurou ajudá-la, levando-a para atuar no “Programa do Guri”, que era apresentado pela antiga Rádio Clube Fluminense. Acontece que Marta tinha que estudar e Niterói fica muito longe de Madureira. Como sua mãe não podia levá-la sempre, acharam melhor parar com o rádio pelo menos por uma temporada.

Marta Janete aproveitou o tempo para educar-se, tendo estudado no Colégio Piedade e no Arte e Instrução. Foi até o quinto ano ginasial e pretendia fazer o curso de professora quando o rádio novamente tomou conta de sua vida. Conhecendo o pianista Carlinhos e várias vezes falando com ele, manifestara o desejo de fazer um teste numa emissora para ver se melhorara ou piorara com o passar dos anos. Carlinhos 1evou-a à Mayrink Veiga e apresentou-a ao Jair de Taumaturgo, assistente da direção artística. Foi-lhe concedido um teste. Jair gostou de sua voz e de sua maneira de cantar. Assim, em 1953, quase no fim do ano, Marta passou a cantar na PRA-9, embora só tenha assinado contrato no dia 24 de janeiro do ano seguinte.

Pouco tempo depois falecia seu pai e a cantora teve aumentadas suas responsabilidades. Quem a visse ir e voltar da rádio, sempre acompanhada de sua mamãe, não poderia nunca imaginar o grau de sua coragem e espírito de iniciativa. Um dia, pensou consigo mesma que para ter sucesso completo como cantora precisava gravar. Pediu a alguns amigos para apresentá-la aos diretores artísticos das fábricas gravadoras, mas reparou que todos sempre estavam multo ocupados e sem tempo para atendê-la. Então resolveu que para gravar teria que procurar sozinha uma oportunidade. Não teve dúvida, tomou um carro na porta da rádio e mandou tocar para a RCA-Victor. Lá chegando, procurou Ernesto de Matos Filho, diretor artístico, e manifestou suas pretensões. Pediram-lhe um acetato de prova de sua voz. Feito o acetato, Ernesto estudou-o e achou que valia a pena contratá-la. O seu primeiro disco, que já está na praça, compõe-se de dois sambas-canções “Fui ao seu casamento” e “Eternamente só”. Diz Marta que está bem colocado nas paradas de sucesso em São Paulo. É preciso explicar que ela também atua na Rádio Nacional paulista dois dias por semana às segundas-feiras no “Cartaz da Dez” e às terças-feiras no “Programa Manoel de Nóbrega”.

Um dia, conversando com Gilson do Pandeiro, do regional de Canhoto, este perguntou-lhe se estava interessada em trabalhar em boate. Naturalmente que interessava e Marta foi apresentada a Guio de Moraes, diretor musical da boate “Beguin” e dirigente da orquestra que lá se exibe. Resultado: Marta assinou contrato com a boate e lá se encontra há 8 meses como cantora da orquestra e participando do espetáculo “No pais dos Cadillacs”. Como a boate Beguin vai fechar para reformas a cantora está disposta a aceitar um convite da boate Vogue.

Já falamos tanto sobre a carreira de Marta que precisamos agora descrevê-la para que os leitores a conheçam melhor, completando as fotografias. Tem 1 metro e 70 de altura, 63 quilos de peso, olhos castanhos, cabelos escuros e busto semelhante ao da Lolobrigida. Adora a praia e a frequenta quando pode. Mas, trabalhando em boate até de madrugada, pouca oportunidade tem tido ultimamente de queimar-se ao sol. Adora brincar no balanço do Parque da Prefeitura na Praia do Russel (defronte da boate Beguin), parecendo voltar à infância, que não vai muito longe. Sua maior ambição é ir aos Estados Unidos para conhecer Hollywood e, se possível, trabalhar lá. Apesar disso, afirma que não tirará retrato de maiô, porque acha que uma cantora deve mostrar a voz e não as pernas.

Diz que não tem tipo de homem ideal, porque ainda não apareceu seu príncipe encantado. Quando ele surgir deverá ser alto, moreno, de olhos verdes e cabelos pretos, o que parece ser a descrição de um de seus mais fervorosos admiradores paulistas. Para finalizar, podemos informar que com tantas viagens entre o Rio e São Paulo, Marta, dentro em breve deverá receber o título de “Milionária do Ar”. (Texto: Fernando Luís - Revista do Rádio, de 05/03/1955)

Discografia

(1954) Fui ao seu casamento/Eternamente só • RCA Victor • 78
(1956) Inspiração/Minha devoção • RCA Victor • 78
(1957) Ohô-ahá/Meu quarto vazio • Copacabana • 78
(1963) Adeus, meu amor (Tristesse)/Hás de ouvir • Chantecler • 78

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Fonte: Revista do Rádio; Dicionário Cravo Albin da MPB.

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