domingo, junho 30, 2013

Gastão Bueno Lobo

Gastão Bueno Lobo, compositor e instrumentista (guitarra havaiana), nasceu na cidade de Campos, interior do Estado do Rio, em 1891, e faleceu no Rio de Janeiro em 03/06/1939. Supostamente aprendeu a tocar a guitarra havaiana no próprio Havaí.

O primeiro registro de sua carreira artística é de 1925, quando formou um duo com o argentino Oscar Alemán denominado "Os Lobos" (posteriormente "Los Lobos"),  ano em que foram contratados pela companhia do ator cômico Pablo Palitos para shows em Buenos Aires.

Em 1929,  a dupla, juntamente com o bailarino Harry Fleming realizam uma turnê à Europa, se apresentando em cidades da Grécia, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e Portugal e Espanha. Oscar Alemán permanece em Madrid, Espanha, fazendo carreira solo, acabando, assim, o duo. 

No começo da década de 1930, foi contratado pela Columbia, gravadora na qual lançou o primeiro disco em 1932, interpretando os tangos Confesión , de E. S. Discépolo e L. C. Amadori, e La cumparsita, de G. H. M. Rodrigues, P. Contursi e E. Maroni.

No mesmo ano, gravou mais três discos pela Columbia interpretando a valsa Noite azul, de sua autoria e Valdo Abreu, que contou com vocal de Fernando de Castro Barbosa, o choro Macio, de sua autoria, o fox-canção Olhos passionais, de sua autoria e De Chocolat, e a valsa A abelha e a flor, de Guilherme Pereira e Orestes Barbosa, com vocais de Moacir Bueno Rocha, e que contou com o acompanhamento do grupo Quatro Ases, além da valsa Sonho que passou, parceria com Jaci Pereira, e o choro Luizinha, de Henrique Vogeler.

Os Lobos: Oscar Alemán e Gastão Bueno.
Em 1938, gravou pela Odeon o choro Inspiração, de Laurindo de Almeida.

Em 03 de junho de 1939, deprimido pela escassez de trabalho e do pouco reconhecimento do público nos anos posteriores ao seu afastamento de Oscar Alemán, ingere veneno (ácido clorídrico) e falece.

Foi citado por Orestes Barbosa no livro Samba como sendo uma das estrelas que abrilhantavam o samba do Rio de Janeiro.

Obras


Macio, Noite azul (c/ Valdo Abreu), Olhos passionais (c/ De Chocolat), Se recordar é viver (c/ Laurindo Almeida), Sonho que passou (c/ Jaci Pereira).




Discografia


1932 Sonho que passou/Luizinha • Columbia • 78
1932 Confesión/La cumparsita • Columbia • 78
1932 Noite azul/Macio • Columbia • 78
1932 Olhos passionais/A abelha e a flor • Columbia • 78
1938 Inspiração • Odeon • 78

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Fontes: Todo Tango (www.todotango.com); Musica Brasiliensis - Gastão Bueno Lobo (daniellathompson.com); Dicionário da MPB; Wikipedia.

Almirante e seus tangarás

Desenho de Nássara
"Tangará é um passaro do Norte. Elegante e cantador. Sobretudo cantador.

Os tangarás se reunem em grupo de cinco e emquanto um canta e marca o compasso com a cabeça os outros dansam, obedecendo, tanto quanto possivel a um passaro, obedecer ao rythmo determinado pelo tangará maestro.

Os outros passaros, mesmo os de vós mais aguda que a dos “Tangarás”, quando estes cantam e dansam, calam-se com uns ares assim respeitosos de quem ouve um Caruso, ou mais modernamente um Gigli.

Conta ainda a lenda nortista que tão grande era o prestigio dos tangarás que os proprios indios, ao lhes ouvir o cantico mavioso, ajoelhavam-se mais enlevados que temerosos, até o final do “concerto”. 

São esses os inspiradores dos Tangarás de hoje que, não menos elegantes e não menos cantores deliciam o carioca bohemio e não bohemio, com os seus sambas, as suas marchas, as suas emboladas.

Por onde quer que passem as “Tangarás” captivam, seduzem os ouvidos de todo o mundo. E se não ha indios para se ajoelharem genuflexos, ante a musica dos “Tangarás” de hoje (que, na verdade, são mais que “tangarás”, são “gaviões”) ha uma linda compensação: é que as mais lindas morenas e as mais trefegas lourinhas param a escutal—os... 

E só nao se ajoelham porque o vestido curto não as deixa ajoelhar.

Os “Tangarás” da nossa linda cidade são cinco: “Almirante”, Candoca da Annunciação, os dois felizes autores do samba “Na Pavuna”; João de Barros, Alvim e Glauco Vianna.

“Almirante” faz versos; Candoca é violoncelista e compositor; João de Barros é tambem poeta, canta e toca tamborim sobre qualquer tampa de piano; Alvim toca violão como ninguem e Glauco Vianna é outro musicista não menos famoso...

Essa “trinca” de cinco, vive observando, colhendo aqui e ali dados sobre o samba, o authentico, da Mangueira e do Salgueiro...

Foi ahi que os “Tangarás” descobriram não o Brasil ou a polvora mas o Canuto, o Puru’ca e o Andarahy, os diplomados, os da “Parte Alta” do Salgueiro, o que quer dizer em linguagem academica, tres expoentes maximos do samba nacional.

Dahi, desse rigor de “escola” o exito constante dos cinco Tangarás...

Exito que elles procuram assegurar cada vez mais, offerecendo á musica popular o seu cunho absolutamente caracteristico... ".

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Fonte: Diário da Noite, de 26/02/1930.